E dizem os medos/1

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Pouco se diz sobre as pedras. Não falo tampouco sobre pedras de uma boniteza inigualável, de pedras profundas que te furam os olhos como ônix. Lhes digo sobre as cinzas de asfalto pelos arredores. Pensei, enquanto caminhava sob o sol do meio dia, sobre as pedras e o que elas me causam. Num primeiro momento, as pedras de nada me serviam. Não havia brilho cor ou mistério nelas, não parecia haver história. Prestes a desistir de minha frustrada investigação, chuto uma. Continuei meu caminho, chutando-a até que seu percurso saísse do meu. Tentei algumas vezes tornar a chutá-la; aquela mesma pedra. Eu ia mais e mais para o meio da rua atrás da pequena beldade, até que um carro passa e me vejo obrigada a deixar a pedra lá, sozinha e acidentada. Segui caminhando e dançando, pensando na pedra que deixara para trás em nome da minha segurança. Ri alto ao perceber que faço por uma pedra o quê não faço por seres humanos. Jamais sairia de uma situação nociva e negativa se isto, de alguma, afetasse alguém que eu conheço.

E assim, chutando pedras de boniteza rala, observei o quanto saem de seus caminhos sonhos e anseios por universos que doem o corpo-mente. O quanto saem de si mesmos por poeiras escassas. Se a pedra não baila ao teu lado como tu bailas, saibas que seguir bailando sozinho tem o tom de uma certa liberdade.

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