Onde estão as respostas?

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Dizer que eu gritei e pulei para o lado, é muito constrangedor?
Bem... Eu gritei e pulei para o lado. Fazer o que?! Eu acabei de ver uma morta ali no pátio, eu poderia ser a próxima! E ninguém nunca acharia meu corpo, porque ninguém vai nessa coisa de banheiro para deficientes!
Exagero? Exagero.
Mas era meio impossível eu não ficar apavorada naquela escola, era irritante! Todo mundo levava uma vida normal, porque eu não?!
Espera... Porque eu estou pensando nisso tudo, que não tem nada a ver com o assunto? E até deixei meu susto de lado?
Levei meus olhos relutantes para onde quase cai ao tropeçar, não vendo muita coisa do que uma pequena mão branda e delicada, iluminada pela meia luz que da janela entrava.
... Lucy!
Hã... Eu não sabia se queria ve-lá naquela altura do campeonato. Ela mostrava coisas ruins, eu não tinha certeza se era o que eu queria ver agora.
Franzi os lábios, dando um sorriso sem graça, mas ainsa ainda assim, não me movendo.
"Eu poderia rir de você agora, se eu conseguisse." - uma voz doce. Uma voz de criança bem pequena. Era dela, eu sabia. Não precisaria ser gênio para saber.
- E porque não pode? - Perguntei. Mas meu tom de voz não conseguia... Sair normal. Ele saia, calmo, fraco, como se eu falasse com sono. Estranhei, arqueando as sobrancelhas.
" Você sabe porque não posso" - A voz da fantasma respondeu - "Viu porque não posso." - Ela virou a cabeça para mim, me permitindo ver sua expressão levemente. Era verdade, eu sabia porque ela não podia.
Ela... Morreu enforcada, sem ar. De alguma forma, aquilo prejudicou até no plano espiritual dela, a tirando a capacidade de... Falar. Usar a garganta, rir.
Aquilo era... Assustador. Macabro. Naquela altura, eu sei que não poderia pensar assim. Já havia me visto com tantos outros fantasmas naquela escola, inclusive os que nos olhava agora, só não se faziam visíveis, mas de alguma forma, a ideia de falar com espíritos e ve-los, ainda era assustadora e muitas vezes, perturbadora.
- É, eu sei - Respondi, suavemente, me sentando em seu lado. Eu não estava sozinha ali. E por Agatha, Lucy era legal. Eu confiava cegamente em Agatha. Ela não seria capaz de... Estar contra mim. Não é?
"Não, não seria." - A voz da entidade criança se fez ouvir ouvir na minha mente. Ela falava com o pensamento, não mexia a boca.
- Sei que não - Olhei para meus joelhos.
"Eu não vejo você feliz." - Sua fala ecoou.
- O que? - Perguntei, a olhando de rabo de olho.
"Você sabe que ainda tem coisas para acontecer. Mas já tentou juntar o que já aconteceu?" - A ginasta tamborilou a mãozinha no chão.
- O que já aconteceu? - Repeti, um tanto quanto confusa.
"Porque tinha uma foto de Taylor naquele presidido? Porque Pianista, Jane e Agatha te mandam ficar de olho nas paredes? Porque as entidades estão se agitando com a chegada do irmão de Arya? Porque eu estou tentando te ajudar? Porque Alyce quer você? Quem matou seus pais?" - Foi falando, mas com calma. Sua calma me deixava... Nervosa.
- Essas são perguntas que... Eu também... Queria saber as respostas. - Devolvi, a olhando.
"Você nunca vai saber se ficar no chão de um banheiro." - Virou novamente para a frente. A observei por alguns segundos.
- Você sabe das respostas. - Falei - ...E... Se eu vejo mortos, se eu falo com eles... Porque não falo com meus pais? - Perguntei.
"Porque eles não querem te ver, não querem falar com você." - Lucy respondeu, simplesmente. Franzi o cenho.
- O que? Isso é absurdo! Meus pais iriam querer falar comigo, sim! Iriam querer me ver!
"Tem certeza?"
- Claro que sim! Eles me amavam.
"Amavam. Mas e se estiverem com remorso? - Perguntou vagamente.
- Remorso de que? - Me endireitei do seu lado, agora inquieta - Não fizeram nada. Porque teriam remorso? - Indaguei.
"Fizeram sim. Você que não sabe." - Foi a resposta.
- Ah, e você sabe? - Estava começando a me irritar, esquecer que sim, ela sabia. Ela era um fantasma, oras.
"Sei" - Lucy se virou para mim - "Imagine que seus pais fizeram uma coisa ruim no passado, mas que está começado a fazer efeito agora." - Ouvi.
- Certo... - Apoiei as mãos no chão gelado - Eles... Fizeram alguma coisa, e estão com medo que eu descubra agora? E fique brava com eles? - Sentei estilo índio, percebendo que eu estava que nem aquelas estranhas que se trancavam no banheiro e começavam a falar "sozinhas."
"É. Basicamente." - Sua resposta vaga como sempre.
- Mas eu vou descobrir o que é? - Brinquei com a ponta de minha bota.
"Certamente. Convenhamos... Ainda tem muito disso para desenrolar aqui". - Respondeu a albina. - "Seria.. Inteligente se você se afastasse de pessoas que demonstram alegria demais". - Sorriu, me olhando. Seu sorriso era lindo. Eu me perguntava como uma pessoa, poderia ter tido coragem, de matar aquela criança. O pai dela, ainda por cima.
Sorri levemente,olhando e assentindo.
- Eu vou... Ir para a sala. Se não, as pessoas já vão começar a achar que houve outro assassinato - Falei, rindo um pouco. Ela não riu, apenas me deu espaço para passar.
A olhei uma ultima vez, vendo sua pequena silhueta desaparecer aos poucos, deixando apenas a sombra da luz.
Me virei para a porta, a abrindo e saindo. Ela tinha razão. Onde estava as respostas daquelas perguntas?
***

Oii, pessoas!
Boa noite, para quem ta lendo agora. Eu queria agradecer para vocês, pelos meus três mil e oitenta seguidores. Sério, Obrigada mesmo. Para quem acompanha, comenta, segue, lê essa coisa, vota e tals.
Eu não preciso dizer que não esperava poe isso, não é? Porque eu simplesmente não pensava, XD. Quando eu comecei a escrever "Tem alguém ai?", eu tinha menos de cinqüenta seguidores. E o povo, tava tipo, pouco se fodendo para mim, KKKK
Eu não esperava nem cem votos nessa história, mas o primeiro livro ta com quase quarenta mil :v
Então gente, Obrigada mesmo. Por tudo isso.
Se quiserem falar comigo, já sabem, pode chamar, eu nãomordo. E ficarei feliz em te ajudar, responder, manda beijo e o raio que o parta :D
Até mais 0/

Tem alguém aí? - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora