Quando eu finalmente vi um fantasma, não era Kate. E por mais que eu tenha desobedecido as ordens da fantasma, eu preferia ver a Kate, do que ver o que eu vi.
Meus tênis pisaram em pedaços de vidros que se encontravam no chão do local. Encarei as paredes sujas e marcadas pelo tempo. Eu já não sabia onde procurar, e simplesmente não conseguia me situar da onde a maldita chave caiu.
Grunhi, batendo o pé, frustrada. Me encostei na parede, bufando. Olhei para o teto. Algumas centenas de correntes de presidiários.Desviei os olhos, erguendo as sobrancelhas. Onde eu fui me meter? Me desvencilhei da parede, adentrando um novo corredor. Mas eu vi, não foi nada de objetos cortantes, musgo e sujeira. Quer dizer, não só isso.
Quando bati os olhos no final do corredor, havia milhões de quadros, cobrindo de cima até em baixo. Confusa, segui para a frente, entrando no escuro.
Ergui os olhos para os outros quadros. Havia milhões de rostos retratados nos objetos. Alguns rostos sorridentes, outros sério e carrancudos. Alguns visivelmente tristes.
Cada vez mais confusa, girei os olhos pelas fotografias antigas em preto e branco, ou em cor desbotada de marrom.
Vários meninos, várias garotas. Todos aparentavam ter menos de dezoito anos. Sim, ninguém que estava nas fotos, tinha mais de dezoito, isso era impossível.
Passei os dedos pelo quadro mais próximo, cheio de pó.
Mas... mas que quadro familiar...
Franzi a testa. Assoprei a poeira do quadro, protegendo levemente meus olhos. Me aproximei mais, encarando a foto borrada. O eco dos meus sapatos deram um som seco e duro pelo chão escuro ro corredor.
Meus olhos cortonaram os quatro cantos do quadro borrado de sujeira.
Era uma adolescente. De fato.
Uma adolescente que eu já tinha visto antes. Mas... era impossível. Aqueles quadros eram mais antigos que minha avó, como eu poderia a conhecer?
Estreitei os olhos, e visualizei um pequeno sorriso forçado, escondido pela sujeira. A pele branca de mais para alguém normal. Um chapéu cobria-lhe metade do rosto. Azul, com rendas brancas em formatos de minúsculas florzinhas.
Os olhos castanhos amendoados e perfeitamente desenhados, seriam lindos se não estivessem tão tristes.
Umedeci os lábios, e ia passar para outra foto, se eu não tivesse escutado uma voz atrás de mim.
Com um pulo, me virei rapidamente, abafando um grito com as mãos, quando vi uma garota bem na minha frente. E não era Kate. E ela não pisava no chão.
Com os olhos arregalados, mordi meu dedo para não berrar.
Os cabelos loiros brilhantes como o sol, a pele agora alva e branca. Os... Os olhos castanhos amendoados.
Gani. Era Taylor, na minha frente. Ela estava com o rosto suave e meigo. Vestida com um delicado vestido branco, com rendas azuis.
Engasguei.- Desculpa, eu não queria te assustar. Mas você estava tão entretida com minha foto, pensando em onde tinha visto essa menina ai, que eu fui atraída pelo seu pensamento. Pensei que nunca mais quisesse me ver. - Ouvi. Mas seus lábios não se mexiam.
Aterrorizada, tentei dizer algo, mas meus lábios não se abriram também.
- Eu tenho tanta coisa para te contar... Mas sei que você não quer ouvir. - Sua voz saia arrastada, áspera e distante, formando um eco relevante pelo presídio.
- Porque uma foto sua está em um presídio? - Perguntei, tremendo.
A garota sorriu levemente.
- Eu diria muita coisa, mas ainda não está na hora de você saber. Por mais que eu queira e espero para tudo o que está acontecendo acabar.
- Você... É do mal?
- Isso, você quem tem que dizer. - Sorriu. Sua imagem começou a ficar desbotada, passando para cinzento, depois para negro. Seus olhos criaram uma sombra misteriosa e cruel. Sua pele se tornou em um tom pálido de morte.A medida que ela foi mudando, eu fui arregalando mais os olhos. De um anjo, ela passou para um demônio.
Taylor sorriu, voltando como era.
- Você caiu em uma grave armadilha, Sam. Deveria prestar mais atenção nas ruas que atravessa. E nos corredores que fica, onde as luzes piscam com força. - Sua cabeça tombou levemente para o lado, seus olhos atravessando os meus.→Sombras do
Mundo novo←- Você... Foi... Vo-cê! - Ela grasnou, com os olhos arregalados. Engoli em seco, olhando sua face indignada, sua mão segurando a garrafa enorme de álcool, e o fósforo na outra.
- Não tive escolha! Fiz isso por nós! - Insisti, estridente. Ela rosnou, horrorizada.
- Eu pensei que você estava com aquele dinheiro todo... por ter trabalhado honestamente! Pensei que você estava evoluindo na vida! Você só regrediu! Você me dá nojo! - Ela berrou, arremessando os objetos em cima do sofá.
- Mas eu...
- Deixou uma garota órfã! É isso que você fez! Vai pagar caro para o resto da sua vida, se não na polícia, mas sim na sua própria consciência! Monstro!
- Eu fiz pensando em melhorar nossa família!
- Em melhorar nossa família e arruinar completamente outra! Você merece algo pior que a morte. Merece queimar no fogo, para a eternidade, sentir o que aquela família sentiu...!Sentiu...
Senti
Sent
Sen
sentiu...→←
◆Arya◆
Frustrada, larguei meu livro em cima da mesa de jantar. Onde aquela garota tinha se metido, de novo? A Samantha só some!
Resmunguei, batendo o pé no chão. Algo me dizia que aquela menina estava em encrenca. Mas tudo ficava mais difícil quando ninguém sabia onde ela estava.
Levantei, puxando meu casaco e abrindo a porta abruptamente.
Sai, o céu azul marinho, misturado com um fio de amarelo, se via claramente o fim do por do sol.
Aspirei o ar puro, e olhei para os lados.
Tossi de leve, pegando a bicicleta e seguindo em direção a casa de Agatha. Talvez ela estivesse lá. E se não estivesse, a menina defunto poderia me ajudar a procurar.
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Tem alguém aí? - Volume 2
Horror[Olá! Primeiramente, se você não leu o livro um, aconselho a le-lo, para melhor entender a sequência. A primeira história se encontra no meu perfil.] Havia monstros em todos os lugares. Nada estava seguro. Samantha já não sabia muito bem onde aquilo...