Seqüestros

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Acordei assustada e horrorizada ao mesmo tempo. Senti meu rosto sendo respingado por água. Ergui os olhos para a janela de vidro aberta, no qual pingava uma leve chuva fina e gelada. Vi que a minha coberta se encontrava respingada, igualmente o sofá.
Resmunguei baixo, sentando e fechando a janela, parando com a invasão da chuva na sala.
O céu já claro e nublado, parecia triste. Alguns pássaros piavam solenemente a cima da do telhado, anunciando o começo do dia.
Me virei para o colchão de Arya, vazio. Ela provavelmente já tinha levantado, mas para meu favor, não fechou a maldita janela.
Suspirei e sai de cima do sofá, indo para a cozinha, apertando meu fino casaco de dormir contra o corpo.
Sentei na cadeira da mesma circular, olhando a toalha bordada com flores amarelas e contornadas com preto.
Arya chegou tropeçando nos próprios pés.
- Sam! Já acordada? - Perguntou, bocejando. Acabava de voltar do banheiro do jardim de fora. Sorri levemente.
- Aham.
- Você está branca. Pelo amor de Deus, não está com dor de garganta, de novo, né? - Perguntou, com um sorriso de canto - Porque se tiver, amoxilina está descartada para você.
- É, eu sei. Não, estou bem. Na verdade só... Tive um pesadelo.
- Como?
- Ah, é... Complicado. Não consigo explicar.
- Não consegue ou não quer?
- É... Não quero. - Respondi, sorrindo um pouco. A garota assentiu.
- Tudo bem, entendo. Você vive tendo pesadelos. Já pensou em se benzer, best máster? - Perguntou, puxando um pedaço de pão da sacola que estava em cima da mesa.
Ri alto. Best Máster?
- Não, não pensei - Disse entre risos - E você é muito criativa com nomes. - Falei, balançando a cabeça. Arya fez pose de maioral.
- Hey, quero te levar para conhecer uma amiga - Falou sorrindo - O nome dela é Rachel. Ama livros. Você gosta de ler...?
- Amava e tinha uma estante cheia deles, mas tudo virou cinzas - Falei, com tédio, levantando e pegando um cupcake na sacola que eu tinha separado.
- Ah... Mas nunca mais comprou livros?
- Bem, seria meio pertubador se eu falasse issoo para Alyce: Ah, espera, abaixa a arma um pouco ai que eu vou na livraria comprar um livro. - Ri. Arya me olhou como se eu tivesse acabado de lhe dar um soco.
- É oras! Não? Eu iria fazer isso. - Encolheu os ombros. Ri alto, abrindo meu cupcake.
- Hey, você nunca mais foi ajudar a doidona da diretora, né?
- Não. Ela... A última vez me tratou de um jeito estranho.
- Tipo?
- Falou de bailes comigo.
- Ah. Normal. - Fez um muxoxo. - Vai com quem naquela bagaça? - Perguntou, pegando um copo e colocando suco de laranja dentro.
- Eu nem vou - Falei, desinteressada.
- Se quiser, te empresto o Luke.
- Que?! Não, tá maluca? - Sorri, balançando a cabeça.
- Mentira, até parece que vou deixar aquele cara ir com outra pessoa - Riu. - Mas você tem que achar alguém, Best Máster.
- Eu não vou. - Conclui.
- Ah, você vai. Nem que seja com um dos amigos góticos da Lolla, mas você vai.
- Deus me livre.
- Não é assim tão ruim, Best Máster. Você só precisa arranjar um bofe, mas não tão bad boy quanto o Logan, umas camisinhas, e fim. - Ela sorriu.
Eu cuspi meu glacê.
- QUE?! AGORA SIM, VOCÊ ESTÁ MALUCA! - Quase gritei, gargalhando e jogando a cabeça para trás, acompanhada dela.
- Brincadeira. Mas porque não?
- ARYA!
- Zoeira. - Ri mais ainda.
- Mas é sério, aquele baile é depois de amanhã. Arranje alguém para ir, porque não vou ficar com a Lolla. Deus me livre, ser vista com uma nerd! Blas-fê-mia. - Dramatizou.
- Bem, não ligo se é depois de amanhã. Simplesmente não vou. - Dei de ombros.
- Você vai com um dos amigos da Lolla. Pelo amor de Deus.
- Se eu for, vou sozinha. - Arya pareceu se acalmar. Ela não queria que eu não fosse.

***
- Eu disse, é meio longe, mas nada que não se consiga chegar em um dia, ou antes da escola - Arya falou, animadamente.
Eu seguia ela para a casa de sua amiga, Rachel. A garota balançava um guarda chuva a medida que andava, botas de borracha e uma calça jeans. Uma simples blusa branca. Parecia vestida para pular em poças de água.
- Hey, você ficou sumida ontem quando voltamos da escola. Onde você foi? Ver a vovó? - Arya perguntou. Fiz um muxoxo.
- Na verdade, fiquei presa em um presidido. Parece casa da vovó para você?
- Depende... Se for a vó do Bin Laden, quem sabe - Ela sorriu e eu gargalhei.
- Hoje eu acordei com uma... - Arya ia dizer, mas parou, pisando em um jornal jogado no meio da calçada. Eu ia passar reto, mas li:

Tem alguém aí? - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora