Das cartas de um a m o r, ridículas

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Talvez eu não seja boa com cartas. Mas estou escutando uma música tão foda que talvez nem precise ser tão boa, aliás, a música é "Midnight City", da banda M83. Tenho dançado bastante, como sempre, e tenho feito aulas de arte circense. Sou péssima nisso, mas vejo certo progresso [ou não]. Até que minhas notas estão boas, não vou pegar nenhum exame e estou particularmente orgulhosa de um relatório de história do qual escrevi e fui elogiada pela professora. Estou planejando cantar no show de talentos, e isso é algo relativamente novo, porque nunca tive coragem de cantar em público. Acho interessante lembrar que estou participando do MSL [Movimento dos Secundaristas em Luta] e estou sendo encaminhada para o Coletivo VOE! Além disso, terei que fazer uma fala numa assembleia nesta quarta-feira, acerca das ocupações que estão ocorrendo [também irei fazer um adendo a respeito da PEC 241/55 e da MP 746], e devo confessar, estou tremendamente nervosa com isso, mas sei a importância que essa simples fala tem quando se trata da conjuntura política atual, então irei me esforçar. Não encontrei nenhum anarcopunk suficientemente interessante para trocar uma ideia e algumas músicas, então, nesse quesito, continuo na mesma. Neste momento, estou escutando "When I Grow Up", e caralho, como essa música é boa! Eu deveria ter escrito antes, várias vezes, te entupido de cartas falando das diferenças entre híbridos e vampiros imortais, entretanto, não o fiz. É bem difícil contar tudo o que aconteceu neste ano, porque muitas coisas aconteceram, eu mudei completamente, e a parte positiva é que acredito que tenha sido para melhor [será?]. Descobri que gosto de ajudar pessoas, seja com conselhos, músicas, resumos de geografia ou mesmo abraços. Não consigo deixar de pensar em quantas coisas eu posso fazer [talvez as possibilidades me assustem um pouco], e imagine quantas músicas eu ainda posso escutar! Devo contar que passei por uns maus bocados, porque descobri, em meio à confusão de estar nessa linha de metamorfose ambulante, que tenho depressão ansiosa. Eu diria que não é impossível sobreviver com depressão, mas eu ainda me pego questionando se estou realmente vivendo a fase que tantos chamam de "a melhor fase da sua vida". Não sou boa com elogios, mas eu diria que você foi a primeira pessoa a me escutar, de verdade, a primeira pessoa a ver o quanto eu poderia ser, e isso marca. Isso define. Isso transforma. Estou lendo Bakunin e Marx, terminei de ler "Cem anos de solidão", e tenho uma lista gigantesca de livros que merecem ser lidos. Dirigi um curta-metragem esse ano e apesar de ter sido baseado em zoeiras [é, tem uma crítica ácida, mas poucos irão notar], me diverti muito no processo, até porque tive que atuar e editar também, e nossa, como isso dá trabalho, mas o resultado é de sorrir até os lábios pedirem clemência. Quero aprender a tocar piano e começar a fazer teatro, mas sei que terei menos tempo ainda ano que vem por causa do Enem, mas vou dar um jeito. Ah, e falando em Enem, na parte de humanas, no primeiro dia, eu fiz 32 questões [das 45], o que me coloca no grupo das amantes de literatura, certo? Desculpe por estar cuspindo histórias sobre você, mas é que tem muito tempo desde que nos vimos pela última vez, e não quero deixar nada de fora! Decidi esse ano que quero cursar dança, jornalismo e cinema... Sinto que nasci pra isso, mas acho importante lembrar que quero usar esse conhecimento para fazer algo maior, bem maior. Ainda não tenho certeza do quê, mas vou descobrir e quando isto acontecer, você vai pensar "E não é que essa anarcopunk viciada em vampiros fez isso mesmo?", então estaremos tomando café, com a minha mãe e a Cláudia, e vamos falar sobre política e filmes do Tarantino. Disseram-me que sou boa com as palavras, mas eu diria que elas que são boas comigo. Em meio a tudo e nada, foram as palavras que me acolheram, elas me deram força, e eu as escrevi, com a força que tinha, como estou fazendo agora. Vou te mandar meus textos, realmente espero que goste deles, são uma parte bem importante de quem eu sou e quem me tornei. Já vou alertando do quão melancólica e literária consigo ser nos textos, mas já escrevi acerca de muitos temas mais concretos, por assim dizer, como a redução da maioridade penal e o capitalismo. Está tocando Milo Greene [música: "1957"] agora, então é hora de dizer o quanto você é incrível, porque é o pai a mãe a amiga e o irmão que minha mãe nunca teve ao seu lado [digamos que nossa família não seja lá das melhores...], apoiando, orientando, aconselhando, encorajando, isso fez e ainda faz toda a diferença na vida dela, e fico grata por isso. Quero que você me ouça cantar algum dia. Quero que você me veja dançar algum dia, que me veja atuar e que veja algo que eu dirigi também. Quero que leia meus textos e faça suas piadas brilhantes.  

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