Taylor parou, estagnada, se aproximando da janela, com o barulho oco da sola de sua bota preta sendo ouvido no chão de madeira do sótão. A garota levou a mão à janela, com os dedos quase desaparecendo à claridade da janela. Sua expressão era de apreensão. Lá fora, à saída, virando a esquerda e entrando novamente do lado de dentro da escola, o jogo de horror apenas começava.
- ... Pianista? - Taylor chamou, com um fio de voz, os olhos arregalados, vendo a trama que se seguia. - Você não vai poder sair... - Sussurrou, com a voz demonstrando o quanto aquilo a estava assustando - É tarde de mais para qualquer coisa, agora - Completou, baixo, saindo da janela, se virando para o pequeno garotinho em frente ao piano.
- Você terá que lutar. - Ela terminou, apreensiva, juntando as mãos em nervosismo, enquanto o primeiro grito do pátio, era ouvido.Tempo presente ~
- Isso vai ficar bem em você - Arya jogou um vestido pelos ares, que acertou na minha cara.
Franzi o cenho,deixando a peça cair para minhas mãos, a seguindo com os olhos. Era branca, aberto nas costas, e parecia que iria ficar justo em mim.
Ah, eu detestava vestidos.
- Vamos, desfaz essa cara - Arya riu - Não é tão ruim, afinal - Perambulou pelo quarto ainda vazio, com caixas espalhadas pelos lados. Apenas partes de suas roupas estavam fora, e já guardadas no guarda roupa beje que descontava na parede. Não era o tipo de quarto mais invejado, era talvez o mais simples, e a julgar pela cama, e a poltrona ao lado de uma instante de livros, o mais aconchegante.
A casa dela era grande, eu admitia. A maior parte das cores, eram brancas, o resto eram apenas detalhes pretos ou em azul escuro, combinando com o contraste delas. Os azulejos brancos e negros do quarto dela, me lembrava teclas de piano, e tenho certeza que para ela também, porque a mesma se virou para mim depois de pular de um azulejo ao outro, de cores diferentes, cantarolando qualquer canção.
- Então - Sorriu, erguendo os ombros - O que ta fazendo ai ainda, vamos, saia daqui e vê se serve - Fez um gesto com a mão, mostrando a língua para mim, me fazendo rir.
Sai de seu quarto, ainda olhando por onde eu ia. Os corredores vazios, pareciam estranhos sem aqueles quadros bizarros ou espelhos postos apenas para não ficar um canto em branco no meio da parede. Ainda não havia nada ali, eu não sabia se era bom ou ruim.
Empurrei a porta do banheiro, entrando no mesmo, logo o fechando em seguida. Como de se esperar, também era branco, bem, aquela casa toda branca até que poderia ser assustadora no meio da noite.
Olhei o vestido em minhas mãos, fazendo leve careta, erguendo os olhos para o espelho à minha frente. Franzi os lábios. Eu esperaria que algo aparecesse atrás de mim, aparecesse do meu lado, com uma cara demoníaca e um sorriso estranho, mas não havia nada. E se tudo não passasse de um pesadelo? Eu acordaria e veria que tudo não passou de mera imaginação? Minha família ainda estava ali, e fantasmas não existiam.
Suspirei.
Infelizmente, eu sabia que era impossível considerar aquela ideia.••
Eu tinha que parar com aquilo.
Ellie, Ellie, Lucy está aqui.
Ellie, onde está sua irmã?
Ellie, abra os olhos, sua irmã mais nova sumiu!
...
Ellie, sua irmã mais nova fora morta por seu próprio pai.
Lucy? Lucy, onde você está? Não consegue falar? Por que não me responde, o que aconteceu à você?!Eu tinha que parar com aquilo.
Não aguentava mais os pensamentos voltados para Lucy. Ela morrera, meu pai à matou, e eu não pude fazer nada.
Só à tinha visto uma vez. Ela escondia o pescoço de mim, mas eu via, em baixo de suas pequenas e delicadas mãos, estava roxo.
Ela não me respondia. Apenas me olhava, não falava comigo. Cheguei à conclusão de que não podia emitir som.
Sua morte dera nos jornais da cidade. Mas a polícia não parecia muito interessada. Parecia que uma criança estava brincando com uma sacola, e por acidente, a colocou na cabeça, e morreu sufocada.
Mas aquela teoria era ridícula perto das fortes marcas arroxeadas que se viam pelo pescoço dela. Aquilo não fora um acidente. Mas ninguém estava ligando, minha família não era muito influente na época. Até hoje não é. E meu pai continua vivo. O assassino da própria filha, o que eu faço a ter que conviver com o assassino de minha irmã?
Eu não sei por que ele ainda não me matou. Eu não sei por que sempre que eu chego da escola, ele me olha com um sorriso sarcástico, ironicamente, como se dissesse que eu ia ficar naquela casa sozinha com ele novamente.
Eu tinha ódio dele, o que eu podia fazer? Era um maluco, um maníaco, andava de mãos dadas com o diabo, eu tinha certeza.
Ellie, Ellie, onde está Lucy?
Lucy está na minha frente agora. Me olhando de novo, com os olhos agitados. As mãozinhas juntas umas nas outras, com seu pequeno corpo digno da ginasta que era.
- Lucy - Murmurei. Eu não à via a muito tempo. Por que ela aparecia agora para mim, com essa aflição nos olhos?
Ela arqueou as sobrancelhas, como se quisesse dizer algo.
"Fique atenta!"
Eu ouvi em minha mente.
Afastei uma mecha de cabelo do rosto, franzindo o cenho, examinando minha irmã à minha frente. Certo, ve-la na minha casa, àquela hora da manhã, era assustador. Eu não sabia se ficava feliz ou triste, porque de qualquer forma, ele sumiria depois.
Quando simplesmente abri os olhos, os voltei para o lado da cama, e a vi planar ali, me olhando como olhava agora. Ela parecia ter crescido... Mas era apenas os pés acima do chão.
- Ficar atenta com o que? - Devolvi, baixo. Meu pai estava ali, em algum lugar da casa, com certeza me vigiando pelas paredes. Eu não queria chamar a atenção dele para mim, com certeza seus joguinhos começariam a me aterrorizar de novo.
"Não vá para a escola hoje, Ellie. O mal se concentra ali."
Pisquei, a encarando.
- O papai não vai deixar eu ficar em casa - Falei, em relutância, me sentando, a olhando com aflição. - O que quer dizer? Algo ruim vai acontecer? - Lucy sorriu de leve, tombando de leve a cabeça para o lado, chegando mais perto.
"Coisas ruins sempre acontecem nas festas felizes e alegres que cobrem as madrugadas dos adolescentes".
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Tem alguém aí? - Volume 2
Horror[Olá! Primeiramente, se você não leu o livro um, aconselho a le-lo, para melhor entender a sequência. A primeira história se encontra no meu perfil.] Havia monstros em todos os lugares. Nada estava seguro. Samantha já não sabia muito bem onde aquilo...