Um novo amante

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Hermíone olhava da janela do seu palácio para as casas uma sobre a outra, na cidade de Epiro. Naquele momento ela conseguia dar um pequeno sorriso interior por ser rainha de tudo aquilo. Mas, Hermíone logo procurou fugir daquele pensamento. Porque pensar sobre sua vida, não importo o aspecto que escolhesse, sempre a deixava angustiada.

"Eu trocaria tudo isto para estar do lado de um homem que me amasse. " Então, Hermíone se lembrou de que a poucos dias Neoptoleno havia sido muito carinhoso com ela. Ela mudou a frase: " Eu trocaria tudo isto para estar do lado de um homem que eu amasse ...Talvez, eu nem mesmo precisava de um grande amor. Queria muito estar perto do meu pai, me sentindo uma criança no abraço dele. Amo você pai. Nunca vou esquecer do que aquela mulher fez com você. E, sinto muito por não ser a pessoa que você gostaria."

Hermíone se virou para dentro do quarto e viu o "velho". Demóstenes estava sendo introduzindo em seus aposentos por sua escrava. "Como seu pai ficaria se soubesse que ela tinha tido tantos amantes? Hermíone não queria nem imaginar a possibilidade de seu pai descobrir algo sobre isto."

"E, se tudo fosse diferente? E, se eu tivesse escolhido outro caminho, se tivesse ouvido Andrômeda?" Mas, não havia mais esta opção. Hoje Hermíone só via um caminho a sua frente: " Justiça". Hermíone juntaria todas as forças que ainda possuía para se vingar de Helena, ou a vingança se voltaria contra ela mesma. Sim, Hermíone sabia que não suportaria viver num mundo onde Helena caminhava ilesa. Hermíone se via colocando fogo no seu corpo inteiro, só para chocar a mãe faze-la entender o mal que ela havia feito.

– Majestade, minha nobre rainha, honrada em Esparta, venerada em Epiro, trago boas notícias. – o "velho" falava com ela.

Hermíone não respondeu. Mas, no fundo se agradou com o tom de voz que Demóstenes. " Eu sou uma vadia, e ele continua me tratando como uma rainha. Porque ele faz isto? Será que realmente me ama? "

– Majestade, sinto que minha rainha guarda receios em relação a nosso planos. Mas, pode descansar seu espírito. É um plano que nunca ninguém tentou, mas não tem como falhar. E eu já adquiri os 7 escravos que precisava para concretizar o plano: 4 homens e 3 mulheres.

Hermíone se admirava de Demóstenes, ele falava com tanto respeito que ela quase se esquecia de que tinha ido para cama com ele. Demóstenes tinha o cabelo de cor acinzentada, com poucos fios brancos tanto no cabelo como o na barba, os olhos tinham marcas da idade, mas era forte e bonito. E, estava cooperando com seu plano de uma forma surpreendente. Na verdade, Hermíone não sabia se teria forças para ir em frente, não fosse à disposição de Demóstenes. Hermíone adentrou o quarto e se sentou no kline.

– Precisa apenas de 7 escravos para concretizar nosso plano?

– Sim, 7 escravos serão suficientes para a primeira fase do plano. Eu selecionei os escravos cuidadosamente, tenho certeza que em 1 mês estarão prontos para as performances. Mas, vou treinar os escravos, ainda no caminho para Helos. Depois, com os recursos vindos da administração do palácio vamos comprar mais escravos. O que pode dar errado? Logo trarei os escravos para apresentarem a minha rainha a sua performance.

Hermíone reclinou-se no kline e olhou para o teto. O plano era um tanto quanto louco, mas tinha que ser assim, quando se tratava de um plano para tratar uma louca. Na primeira parte do plano Demostenes, o ator, iria a Helos, se passaria por sacerdote e entregaria um presságio a Helena: Ela devia se mudar para o monte Megali onde os deuses desejavam que ela se dedicasse como sacerdotisa. Além disso, Demostenes devia convencer Helena a colocar Círios como administrador de seu novo palácio, "templo". Helena partiria para o monte Megali, e seu pai estaria livre. A partir de então, o plano era, de certa forma simples: prender Helena em sua própria teia de loucuras com auxílio dos atores. Estes atores, representando pessoais reais, convenceriam Helena de que ela realmente era uma sacerdotisa e que tinha poderes divinos. Com Demostenes controlando todos estes atores, Hermíone teria sua mãe nas próprias mãos.

– E os escravos de sua mãe? – Demóstenes perguntou – Acha que eles podem criar algum problema?

– Não, não acho. Nenhum dos escravos de Helos gostava de Helena.

– Mas, talvez algum escravo interesseiro queira aproveitar a situação, e ir contra os nossos planos pensando que pode obter alguma coisa. Se nos prepararmos contra isto estaremos seguros.

– Sobre os escravos de Helos devia conversar com Trífone. Ela conhece melhor os escravos e poderia te dar informações mais seguras. Não converse com Graazi, não confio nela.

– Sim, vou falar apenas com Trífone. Será que posso tratar com ela agora mesmo?

– Espere ...

Hermíone examinou Demostenes se perguntando se o desejava novamente. Não, não naquele momento. Demostenes não demonstrava que a amava. Talvez sentia-se grato por que Hermíone havia devolvido sua auto-confiança. Demostenes havia dito que deste que foi traído e abandonado pela a esposa, ele nunca mais achou que pudesse ser feliz com uma mulher. Certamente deitar-se com a rainha o fez se sentir mais seguro como homem.

– Pode ir, Demóstenes. Pergunte a Gláucia onde está Trífone ela vai leva-lo ate ela.

Demóstenes saía, Hermíone se sentia satisfeita por não ter convidado o velho para ir a cama novamente. Demostenes não a amava, era apenas um lacaio fiel a sua rainha, e era assim que ela o trataria. Demostenes não tinha a força de Tértulo. Não tinha nem mesmo a ousadia de seu primeiro amante, aquele com quem ela havia perdido a virgindade.

" Seu primeiro amante" Hermíone lembrava "costumava dizer que a amava.Será que ele ainda se lembrava dela? Ou já havia se esquecido? A princípio aquele amante havia feito tanto para ajuda-la a fugir do casamento, e quando tudo havia dado errado, ainda assim, ele havia prometido que iria atrás dela. Mas, agora já faziam mais de 6 meses que tudo havia acontecido. Ele já devia ter se esquecido dela. Ela mesma não se lembrava do nome dele. E se um dia ele aparecesse com um plano de liberdade mostrando que realmente a amava?"

O pensamento todo era atraente, mas era difícil acreditar que um escravo podia fazer algo para liberta-la de Neoptoleno. Se Tértulo não pode fazer nada, nenhum outro escravo podia. Era melhor não esperar tanto, nem em homens, nem nos deuses. Hermíone tinha que usar tudo que possuía para conquistar a liberdade por si mesma.

Hermíone correu até a lâmpada que estava em cima da mesa, a lâmpada estava quase apagando, apesar e ainda ter uma gota de óleo. Hermíone tomou a chama da lâmpada, e mais uma vez usou fogo para e usou para esquecer das dores que consumiam sua alma. Quando sua pele começava a arder com o calor da lâmpada Hermíone se sentia forte.


A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora