registro oficial da necessidade humana de respirar livremente

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das dores pequenas, questionei-me a pior. acordei aos prantos por uma lembrança que ficara no passado. costumava-se escutar histórias exageradas dramatizadas e encenadas. há de ser a única com o veredicto que permanece mecanizando roteiros de vida.

ira que consome; tristeza que abraça

das palavras que trouxeram desconforto ocasional e alegria, permitiu-se sentir a rigidez da frieza; calculada e definitiva; visceral e nauseante. histórias pequenas. abandono e traição.

deixou aqueles que a amavam. agradecemos a preferência. volte sempre. magoou aquela que tanto a queria por perto. talvez o corte mais profundo; salteado pelo tempo. lição remanescente de não confiar. imperfeitos universos de sorriso sincero no rosto.

dor tão pequena, tampouco enxerga-se tal qual placas distantes do destino. por que neles encontraram um meio para seus fins? não te vieram memórias celulares? não te vieram os fardos invisíveis?

foi embora sem deixar bilhete nota ou carta. a criança agora sozinha no mundo. questiono-me se neste caminho houve felicidade. sabe-se de casos e casos. carros indecentes e conversas luxuosas. questiono-me ainda se haverá felicidade.

sem avisar amigos e parentes. sem beijar a garota com cabelos de cor obsidiana. talvez tivesse morrido pensando nela. lapsos das incertezas que seriam naquele momento o que há de definitivo. sobre a dor pequena do arrependimento; da que trazem a si mesmos.

das dores pequenas que causei. aquela que trouxe amor e movimento. felicidade de fazer parte de alguma coisa. pertencer. mudanças repentinas no cursor e acontecimentos de catástrofe. sobre famílias que se vão.

sorriso verdadeiro. das pequenas dores que nunca deixam de machucar. quatro anos não podem ser apagados, desintegrados por um buraco negro. foram anos de sorrisos verdadeiros e mudanças repentinas no cursor. anos de não abandono.

a dor faz o que faz de melhor e continuam-se as encenações. o teatro está lotado. o show precisa continuar.

tudo é temporário, me disse uma vez. conto com isso, na verdade, não te disse, mas quis acreditar com todas as minhas forças que tudo há de passar, seja tristeza ou não.

das músicas que cantamos juntos. era aquela a dor heterogênea de não ter feito o que se queria. tentativas do desastre; armação do medo genuíno. cartas amassadas ou talvez intactas na caixa azul estrelada.

das conversas na escada. último ano. mudanças repentinas no cursor e tua presença alarmante. tua risada escandalosa. seriam essas as dores que causamos a nós mesmas? causamos uma a outra? o que sei de ti agora são histórias empoeiradas, falas reproduzidas e lobotomizadas. o cigarro ainda te tira a vida do peito. das drogas que aceitamos.

acidez de dores que continuam aqui. peço-lhes a misericórdia da efemeridade.

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