Isabel, moça que não carece de amplas descrições acerca de sua aparência, seus longos cabelos negros falam por si só. Seca. Ela odeia o calor pois suas roupas grudam em seu corpo.
Vento, não o típico vento que leva as folhagens e a poeira consigo, vento de chuva, água, quanta felicidade. "Meu Deus, está realmente chovendo!" é o que seus pensamentos diziam. Chega em casa e nada parece fora do lugar.
Nem seu marido, um homem um tanto quanto desagradável, Martim, poderia atrapalhar seu (breve) momento de alegria. Cadeira de balanço, corrimão, sopa. A grama retorna a seu estado original, de um verde vívido e esvoaçante. Muito tempo, muita chuva, muita água. Isabel se enxerga tendo de lidar com a inundação que rodeava seu ambiente, seu lar.
Água, tanta água, nem os trilhos resistiram ao intenso fluxo hídrico. Isabel olha as paredes, o corrimão, recebe a sopa feita por sua madrasta de forma minuciosa. O tempo passa mas não se tem noção disso, não existem sentidos, ela apenas sabe, apenas sente, sua alma está incolor.
Muita chuva, proporções bíblicas, "um dilúvio" pensa ela, tudo está desarrumado, seu pai mal existe, apenas está.
Quarta-feira, quinta-feira, sexta?, por que dormi por tanto tempo, duas e meia, mas como?, sopa com pão adormecido, gostaria de ir à missa de domingo passado. Tudo está tão calmo agora.
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Y
PoetryTextos desocupados de dores com sabor de açúcar, amores ácidos e borboletas amarelas.