Somos seres simbólicos e não há material para que se negue. A significação das coisas que nem mesmo um ai dizem nos conecta. A sobriedade de estar conectado às pessoas e ao mundo. Colocamos amor em números, sejam eles na forma de datas ou dinheiro. Atribuímos valores às coisas e as utilizamos como ponte ou como muro. Os símbolos me ajudam a continuar aqui, me conectam às pessoas e às lembranças que tanto amo ou abomino. Errei ontem e erro hoje de novo. Quebro símbolos coloridos no pescoço e expectativas irreais. Sinto a mudança se contorcendo para explodir em outras facetas de um universo errante. Conversas me puxam um sorriso e atitudes tratam de o tirar de volta. A conexão é efêmera, mas não a deixo escapar, me arrasto aos frangalhos rumo à conexão que me parece nova absurda e inovadora. Não é. Continuo tonta de tanto tentar e desistir de falar pois as palavras cansam e ouvir respostas de conforto ou repreensão de nada me adiantam se não tiram a angústia do peito. Marcas abertas que deixei sangrar. Não senti nada. A dor do aconchego conforta mais que resoluções e amores falíveis. Erro ontem e depois de amanhã. Suportou o que deu até que as próprias palavras o alfinetaram pelas costas. Envolver-se entregar-se até que suas costas doam e a cabeça lateje como os vermes rastejantes de casas abandonadas. Sinto saudade do que eu achava que costumava ser. Mas sou inseto de metamorfose, como escreveu Kafka, e não posso evitar transformações outrora descabidas, posso apenas fazer uso das palavras e da liberdade em prol de um amanhã bem recebido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Y
PoetryTextos desocupados de dores com sabor de açúcar, amores ácidos e borboletas amarelas.