Não que seja normal você acabar de saber que estava sendo vigiada por alguém que pensava estar ajudando. Mas sinceramente... Eu acho que já desconfiava que Kate queria me entregar pata a morte em vez de me ajudar. Não, eu não pensava que quem poderia me ajudar era o Pianista... Afinal, me ajudar em que? Ele não era uma simples criança?
Suspirei. Rachel no canto da sala, sentada no sofá, tinha deixado o livro que carregava cair e olhava para a parede com expressão agitada. Logan estava fazendo aquela cara de confuso mais fofo ao mesmo tempo. Douglas mantinha a cabeça baixa, sem dizer nada, e Luke parecia prestes a tomar a palavra, quando Arya soltou uma exclamação baixinha e levantou, cambaleante, pegando um cartão em cima da mesa. Com senso de humor, vi que era um cartão de um psicólogo.
Sorri um pouco, logo voltando a expressão séria.
- Posso gritar agora? - Lolla pediu, branca. Curvei os lábios, levantando e subindo as escadas.
Luke disse:
- Olha, agora que a gente sabe que tem gente querendo matar a Sam e que está do lado dela, acho melhor a gente não desgrudar dessa maluquinha - Disse, rindo, quebrando um pouco o gelo.
Eu não estava rindo.
Entrei no quarto de Lolla, atravessando o mesmo e parando em frente à sacada dela.
Sai, segurando no parapeito do lugar. Eu via casinhas e as luzes da rua iluminando o pedaço de chão. As luzes que saíam das janelas da vizinhança, as estrelas e a lua dançando em harmoniosa canção da noite, com cigarras e grilos cantando nas gramas.
Suspirei, segurando na quina da sacada, subindo no parapeito, tomando cuidado para minha bota não escorregar e me levar para um possível tombo.
Tomando impulso para cima, subi até o telhado, me erguendo totalmente, e sentando de frente para a cidade silenciosa, batendo minhas mãos levemente para tirar a mínima sujeira que ficou quando subi.
Curvei os lábios para o lado, apoiando a cabeça na mão, me sentando de pernas cruzadas, estilo índio.
Ótimo, eu tinha uma amiga fantasma que me entregava para Alyce. E eu não poderia fugir dela, claro. Como fugir de fantasmas?
Pelo menos, o tal Pianista não era mau. Eu que não quero ser inimiga desse cara. Do jeito que falam dele...
Mas... E Taylor? Boa ou má?
Bufei. Eu já não sabia mais de nada. Essa era a verdade.
- Ah, não exagere tanto. - Ouvi uma voz doce e ao mesmo tempo cítrica ao meu lado direito. Por um momento de terror, achei que fosse Kate, mas me virei para ter certeza. Taylor olhava para a cidade, tranquilamente ao meu lado. Seus cabelos eram dourados, iguais aos meus. Olhos marrons, a pele branca, mas ainda considerável. Vestia um vestido branco com algumas rendas pretas. Parecia ter envelhecido alguns anos. Parecia ter vinte anos agora.
Franzi os lábios.
- Então, você vai parar com jogos e vai falar logo se está do meu lado ou não? - Perguntei. Acho que soou mais grossa do que deveria, pois a fantasma se retraiu um pouco.
- Bem, eu diria que estou do lado da vida, agora. - Ela Disse, com um sorriso raso. - Então... Talvez eu esteja do seu lado. Não gostaria de ver minha irmã matando mais uma pessoa - Falou, mexendo na borda do vestidinho.
¶Narrador¶
Sam curvou a boca levemente para o lado, puxando as pernas para si e apoiando o queixo nos joelhos, olhando para o céu.
- Então você foi mesmo morta por ela. - Sussurrou baixinho. Taylor demorou um pouco para responder.
- Se eu te contasse tudo agora, Sam, as coisas iam ser diferentes. Mas tudo está se encaminhando do jeito que deve estar. Fui morta por ela. Jogada da escada - Disse, erguendo um ombro - Eu não prestava atenção... Ela simplesmente me empurrou - A voz chegou a tremular, dando um especto diferente para a a fantasma. Depois ela suspirou, parecendo voltar ao normal. - Eu não queria pensar nisso.
- Mas eu preciso pensar nisso. Talvez ajudaria muita coisa - Samantha olhou para ela, de um jeito insistente.
Bufou levemente, olhando para o chão, e por fim disse:
- Sou irmã adotiva de Alyce. Quem me adotou, foi o pai dela. A mãe me odiava, e ela passou a me odiar também. Ciúme, inveja... Tudo serviu para ela ter mais raiva de mim. O pai dela morreu, a mãe também... E no fim ela me matou. - Disse. Sam pensava que era impossível fantasmas chorarem, mas não era assim que via agora.
A morena abaixou o olhar para as mãos, e soltou o ar.
- E... Onde ela te enterrou? - Perguntou.
- Eu não fui enterrada. - Respondeu secamente - Fui... Emparedrada - Disse, e tamborilou os dedos freneticamente na laje. Se levantou, avisando:
- Preciso ir. Não seja tão grossa com pessoas que querem se reaproximar de você - Taylor disse apenas. E foi ficando mais transparente aos poucos, deixando Sam mais confusa.
Demorou um pouco para expressar qualquer reação, e já iria sair, mas parou, ouvindo alguém subir onde estava. Se remexeu, nervosa, sentando estilo índio novamente, esperando para ver quem aparecia. Para sua surpresa, Logan subiu, de cabeça baixa, sem olhar para ela, e foi sentar ao seu lado, em silêncio. A garota não emitiu nenhuma reação, apenas se afastou um pouco para o lado. Depois de alguns segundos em silêncio, Logan dirigiu um tímido cumprimento para ela:
- Oi. - Sem olhar para ela, continuando fixar o céu com o olhar. A lua teimava em aparecer, expulsando as nuvens. Samantha relutou um pouco ao responder, mas lembrou das últimas palavras de Taylor antes de sumir.
- Olá - Respondeu, fracamente.
Logan olhou pelo canto do olho para ela, brincando com os próprios dedos. Apoiou as mãos na laje, mais à vontade, e disse:
- Eu sinto muito pelo que aconteceu na sala. - Franziu os lábios em um sorriso fraco.
- Eu também sinto, não preciso de você dizendo isso. - Respondeu automaticamente, com a voz grossa. Depois parou, percebendo o que disse.
- ...Desculpa - Arriscou - Eu... Estou nervosa - Deu qualquer desculpa, fazendo uma careta. Logan assentiu, balançando o pé levemente.
- Tudo bem - Respondeu em um suspiro. - Eu posso... Te ajudar? Quer dizer... Qualquer coisa que eu puder fazer, tentar... Servir para alguma coisa. - Disse. Sam se virou para ele.
- Quem mandou você... - Se interrompeu de novo. Ele estava tentando ser legal. Estava tentando ser amigo dela de novo. - Ok. Se eu precisar da sua ajuda, vou cobrar - Tentou melhorar, dando um pequeno sorriso. O outro se virou para ela, e por alguns segundos apenas ficou encarando seu rosto. Depois sorriu. Seus olhos azuis quase chegavam a brilhar no escuro que a noite já fazia ficar.
- Pode cobrar - Deu um riso fraco - Farei de tudo para ajudar - Sorrindo, se virou para a frente.
Sam sorriu um pouco, logo corando levemente. Faria de tudo para ajudar... Como no começo... Quando ele levou o tiro por ela.
Aumentou o sorriso um pouco mais, suspirando e limpando a mão, se levantando. Virou para ele, lhe estendendo a mão.
- Vem, seu chato - Disse, entre um sorriso. O rapaz olhou para ela, sorrindo e balançou a cabeça, pegando a mão dela, se levantando.
Ambos desceram, se juntando com os outros no sofá.

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Tem alguém aí? - Volume 2
Horror[Olá! Primeiramente, se você não leu o livro um, aconselho a le-lo, para melhor entender a sequência. A primeira história se encontra no meu perfil.] Havia monstros em todos os lugares. Nada estava seguro. Samantha já não sabia muito bem onde aquilo...