Cartas de um sentir inválido II

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São 9h59min. Dancing in the Moonlight, do Alt-J. Por não ter sido a melhor amiga que eu poderia ser, desculpe-me, imagino que tenhas pessoas incríveis na tua vida, bem, eu espero que tenhas. Tô sempre vacilando e olhando para o céu. Não faço merda nenhuma e quando faço dá merda, tenho essa sensação, por sinal, tenho essa sensação com todos a minha volta, mas tudo bem. Palavras não vão valer por minhas atitudes [mas escritor é tão desgraçado que escreve sobre essas merdas da vida, sem ao menos respeitar a história por completo]. Não escuto Bowie há muito tempo, mas sempre que me vem a mente, é teu nome que o acompanha, é aquele desenho que guardo no portfólio e na memória, são as palavras ruins que escrevemos, as músicas que compartilhamos e os sufocos. Penhascos, desfiladeiros e outros sonhos de fuga [parte um]. A música não é tua, o momento é. Feliz com aquela vírgula escondida de tudo que não deu certo. Te ver sorrir seria ótimo [ver-te é um verbo de merda]. Te ver usando colares da Polly Pocket seria ótimo. Te ver sendo e criando arte seria ótimo. Te ver seria ótimo. Dormimos no cinema. Os outros três aguentaram até o final. Foi um bom filme, assisti em casa um dia desses. Nada de príncipes ou garotas de cabelo cor-de-rosa suicidas. A força da protagonista está, além de em si mesma, nos companheiros e na energia que ronda por aí. Que tu enxergues a força que tens aí dentro. Que enxergue a beleza dos detalhes, dos contornos e das linhas tortas. Morrer agora seria não mais acompanhar o voo dos pássaros, o suave e definitivo movimento das asas, liberdade rasa. Morrer agora seria não mais observar o céu e os cemitérios das cidades pequenas cujos nomes não me recordo. Seria não mais escutar música sozinha e acabada no quarto questionando os porquês. O dorso da baleia solitária. O peso de histórias alheias sufoca o presente. Quais eram nossos sonhos cinco anos atrás? Não há um jeito de terminar. Não há nem mesmo um jeito de engolir minha dramaticidade. Desculpe-me por não ter estado ao teu lado quando... Todas as vezes em que eu deveria ter estado.  

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