povera

24 2 0
                                    

às vezes é assim que tem que ser. o labirinto de dédalo na moderna sociedade líquida. um labirinto longo sem pausas ou encontros. seres andantes pelo chão arenoso enquanto não observamos o que está a seguir e certamente nunca deixamos de olhar o terreno já descoberto. neste momento percebo, em meu trajeto assimétrico anguloso disforme e oscilante, as dores da vida. as dores de dentro. daquelas que doem tanto que os olhos incham de tanto. daquelas da solidão.

da alma restam-lhe frangalhos. a fatiga impregna o que costumava ser um vislumbre da boa energia. a indecisão mata no labirinto. a falta de propósito. mata lentamente. corrói nos ventos de falsa calmaria. às vezes tenho certeza de que estamos sozinhos e esse é o fim. sempre sozinhos. tudo acontece e você está sozinho. é a palavra repetida pelo labirinto para que possamos nos dar ao luxo de fraquejar. os mais sensíveis são os mais afetados. Galeano quem disse.

são os que mais sofrem. caem como todos caem. sair da inércia não é tão simples para todo mundo. a tentação é deixar-se levar pela existência de outros universos. orbitar. o sopro da liberdade é tão falso quanto o sonho americano. seria legal mandar o super trump ir para o inferno, mas ele está na ala vip do labirinto. aquela sem obstáculos e armadilhas. os meros grãos de areia continuam a vagar [sozinhos, sempre sozinhos].

de dentro os silêncios acumulados e cicatrizes auto infligidas. o escape da dor que se agarra às boas memórias. a sobressalente promete vida nova. escárnio no tom de voz é ignorado e aproveitam-se os milésimos da inexistência do sentir. grilhões. alto preço a se pagar por um bocado de nada. olhares compulsórios adiante fizeram com que quisesse acabar com tudo. limitou-se às pequenas dores para calar vozes maiores. no fim, você está sozinho de novo. sempre sozinho.

é o que entoam as vozes maiores. encontrei-me numa via sem saída sem retorno sem sinal sem

você está sozinho de novo.

YOnde histórias criam vida. Descubra agora