Indiferenças

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E aquele banheiro fedia muito, mas era o único lugar em que queria ficar no momento.

E aqueles olhos, aqueles olhos escuros e castanhos que olhavam os meus, vazios e quase sem cor. E seus lábios, alcançando os ritmos dos meus, tinham o gosto da mais pura menta contra o gosto mais sem graça.

Sem graça.

Era como eu me sentia no momento. Bato minha cabeça severamente contra a porta fraca do banheiro. Como pude ter sido tão estúpida. Me sentia como se toda minha reputação tivesse se auto desmoronado. Passos são escutados pelo chão rangente da sala do apartamento.

-O que aconteceu ali?-Ouço Julia perguntar.

O que havia acontecido ali. Aconteceu que eu perdi meu controle e beijei o garoto completamente oposto de mim, em todos os sentidos. Mas o pior, é que eu tinha gostado. Calum é quem me parou, ele percebeu o ato de loucura que eu havia cometido.

Mas foi só um beijo. Escuto minha consciência angelical sussurrar em
meu ouvido.

-Eu não sei. Tenho que ir.-Escuto Calum respondendo e seguidamente, em passos fortes, saindo do apartamento porta a fora.

Minha ação, ao invés de alívio por ele ter saído, era de raiva. Eu não iria aceitar nem por mais um segundo ser o motivo de Calum se embebedar totalmente e depois trazer outra garota para casa e tratá-la como lixo.
Abro a porta abruptamente, passando por Julia, Ashton, Jackie e Michael, com passos firmes e quase bufando de raiva. Quando alcanço Calum, dou um tapa em seu rosto.

-Aparentemente a nossa relação é literalmente entre amor e ódio.-Ele diz colocando a mão no rosto, bem no local onde tinha o agredido.

-Você não vai a lugar nenhum! Não vou aceitar você ir ao bar outra vez e pagar de idiota!-Grito contra ele sem nem pensar no que estava dizendo.

-Desculpa princesa, mas não fui eu que corri direto para o banheiro depois de ter te beijado. Eu posso fazer o que eu bem quiser, até porque você não é nada minha de toda a forma.- Ele responde, e suas palavras cortam mais fundo que uma faca. Ele se vira continuando seu caminho até sua moto, e começo a bater em suas costas. Ele me olha como se fosse um animal raro e segura meus pulsos a tempo de eu bater novamente nele.

-Quer parar! Dessa vez quem quer paz sou eu.

-Você é um completo canalha, você sabia?! As garotas pelas quais você usa por uns minutos e depois as jogam fora, são filhas de pais! Como você se sentiria se sua filha fosse tratada dessa forma?!

-É bom que a minha filha não saia por aí abrindo as pernas para qualquer um, agora volta para casa.

-Você não me diz o que fazer!-Grito sem mais controle nenhum das minhas palavras, eu estava percebendo que estava perdendo na discussão.

-Pois você também não!-Ele grita de volta. Dou um empurro nele, e depois começo o bater severamente em qualquer parte de seu corpo que ficava em minha frente, e lágrimas começavam a escapar de meus olhos.

Calum joga seu casaco de couro e o capacete da sua moto no chão e pega meu rosto, suas mãos mornas e macias, e então me beija, dessa vez com mais firmeza. Meu descontrole automaticamente para e meus braços caem ao lado do meu corpo. Tento não beija-lo de volta, mas Calum no momento tinha total controle sobre mim, e sem nem pensar em mais nada, meus braços voam em volta de seu pescoço e meus dedos se misturam com seus cabelos castanhos.
Calum segura em minha cintura e me puxa para mais perto de si. Minha respiração ficava cada vez mais pesada, mas nada conseguia me parar.

-Calum...-Digo entre o beijo, mas Calum me puxa ainda com mais firmeza para perto de si.

-Só não estraga o momento por favor.-Ele também diz. Ele segura meu rosto e me olha diretamente em meus olhos. Ele se prepara novamente para beijar-me, mas quando nossos rostos ficam a aproximadamente um centímetro de distância, escutamos um copo de plástico cair em um pequena distância ao nosso lado.

Stay - Love isn't always perfectOnde histórias criam vida. Descubra agora