Como contar pra você?

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Eu lembro que eu quase gritei de alívio quando eu finalmente senti o ar gelado de fora, e os pingos de chuva atrapalharem minha vista que já doía pelo fogo.
Tossindo, fui me afastando, me juntando ao chão à medida que fazia aquilo, sentando na beira da calçada, puxando os joelhos pra mim, tentando buscar ar. Logan não estava muito diferente, se encostando no poste, de cabeça baixa, claramente tentando respirar, erguendo os olhos para a casa aos poucos, e suspirando, se voltando para mim. Eu não fiz nada, além de abaixar a cabeça, encostando a testa no joelho. Eu não fui queimada. Não fui queimada por causa dele, porque ele entrou na frente daquilo, e porque o fez?
Deixei que a chuva caísse sem nenhuma reclamação. Nunca fiquei tão feliz na minha vida por sair em uma rua molhada de chuva.
Pelo canto do olho, vejo Logan pegar o celular, apressado, não ligando para a agua que caía, discando o número provavelmente de bombeiro.
Eu não me dei o trabalho de traduzir o que ele falava, apenas me encolhi mais, apertando de leve os lábios.
Sorte era estar chovendo. Molhava o teto, não deixando o fogo dominar inteiramente tudo.
O rapaz do meu lado terminou de falar, guardando o celular, automaticamente se voltando para mim.
- Você tá bem? - Perguntou, depois de alguns segundos me olhando.
- Obrigada - Consegui dizer, com voz fraca, atrapalhada pela fumaça. Ele não disse nada, apenas suspirou, abaixando a cabeça, olhando para o cimento da rua, assentindo levemente.
- Você ta bem? - Ele repetiu com voz insistente. Ele não estava... Queimado. Na verdade, ele foi no fogo sim, mas estava coberto pela blusa.
- Estou. - Respondi brevemente, o olhando. Ele se voltou para o fogo baixo, mas provavelmente letal para pessoas que estivessem presas lá dentro.
- O que aconteceu? - Perguntou, ainda olhando fixamente para o fogo.
- Eu... Começou a chover, ai eu não desliguei as coisas, e... E eu subi para o quarto porque tinha que fechar a janela. Do nada, o computador... Simplesmente explodiu - Disse. Logan processou por alguns segundos, depois concordou.
- Raio - Concluiu, erguendo um ombro, dando um meio sorriso confortante. - Precisa de alguma coisa? É melhor a gente sair daqui - Falou - Você inalou mais fumaça que eu, não podemos ficar mais - Me olhou. Ele sabia, lembrava... Lembrava que meus pais morreram queimados. Sabia que eu podia ter um trauma. Por algum motivo, aquilo me deu vontade de o abraçar e só ficar com ele pro resto do dia.
- ... É - Respondi fracamente, curvando os lábios para o lado - Mas... Você vai me tirar daqui? Vai me levar para onde? - Ia perguntando. Ah, sim, eu estava toda atrapalhada, parte de minha atenção no fogo, a outra parte nele.
- Pra... Minha casa....? - Deu um leve sorriso, relutante. Er... Bem, ele era ele. Tinha acabado de me salvar, aliás, mais uma vez. Porque não?
- Mas lá, tem a Alyce - Gaguejei um pouco, engolindo em seco. Ele pensou por alguns segundos.
- Sim - Admtiu - Mas... Se você puder confiar em mim, só... Só agora - Me olhou - Nada vai acontecer com você. - Afirmou, com firmeza. Eu não conseguia o encarar direito, mas Mr peguei concordando depois de poucos segundos.
Eu não reparei que minha mão estava presa a ele, apoiada no chão. Ele me olhou por alguns segundos, depois riu de leve. OK, eu estava corada, era fato.
- Vem. Com sorte, a mamãe da Lolla nem repara - Riu. Tentando claramente me reanimar. Eu deixei um leve riso escapar, segurando sua mão, o acompanhando, me levantando com sua ajuda.
**
- Viu? Não é muito longe da casa de sua amiga. - A mãe de Arya sorriu quando saíram do carro. Ela fez leve careta.
- É. - Respondeu, dando de ombros. O pai riu.
A garota seguiu os adultos para dentro da casa. Era grande, pintada de branco, com alguns detalhes em azul e dourado, deixando bonita a entrada.
Sua cara não podia ser de mais tédio. Alguma coisa incomodava a garota, alguma coisa não estava certa, nunca esteve certa...
De novo aquela tristeza que ela tinha as vezes, apareceu. Oras, que tolice! Ela só tinha voltado a morar com os pais ali. Estava perto de todo mundo que gostava.
Mas algo ainda não se encaixava, alguém faltava...
Suspirou, com a mãe tagarelando onde era seu quarto. Certo, ela ficou com o melhor quarto da casa, mas ele não podia parecer mais sem graça. Com certeza ela passaria a vida trancada ali, sem fazer nada, sufocada com suas próprias loucuras que a atormentavam sempre que tentava pensar.
Fechou a porta atrás de si automaticamente, bufando, deixando as coisas no chão. Porque alguma coisa nunca estava certa? Porque ela sentia que alguma coisa tinha que mudar, e muito tempo atrás?
Porque ela se sentia observada quando estava sozinha?
E não era só impressão, era realmente, a certeza de ter alguém a olhando.
E ai ela procurava a Lolla... Agora a Samantha. Talvez fosse as únicas duas amigas que conseguiam entender aquilo. Nem eu mesma entendia.
Alyce, Alyce...
O que uma mulher como ela, quer tanto com Sam? Porque essa sede de morte, de vingança, terror?
Eu vejo. Vejo tudo ao redor da Samantha, vejo as pessoas más, as pessoas boas. Se eu não contar, fará mal. Eu sei. Mas se eu contar... Fará mais ainda. De uma forma que até agora, a maneira mais fácil de resolver isso, é ficar em silêncio.
Fui até a janela. O vidro fechado, não se deixava ver muita coisa lá fora com a chuva.
Bem... Pode parecer que não, mas eu realmente estou tentando ajudar a Samantha. Por favor, eu não posso ficar em silêncio com o que eu vejo, mas...
**
A garota bufou de leve, saindo da janela, indo até a escrivaninha recém posta no canto do quarto. Ainda não havia nada ali, mas o ambiente era preenchido com inúmeros pensamentos indecisos da menor.
Ela sabia de tanta coisa... E não podia contar, caso o fizesse... Tudo aquilo se voltaria contra ela. Era egoísta? Ela sabia que era, admitia.
Mas como contar que Samantha tinha um irmão? Que esse irmão foi morto injustamente, MUITO injustamente? Como contar que os pais dela foram ignorantes e irracionais? Que eles tinham em parte, culpa com a própria morte? Aquilo não era simples!
Abalada, se sentou no chão mesmo, soluçando.
As vezes ela só queria não saber de tudo.

**

GEEENTE INFINITOS PERDÕES, SÉRIO.
Eu sei que estou a bastante tempo sem postar, não posto direito desde meu aniversário.
É porque realmente não tenho tido disposição para escrever, porque... Ah, porque eu erro. Bastante, em vários assuntos. E aí... As vezes, suas chances se esgotam, e você perde tudo.
Principalmente se o "tudo", for realmente o seu tudo :v
Tá, umas pessoas não vão me entender, tudo bem, são só lamúrias, não valem de nada.
Então, eu realmente queria pedir desculpas, desculpas pelos capítulos demorados.
Eu... Tenho uma coisinha para entreter vocês <3
QUEM GOSTA DE THE WALKING DEAD AI?
Tá, beleza. Então, vou te direcionar a um livro que eu to lendo. XD
Sei que eu não divulgo, me desculpem, mas... Esse realmente, preciso divulgar para os fãs dessa série.
Nome: TWD Origins - Charlotte Walsh.
Autora: DixonBabyGirl
Sério, leiam. Essa mulher tem um talento, e ele merece, muito, ser visto.

FALO PRA VOCÊS
Q
Tchauzinho, leitores fofinhos <3 Obrigada por tudo. Vocês são geniais.

Tem alguém aí? - Volume 2Onde histórias criam vida. Descubra agora