- Eu acho melhor a gente avisar a Lolla - Logan disse,do lado de Sam. Ela estava realmente com medo do que a mãe dela diria, e por isso... Não queria avisar agora. Mas sabia que só estava tentando deixar pra mais tarde o que acontecia de qualquer forma.
- Só... Pra Lolla - Deu um breve sorriso. Logan riu.
- Fica tranquila - Pegou o celular - O máximo que a mãe dela pode fazer é... Bem... Ficar brava por uns dias. Acho. - Sorriu.
**
Deixei o copo de água em cima da mesa. Aquilo tinha que acontecer comigo! Bem comigo, exatamente quando eu fico sozinha naquela casa. Eu não estava com cabeça para baile nenhum no dia seguinte, talvez eu não fosse. Seria melhor não ir. Eu nem tinha par, afinal.
- Eu mandei uma mensagem pra ela, assim eu não vejo se ela ficou irritada ou não - Logan riu, avisando.
- A Arya se mudou. - Franziu os lábios.
- Eu sei - Ele concordou.
- E... E agora eu não sei mais o fim disso. - Dei um leve sorriso - Os pais da Lolla vão se irritar, e se eles falaram para eu sair dali? Eu não tenho para onde ir, parece que tudo quanto é lugar que eu vou, tem alguma coisa para dar errado, tem fantasmas atrás de mim. - Bufei. Logan olhou para o chão, parecendo escolher as palavras certas. Eles não falavam sobre antes. Não falavam do beijo, de... Nada. Talvez um tivesse medo de saber o que o outro achava.
- Talvez... Você seja assombrada por fantasmas da realidade, e da sua cabeça - Ele disse depois de algum tempo em silêncio.
Eu ergui os olhos para ele. Ele ta me chamando de maluca?
- Mas não é como se fosse você que inventa isso! - Acrescentou rápido - É... É que muita coisa aconteceu, Sam. Você nem teve tempo suficiente de entender tudo. Uma fantasma tava no seu pé, se fingindo de amiga, para te vigiar, a escola inteira está armada contra você, e você sabe disso - Insistiu.
Franzi a testa.
- A escola inteira? Como... Você sabe? - Perguntei. Ele suspirou entre um pequeno sorriso, balançando a cabeça.
- Quando você é possuído por um demônio, fica mais fácil - Falou, brincando com o pé no tapete. Ele nunca tinha dito aquilo para mim. Nunca tinha tratado daquele assunto, pelo menos comigo não. Deveria ser traumatizante? Sim, eu sei que deveria.
- Desculpe perguntar isso, mas... O que acontecia quando você era forçado pelo Lee? - Eu realmente não queria perguntar, mas eu tinha que saber. Talvez... Ele dissesse algo que me ajudasse.
Pensou um pouco, em silêncio.
- ... Eu, eu era forçado a fazer muitas coisas - Disse, vagamente - Beber, fumar, na verdade eu não via nada daquilo. Eu simplesmente... Fazia. Sem pensar. - Seu tom era baixo, depois balançou a cabeça - Eu acordava sempre, pelos cantos, e via como essa casa tava um lixo, como minha mãe estava se esforçando para me entender - Coçou a nuca - Mas depois, tudo apagava de novo. E eu ia ficando cada vez mais gasto, eu não sei a maioria das coisas que eu fiz. - Ergueu uma mão - E você. Eu via você, eu lembro que eu falei com você, mas mão lembro o que. Eu lembro que tentei te matar, disso eu sei, mas... Eu quero ter certeza. Você entende, não era a ali. - Me olhou, como se quisesse minha palavra.
- Eu sei disso - Falei, apoiando minha cabeça na mão - Mas eu admito, eu fiquei com raiva de você - Ri um pouco. Ele sorriu, balançando a cabeça.
- Eu não tiro sua razão - Falou, olhando para os lados, como se alguma coisa pudesse acontecer.
- Você... Tem medo que ainda aconteça alguma coisa? - Perguntei, vendo sua relutância ali. O rapaz franziu os lábios, erguendo os ombros.
- Eu sei que ainda pode acontecer - Sorriu nervosamente - Mas até lá... Pelo menos não estou mais sozinho. - Me olhou.
- ... É - Olhei para o chão. Era impossível não me sentir mau. Era claro que ele esteve sozinho antes, quando mais precisava de ajuda, e a gente quase o esqueceu...
- Desculpe - Pedi, me endireitando. Ele pareceu surpreso.
- Porque ta pedindo desculpas? - Apertou levemente os olhos - Nada daquilo foi sua culpa - Sorriu, balançando a cabeça.
- Talvez não, mas ainda assim, você precisava de ajuda. Não ficamos com você. - Respondi.
- Vocês não sabiam o que estava acontecendo. Não precisa pedir desculpas por algo que não é sua culpa. - Eu ia dizer mais alguma coisa, mas o toque de seu celular me interrompeu.
Logan atendeu depois de ver quem era, me endereçando um olhar divertido.
- COMO ASSIM PEGOU FOGO?! - A voz de Lolla se ouvia mesmo sem estar no viva voz, denunciando que seus pais já sabiam.
Balancei a cabeça, suspirando. Logan provavelmente percebeu meu incômodo, porque se levantou, indo falar em lugar.
Aquela hora, seria uma das horas que Kate aparecia do nada, falando comigo, me dando "conselhos".
Mas ela também não estava do meu lado. Eu não sabia nem se o dono da casa que eu estava, realmente queria me ajudar.
**
Ah, fogo.
Fogo, era uma coisa tão bonita de se ver queimar.
Brincar com fósforos, era sempre o que Lee fazia com o palhaço e Emily. Se os três gostavam de fogo? Amavam!
Brincariam com fogo, principalmente se fosse para ver alguém no meio. Para ouvir os gritos de alguém no meio dos barulhos do fogo crepitando.
Alyce tinha cartas de mestre nas mangas. E não tardariam a usar elas, contra tudo e todos ali, para finalmente conseguir o que queria.
Poder.
E prazer ao ver sofrimento.
Tudo estava escrito em um papel... Ela não parecia se arrepender de nada do que fez.
Samantha perdeu Júnior, seu irmão, antes mesmo de o conhecer.
Ela poderia estar com ele até agora, e com certeza, não estaria naquele estado.
Mas Pianista era apenas uma criança morta, parada no passado, que jurava vingança.
Acompanhando cada passo de sua irmã, para que não caísse em seu caminho.
Mas será que ela já não tinha caído à muito tempo, e só vinha piorando ainda mais, por tudo que acontecia ao seu redor?
E um pouco longe dali, um grito fora ouvido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Tem alguém aí? - Volume 2
Terror[Olá! Primeiramente, se você não leu o livro um, aconselho a le-lo, para melhor entender a sequência. A primeira história se encontra no meu perfil.] Havia monstros em todos os lugares. Nada estava seguro. Samantha já não sabia muito bem onde aquilo...