estou sentada no banco simples de madeira que tirei das prateleiras de um supermercado qualquer. escrevo sempre em tempos tortos escutando músicas entre sons e silêncios. entre olhares de dúvida, descrença e vergonha. há tempos em que não me importo. não me importo com nada. mente vazia com receio do fogo a ser aceso pelo sopro do novo. novo e diferente (lay it on me). faz o que tu queres pois é tudo da lei. talvez thelema não tenha sido feita para mulheres de caos.
perde o controle dentro do planejado pois controle é poder. o poder de ter a vida nas mãos. rumos errôneos. diferentemente de naturalistas ciclones tempestades e Rosas Negras, floresço aqui e ali energias dançantes. engrenagens retiradas e sementes pequenininhas. é de admirável valor reconhecer a grandeza nas coisas pequenininhas.
não esperarei por você. ando acompanhada pelo mundo que me quer tão bem ao passo que me destroça em cantos ocultos das cidades esquecidas. esperarei apenas por essa tua liberdade bonita que cresce do peito e me alcança.
liberdade de bruxa que corta as raízes patriarcais. fácil de escrever e de se apaixonar. menos quando chegam a ti situações embaladas em impulsividade regada a ouro. doçura do ouro te tira um bocado de alma e de resto apenas o querer compulsório.
acende cigarro que nunca fumou para tornar-se a moça estática do quadro. com tristeza nos olhos e linhas de infinito. talvez nunca tenha existido. arte pode mentir com intenções inverdadeiras. sentir falta de um espaço outrora ocupado não é nada mais que auto punição. sem honra bravura coragem ou dignidade. grilhões que não te deixam jogar a cabeça para trás e olhar o céu enevoado.
sinto falta de tudo que fiz e fui. sinto falta das coisas fáceis e dos amigos doces como ouro. sinto falta da cidade pacata de são francisco e do balanço que me servia de refúgio. me agarro às faltas que permanecem amaldiçoadas no céu da boca.
de tanto olhar as paredes quem saiba um dia eu consiga entender minha verdadeira forma. espiralante linear ou senoidal. serei eu.
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Y
PoetryTextos desocupados de dores com sabor de açúcar, amores ácidos e borboletas amarelas.