bocas tortas e advérbios de modo​

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Expressão. Isso que faz com que um escritor seja bom. Não podemos tentar do quesito clichê, pois escrever não é novidade, o que cativa os leitores, o que nos cativa, é a sinceridade, o ato de carregar emoção no mais simples dos temas, detalhar uma situação de tal forma que nossa realidade seja completamente mudada, nem que sejam por míseros 32 minutos, pois certamente serão os melhores 32 minutos do seu dia.

Eu irei aqui relatar sobre algo que gira em torno da maioria de nós, a aclamada adolescência. Sim, eu vou escrever sobre um dos assuntos mais clichês de todos os tempos, e talvez até irrelevante se comparado com os verdadeiros problemas do mundo, porém é a fase que determina quem somos, quem seremos e como iremos enfrentar a realidade que nos aguarda.

Sou do tipo de pessoa indecisa, que não sabe de absolutamente nada (tipo Jon Snow), ontem fui tulipa e hoje sou girassol, tenho até receio de pensar o que serei amanhã. Penso demais em coisas que as pessoas não pensam, como "Por que o dinheiro é mais importante que as pessoas?" e afins, até que eu gosto das aulas de filosofia.

Me sinto (ou sinto-me, para os formais) totalmente angustiada quando percebo que utopias só nos fazem caminhar e não permitem que cheguemos ao nosso destino, é desanimador pensar que revolucionários não tiveram tempo para fazer uma maratona de séries ou arrumar uma namoradinha.

Engraçado eu falar em namoradinha, afinal eu não sei nada sobre o amor e você, caro leitor, provavelmente também não sabe. Na verdade, amor pode ser apenas outro substantivo que utilizamos quando nos faltam palavras para descrever emoções e sentimentos, são necessárias para preencher o vazio causado por algo que desconhecemos. Não é uma caracterização que encontramos de forma absoluta no dicionário, é mais correto dizer que cada um tem sua forma de amar ou sei lá o que isto signifique.

Mais complicado que o amor, o tal do futuro, conheces? Bem, eu também não, e já o temo. Tenho receio do fato de haver a hipótese, por mínima que seja, de que minha vida seja monótona e minha melhor lembrança esteja associada ao dia em que meu filho aprendeu a escrever "televisão". Em que o acontecimento marcante do dia tenha sido o lançamento de um iogurte com tâmaras e damascos.

De qualquer forma, temer algo inexistente é como acreditar em unicórnios, nunca se sabe quando está ultrapassando as fronteiras do irreal. Apesar das intermináveis dúvidas e temores, eu tenho certeza de uma coisa, música. Se existe algo que nunca me decepcionou, este algo é a música.

Ela é, e você não poderá discordar, a melhor maneira de registrar sua existência no mundo, porque sei que nós, incrédulos jovens, não queremos ser esquecidos, não queremos acreditar na possibilidade de que nossa existência tenha sido corriqueira, sem sentido.

E para uma finalização poética, a única informação útil desse texto é: crie lembranças, aquelas das quais não se esqueceria mesmo se tentasse, cometa erros, enlouqueça, não deixe sua vida se tornar banal. Considere o passado como a junção "eu não acredito que fiz aquilo" ao invés de "eu poderia ter feito isso". Desperdice seu tempo, intensifique, e se alguém disser que está errado, ignore, afinal somos todos bocas tortas tentando se encaixar. E por favor, não seja esquecido.

 E por favor, não seja esquecido

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