Passos inseguros

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Tércio deu mais um passo. O longo a corredor escuro estava a sua frente. A luz de uma pequena da lâmpada, que estava na parede, iluminava pouco. O corredor era muito diferente no escuro do corredor que Tércio via todo dia. Não havia a agitação dos escravos passando por ele. Só o vazio e a escuridão que destacava o som de cada passo e da sua respiração.

Tércio caminhava olhando para as portas que estavam a sua esquerda. Também havia portas a direitas, eram passagens que levavam a parte nobre do palácio. Mas, a maior parte das portas estavam à esquerda, marcando a entrada para os ambientes de trabalho dos escravos: a sala dos teares, a do forno de pães, a sala onde moíam o trigo...

Tércio olhava as portas. Ele esperava não ser surpreendido pelo soldado que devia estar ali, em algum lugar, vigiando tudo. Mais alguns passos, mais algumas portas. O soldado, finalmente o soldado: de pé com as costas na parede. E, ele está dormindo. Tércio caminhou de forma mais silenciosa, atravessou o soldado, e se afastou. "Naala, agora acredito que os deuses estão com você. Tudo está mais fácil depois do seu sonho."

Tércio desceu alguns degraus. Neste ponto o corredor ficava mais estreito. Enquanto descia uma pergunta se repetia na sua mente.Para quem devo contar sobre o sonho de Naala? Tércio sabia que precisava de outros aliados.

Para Andrômeda, sim... Ela é uma princesa troiana. Se falasse sobre o sonho para os outros troianos todos acreditariam nela.

Não, não... Tértulo sempre prestou atenção em Andrômeda. Diône? Diône seria perfeita para nos ajudar. Ela poderia facilmente enganar Tértulo, e esconder qualquer pista da nossa revolta. Mas, ela ama Tértulo. Não o trairia. Mas, se Tértulo a traísse? Ah, não é tão difícil assim trazer Diône para o nosso lado!

Tércio virou para a direita, passou por um pequeno corredor, e logo chegou a um corredor maior, e que já possuía os encantos de um palácio. Era o corredor que saía do átrio e levava para o salão do banquete. As paredes eram rebocadas, e pintadas com cal. A mobília e os vasos que estavam no corredor também eram belos.

"Talvez uma menina, Tértulo desconfiaria menos de uma menina".

Lena? Tértulo desconfia da escrava que tem a cicatriz de espada, acha ela perigosa, "tem raiva dos homens", ele disse. Stesha? Tértulo disse que é muito impulsiva para ser controlada...

Tércio já estava na porta do salão do banquete quando mais uma ideia surgiu em sua mente.

Nephele? Não, não. Tem que ser um homem... Os troianos não ouviriam uma mulher, além disso, Naala já é uma mulher... Que bom que Tértulo não desconfia dela. Meiga e desastrada: é tudo que Tértulo vê em minha irmã. Ah, os deuses acertaram em escolher Naala, ela está acima todas as suspeitas de Tértulo... E, por outro lado recebe certa admiração dos troianos, veem nela uma espécie de dom divino. Sim, tudo mudou desde aquele dia em que Aristeu enviou Naala até o rei e ela conseguiu responder todas as perguntas dele sobre os números.

Os pensamentos rodavam na mente de Tércio enquanto ele rodava a chave no buraco da fechadura. Queria fazer tudo em silêncio, mas a ansiedade impedia de se concentrar na chave.

Tércio empurrava vagarosamente a porta, agora ele interrompia os seus pensamentos para reparar o ranger da porta. Ninguém podia ouvir, ou isto custaria caro.

Tércio viu surgindo diante de si o salão do banquete. Vazio, completamente vazio. Não havia ali os leitos, as mesas com iguarias. Só o vazio no meio do escuro. Tércio estendia a lamparina para alumiar o local. Ainda havia alguns vasos ali, mas os leitos e as mesas foram levados. E alguns estavam amontoados no lado esquerdo, no escuro do salão do banquete.

A Herdeira de Tróia: a dimensão oculta do poderOnde histórias criam vida. Descubra agora