Quando eu ouvi o grito, em seguida, eu ouvi o monte de exclamações de surpresa e terror, logo vários passos, como se tivessem gente correndo.
E tinha mesmo, todas as pessoas que já estavam na minha sala, inclusive eu e Arya, pulamos da cadeira. A garota já agarrando seu celular.
- QUE QUE VOCÊ TA FAZENDO? - Gritei em meio a outros gritos, para o celular de Arya na mão dela.
- Preciso registrar para a posteridade, se for bafão - Ela disse, como se fosse óbvio. Abri a boca, balançando a cabeça, voltando a correr.
Pulamos a pequena escada de dois degraus que separava o corredor das salas de aula com o pátio.
As pessoas permaneciam amontoadas em um canto, todas juntas, olhando para o chão com horror.
Uma aluna do último ano, se encontrava jogada no chão. Os olhos abertos em terror, olhava para o teto, como se estivesse petrificada.
No chão, a possa de sangue aumentava cada vez mais.
Abri a boca, horrorizada, abaixando o celular de Arya. A garota tinha os cabelos pretos até a cintura, mas que agora se misturava com o sangue se aumentando no chão.
A diretora da escola vinha correndo, dando alguns pulos assustados, olhando para a cena em seguida, arregalando os olhos e levando as mãos à boca. Arya voltou com a câmera.Eu não saberia descrever realmente o que aconteceu ali depois. Os guardas foram chamados, polícias, investigadores... Ninguém saia e ninguém entrava até as pessoas serem revistadas. Havia uma faca cravada nas costas da garota morta, o que denunciava que ela tinha sido atacada por trás. Pela sua expressão, perdeu a respiração na hora, pela lâmina ter ultrapassado seu pulmão.
Claro que a maioria das pessoas ali, saíram gritando como loucas, se encolhendo, não confiando em ninguém do seu lado. Aquilo não fazia muito sentido, mas eu sabia da onde vinha... Bem, eu tinha acabado de sair de uma sala, onde uma criança estava, uma criança que é MUITO bipolar, mas que não mataria uma pessoa sem motivo... Eu acho. É, talvez eu estivesse apenas aumentando as coisas. Eu já não posso confiar em mais ninguém, ainda mais em uma entidade criança que todos falam que é do mau. Kate parecia estar do meu lado, mas no final, ela não me ajudou muito. Poderia jurar que ela esta rindo da minha cara agora.
Sim, porque eu estava assustada também, eu admito. E o único lugar que me ocorreu ficar, foi naquele banheiro.
Dos deficientes.
Agora acho que entendo a Agatha.
As vezes uma pessoa com problemas de mais, precisa de tempo de mais, para tentar pensar sozinho.
Em alguns casos, claro... Isso não é bom. Esse pensamento as vezes acaba em suicídio.
Eu admiro a Agatha. Ela passou por tudo isso, e... Não se matou. Eu não tenho certeza se conseguiria não me matar. Não estou conseguindo aguentar nem o pouco disso que estou passando.
Ela busca refúgio com os mortos, isso é fato. As almas podem ser mais agradáveis do que os humanos.Encostei a mão no chão de gelado, a retraindo um pouco por sua temperatura.
Suspirei, erguendo os olhos para o escuro. Bati a ponta de minha bota no chão, encostando a testa em meu joelho depois. Eu não me sentia como a Agatha. Não tinha como, ela sempre estava rodeada de fantasmas, conversando com eles. Ela tinha uma companhia a mais.
- Você não precisa falar com espíritos para não se sentir sozinha - Eu ouvi uma voz sussurrar do meu lado.
Arregalei os olhos, batendo a mão em alguma coisa... Mais parecida com uma perna.
- É interessante como você não percebe as coisas ao seu redor - A voz de Agatha debochou.
Olhei para, na esperança de ve-lá.
- Você sabe quem matou aquela garota - Falei. - Você sabe. E não está espantada. Porque não se espanta com morte? - Perguntei. Ouvi um suspiro de Agatha, e ela provavelmente deveria estar revirando os olhos.
- A morte é melhor que a vida - Foi sua resposta - Você deveria saber disso.
- A morte me deixou órfã.
- Você já era órfã quando morava com seus pais - Ela falou - Já era órfã porque eles já sabiam que você seria. Todos somos órfãs. Porque sabemos que seremos um dia. Nossos pais vão morrer de qualquer jeito. Se nós não formos primeiro. Sempre estaremos de mãos dadas e atadas com a morte, em um encontro onde não há atrasos ou enganos. A morte é a amiga mais verdadeira que você pode ter. Mas por outro lado... A mais sacana. - Ela devolveu, com o riso em sua voz na última palavra, que claramente se referiu à garota que foi morta.
- Me surpreendo como você pode pensar assim... E não ter se matado ainda - Falei, balançando a cabeça levemente.
- Ho, eu não poderia chamar a morte para brincar assim. - Ela respondeu, parecendo sorrir - Ela mesma vai bater em minha porta e me chamar para brincar. A morte não gosta de ser interrompida para ser chamada por você em outras horas. - Ela disse, dando os ombros.
- Hm... E... Se alguém te mata? Como aconteceu com aquela garota?
- Ai, você não procurou e nem chamou a morte - Pude ver um sorriso largo e... Frio dela - Ela veio até você - Concluiu, e pareceu levantar.
- Espera! - Quase gritei. Eu não iria conseguir ficar mais ali, depois de alguém sair. Eu ainda tinha medo do... Deficiente.
Agatha parou.
- Ahn... Você... Você não pode ficar comigo?
- Não quer ficar sozinha, Sam?
- ...Não.
- Você nunca está sozinha. Mesmo que pense, e esteja o maior silencio ao seu redor. Sempre tem alguem do seu lado. - Sua voz era soturna, e se abaixou mais - A te sufocar com as próprias mãos - Completou, dando um pequeno riso, depois indo de novo para a porta, batendo ela atrás de si quando saiu.
Olhei ao redor, nervosa. Ho, pelo amor de Deus! Tinha um assassino solto na escola e eu tava aqui, que nem idiota!
Levantei apressadamente, mas tropecei em um... Uma perna.
****
- A menina vai hoje para a casa dos pais - Alyce disse, largando a foto de um garoto em cima da mesa.
- E o que pretende fazer? - Jack perguntou, se virando para ela.
- A Samantha estará sozinha agora. - Respondeu, apertando um pouco os olhos maníacos - Aquela garota ridícula de nome Arya, não vai poder se intrometer mais. - Falou. - E o palhaço... Está voltando. - A mulher abriu um sorriso maníaco, passando a ponta de uma faca nos lábios.
- Não falta pouco - Planejou - Assim que ele nascer... A vida da Samantha e daquela garota vão virar um inferno. - Rosnou. Jack sabia... Ela não fazia aquilo apenas para matar a Samantha. Fazia aquilo, para atingir o Pianista. O deixar mais sem saída ainda. Mas tudo daria errado se ele saísse do sótão. Alyce que não queria ver. Nem admitir. Mas ele um dia, iria sair. Ele iria se vingar. E não seria apenas uma criancinha inocente.
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Tem alguém aí? - Volume 2
Horror[Olá! Primeiramente, se você não leu o livro um, aconselho a le-lo, para melhor entender a sequência. A primeira história se encontra no meu perfil.] Havia monstros em todos os lugares. Nada estava seguro. Samantha já não sabia muito bem onde aquilo...