Quem te ouve melhor

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A casa dele estava com um aspecto normal. Como da última vez que eu tinha ido ali.
Tudo bem, eu me encolhi MUITO quando passei pela rua. A cada da Alyce era a da frente. Tudo poderia acontecer de todas as formas ali, não importava como.
Ele praticamente me obrigou a me sentar depois da minha milionésima tossida. Ele também tossia, mas menos.
Vi o rapaz voltar da cozinha depois de alguns segundos, me trazendo um copo de agua e me dando na mão, em silêncio. O peguei, bebendo o que tinha me dado, sem perceber minha confiança sobre o mesmo.
A casa estava vazia.
- Sua mãe ainda está no hospital? - Perguntei, erguendo os olhos.
- Não sei quando volta - Respondeu somente, franzindo os lábios, se sentando do meu lado. Eu concordei um pouco depois.
- E você está bem? - Bebi mais agua, tentando tirar o seco da minha garganta.
- Melhor. - Soltou meio sorriso. Era visível que ele estava desconfortável, afinal. Ah, eu mesma estava. Era impossível olhar para ele e não pensar em quando ele apontou uma arma pra minha cabeça.
Ok, como seria o fim daquele dia? Eu iria voltar para a casa da Lolla, a mãe dela iria surtar...
Eu já sentia falta da Arya. Estava acostumada com a presença dela  a hora do meu lado, e agora... Parece que tudo está vazio do meu lado. Tem alguma coisa faltando.
**

Samantha não imaginava a angústia de Arya. A garota que a tinha sonhos frenéticos, sustos e ouvia sussurros pelos corredores dos lugares que passava, via tanta coisa em silêncio, nada sairia de sua boca. Nunca, ela nunca contaria, estragaria os dois lados da moeda.
Ela também já sentia falta de Sam, Lolla, e igualmente não sabia o que acontecera em tão pouco tempo em que saiu.
Suspirou, se segurando para não começar a chorar de uma vez, olhando para o chão que estava sentada. Teria que fingir que eram a família feliz? Sair saltitando pela casa depois de arrumar suas roupas nos armários de seu quarto? Não, não conseguia fazer aquilo de novo, não depois de tudo piorar. Seus amigos de antes? Não ligavam mais para suas maluquices, nem a procuravam mais. Ela só conseguiu achar abrigo com Sam, e Luke.
Não estava com fome. Não ia comer. Sabia todos os passos que seus antigos amigos estavam tendo naquele exato momento. Sabia exatamente que seu pai estava novamente discutindo com sua mãe, sabia que não queria aquele irmão. Sabia que a escola era a cada do demônio e o berço de Alyce, ninguém nunca estaria seguro ali. Ninguém era confiável.
Se levantou aos poucos, indo para as malas. A nova professora, Arya sabia, não era ninguém mais, ninguém menos que a tia louca do orfanato de Sam. C... Claridina? Talvez. Mas não haviam dúvidas.
Sabia que a mãe da Lolla era gananciosa, faria de tudo, TUDO, para ter dinheiro.
Mesmo que fosse trair a própria família.
Samantha não estava segura em lugar nenhum, e não era só aquilo.
**
Agatha atraí a corvos.
Gosta de andar pelo cemitério em frente a sua casa. Mortos as vezes, sabem muito bem ouvir melhor que os vivos, eles ficam em silêncio, apenas absorvendo sua angústia, rindo de maneira esquelética da sua tristeza, como se jogasse na sua cara, que não tinham mais preocupações como as suas.
A garota adorava aquela arrogância. Por pouco, não os desenterra, para poder falar com eles melhor.
De nada adiantaria, ela sabia afinal. Mas ficar ali, especialmente naquela noite de... Fumaça, era confortável.
Fumaça.
  Agatha sorriu ironicamente.
  A vida era estranha de mais para se viver em um só dia.
- E vocês? Como é não ter ar puro, seus idiotas? - Perguntou para o nada, sentada em cima de uma cova. Ela fez um muxoxo. É claro, não havia resposta.
Passou os olhos pelo cemitério novamente. Observar o lugar onde a morte reinava, sempre fascinou Agatha.
O protão de ferro negro, estava fechado. Ela não ligava, todos acabariam fechados em um cemitério, só que em baixo da terra, não faria diferença.
O céu já estava mais escuro, deixando apenas uma lâmpada acesa  entrada do lugar. A outra estava quebrada.
- ... Mary brigaria comigo se me visse aqui - Agatha sussurrou, cruzando os tornozelos, apoiando a mão em cima da cova com um meio sorriso.
Em seus pulsos, ainda se viam cortes. Ela não os cortava porque sofria, cortava porque gostava de ver sangue. Gostava de sentir seu sabor, que de tanto provar, virou doce.
As roupas não eram muito pensadas, ela não ligava para aquilo. Não ligava para a maioria das coisas que pessoas normais ligavam.
Agatha também sabia de tanta coisa... Talvez até mais que Arya.
Mas ela não ligava também.
Poderia avisar a Sam? Poderia. Nada se voltaria contra você, quando você já é voltada contra todo o mundo antes.
Mas ela não era assim. Sentia muito, mas já sentiu dor. Já chorou. E as vezes, aquilo era mais importante que sorrir. A pessoa aprenderia, e com sorte, aos poucos, deixaria de lado.
Os pais dela, praticamente pediram a morte. E ela teria o mesmo destino do irmão, se apenas fosse uma criança.
Como ele era...
Ho, que pesadelo terrível!
Tudo seria tão fácil se aquilo não tivesse acontecido!
Agatha admitia, sorria e chorava ao mesmo tempo toda a vez que via aquela historia se desenrolar.
Mas era inevitável.
O garoto do piano sabia bem daquilo. Poderia fingir que era uma criança feliz o quanto quisesse, mas nada mudaria. Nada mudaria o fato de que ele fora morto.
Apenas uma criança.
**

Ai pessoinhas <3
Não demorei pra postar, tá vendo?
Então... Obrigada a todo mundo que me perguntou o que que tava cunteseno e tals...
Eu não disse nada pra você, talvez eu... Hm... Possa dizer?
Ou não sei, pensar em dizer, haha
Talvez poucos de vocês entendam. É uma coisa que nunca vai acabar, sempre vai ficar comigo, eu querendo ou não...
E o problema é que eu quero, eu não quero me afastar da... Minha melhor amiga. Ou... Minha ex melhor amiga, não sei. Ah, já deu pra sacar, né?
Ééé, eu fiz burrada e perdi minha melhor amiga, foi isso que aconteceu. Eu estou bem, na verdade...Estou tentando ficar bem, lutando com minha vontade de não querer mais escrever. Porque, porra, eu conheci ela aqui, e tudo aqui, me lembra ela. Até essa história me lembra, ela, você não fazem ideia, eu nunca fiquei tão... Mau quanto estava, estou, etc...
Eu tive todas as chances do mundo para ficar mau, eu tinha todas as chances do mundo para odiar viver, tanto por problemas familiares, como por emocional, mas... Eu admito, nada está me desregulando como isso. Se você um dia perdeu sua melhor amiga, Jesus, eu tenho dó de você, porque porra, é foda. E é mais ainda, porque você sabe que não pode fazer mais nada, por mais que você queira, por mais que queira falar algo mais, nada vai adiantar, você não vai conseguir mais nada. Acabou, oras, você perdeu para sempre tudo que fazia você sorrir, parabéns!
Sim, ela era muito importante para mim, isso não é nem um terço do que eu queria realmente falar. Mas eu preciso dizer, escrever, fazer qualquer coisa pra me sentir mais perto dela, mesmo sabendo que tudo que eu fizer, sempre vai ser imaginário, um "oi" dela, não vai ser real.
Mas... Obrigada pra quem perguntou, se preocupou, isso que aconteceu, minha vida acabou ^^ Só isso.
Até mais, galera 0/
Boa noite
E bom dia pra você ai, que eu sei que ta lendo, e mesmo já sabendo de tudo que eu escrevi, não vai mudar nada.

Tem alguém aí? - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora