Roses

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POV's Calum

*15 anos atrás*

Mesmo com o suor em seu rosto e o salto em sua respiração, ela não parecia doente. A sua pele não tinha aquele brilho rosado ao qual eu estava acostumado, e os seus olhos não eram tão brilhantes, porém ainda estava linda. A mulher mais linda que eu já vi.

Sua mão caiu fora da cama, e o seu dedo se contraiu. Meus olhos se arrastaram de suas frágeis, amareladas unhas, para o seu braço fino, até o seu ombro ossudo, finalmente se estabelecendo em seus olhos. Ela estava olhando para mim, suas pálpebras mal abertas, apenas o suficiente para me deixar saber que ela sabia que eu estava lá. Eu amava isso nela. Quando ela olhava para mim, ela realmente me enxergava.

Ela não simplesmente olhava através de mim para as outras dezenas de coisas que precisava fazer durante o seu dia, ou apenas se desconectava das minhas histórias estúpidas. Ela escutava, e isso a fazia realmente feliz. Todos pareciam afirmar com a cabeça sem ouvir, mas não ela. Nunca ela.

-Calum.- Ela disse com a voz rouca.
Ela limpou sua garganta, e abriu um sorriso genuíno.
-Vem cá, querido. Está tudo bem. Vem cá.

Papai colocou alguns dedos na base do meu pescoço e me empurrou para a frente enquanto escutava a enfermeira.

Papai a chamava de Becky, ela entrou em casa pela primeira vez há poucos dias. Suas palavras eram suaves, e o seu olhar era gentil, mas eu não gostava de Becky. Eu não conseguia explicar, mas ela estar lá era assustador. Eu sabia que ela devia estar lá para ajudar, mas não era uma coisa boa, mesmo que o papai estivesse okay com a ela.

A cutucada de papai me empurrou alguns passos para frente, perto o suficiente para onde mamãe pudesse me tocar.

Ela esticou os dedos longos e elegantes, e roçou meu braço.

-Está tudo bem, Calum.- Ela sussurrou.-Mamãe quer lhe dizer uma coisa.

Ela usou o que restava de sua força para deslizar para mais perto de mim, então ela respirou fundo.

-O que eu vou pedir vai ser muito difícil, filho. Eu sei que você pode fazê-lo, porque você já é um menino grande.

Eu balancei a cabeça novamente, espelhando o seu sorriso, mesmo que eu não quisesse sorrir.
Sorrir, quando ela parecia tão cansada e desconfortável não parecia certo, mas precisava ser corajoso para fazê-la feliz.

Então eu fui corajoso.

-Calum, eu preciso que você ouça o que eu vou dizer, e ainda mais importante, eu preciso que você se lembre do que vou dizer. Isso vai ser muito difícil. Eu venho tentando lembrar de coisas de quando eu tinha três anos, e eu ...- Ela parou por um instante, transmitindo em seu rosto uma expressão de dor.

-Precisamos que seja forte, Joy.- Becky disse, empurrando uma agulha no braço da minha mãe.

Depois de alguns minutos, mamãe relaxou. Ela respirou fundo novamente, e tentou de novo continuar o que ela vinha falando.

-Você pode fazer isso pela mamãe? Você pode se lembrar do que eu vou dizer?- Eu balancei a cabeça de novo, e ela levantou a mão para a minha bochecha.

Sua pele não era muito quente, e ela só poderia manter sua mão ali por alguns segundos antes que ficasse instável e caísse na cama de novo.

-Primeiro, não há problema em ficar triste. Não há problema em sentir coisas. Lembre-se disso. Segundo, seja uma criança durante todo o tempo que puder. Brinque, Calum. Seja bobo- Seus olhos começaram a se embaçar com lágrimas.

Minha cabeça balançava para cima e para baixo, desesperado para agradá-la.

-Um destes dias você vai se apaixonar, filho. Não se contente apenas com qualquer uma. Escolha aquela garota que não venha fácil, aquela que você tenha que lutar, e nunca parar de lutar.
-Nunca... - Ela respirou fundo -Pare de lutar pelo que você quer. E nunca...- suas sobrancelhas se juntaram - Esqueça que a mamãe ama você. Mesmo se você não puder me ver. - Uma lágrima escorreu pelo seu rosto - Eu irei sempre, sempre amar você.-

Stay - Love isn't always perfectOnde histórias criam vida. Descubra agora