Prólogo

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Um corredor escuro e vazio. Silencioso e mortal. Seria impossível caminhar por ele, se não fosse por uma pequena luz vermelha sobre uma grande porta de aço. 

Tec... Tec... Estalos do contato de um sapato alto sobre o chão de madeira quebrou todo o silêncio. Uma mulher alta e ruiva caminhou em direção à porta carregando uma maleta preta. Vestida de jaleco, a mulher passou pela porta tornando o corredor novamente vazio.

- Onde conseguiram os corpos? - perguntou a ruiva aproximando-se de corpos expostos em macas.

- Vieram de um necrotério - respondeu um homem gordo, também vestido de jaleco - O médico que nos forneceu, não deu maiores informações.

- Ótimo! Thanos me avisou que o sucesso desta pesquisa depende do silêncio das informações.

A sala era grande e pouco iluminada. Haviam vários equipamentos e geladeiras cheias de frascos de variadas cores. No centro, haviam quatro macas com um defunto sobre cada. Apesar da pele pálida, haviam falecidos há pouco tempo, talvez um ou dois dias. A pesquisa era perigosa e precisavam de corpos novos para sua conclusão. Dentre as quatro pessoas, uma era criança. 

- Estão prontos? - perguntou um segundo homem, usando terno, que acabou de entrar pela porta.

- Mais do que prontos! - respondeu ela - Thanos já me cobrou duas vezes sobre esta pesquisa. 

- Podemos começar então? - perguntou novamente o outro homem.

- Espera! - pediu a mulher - Prenda estas pessoas sobre as macas - o gordo olhou assustado para a ruiva - É para nossa segurança. Crystal me avisou sobre isto.

Os dois homens, então, prenderam os braços e pernas de cada um dos defuntos. O gordo se sentiu enojado ao prender a pequena garota. Ela era morena e parecia ter uma vida saudável.

- Rápido, Tom - disse o outro homem ao vê-lo parado olhando para a garota.

Tom, o gordo, terminou de prender os braços da menina. Ele, apesar de sua feição, era o mais novo dos três. Havia se casado há pouco mais de três anos e tinha uma filha de apenas dois anos que parecia muito com a garotinha morta.

- Os equipamentos estão ligados?

- Estão sim - respondeu Tom.

- Então vamos começar - concluiu a ruiva.

Daisy, a ruiva, abriu sua maleta. Dentro dela, haviam dois pequenos fracos com um líquido transparente. Ao lado, haviam quatro seringas e suas agulhas. Cautelosamente, Daisy hauriu o líquido do frasco com a primeira seringa. Virada para o primeiro corpo, ela injetou o líquido no pescoço. O primeiro corpo era de um homem idoso.

- Quanto tempo para o efeito? - perguntou Tom.

- Dez minutos, caso o vírus chegue ao cérebro da vítima com sucesso - respondeu o outro homem.

Com uma nova seringa, Daisy injetou o líquido no pescoço do segundo corpo, uma mulher negra. Sem problemas nos dois primeiros corpos, ela continuou o teste aplicando no terceiro, um homem de meia idade e na garotinha. Ao aplicar na garota, Daisy sentiu o mesmo que Tom. Um desespero que formava uma tempestade em seu estômago.

- O primeiro teste está pronto - concluiu o homem - Vamos torcer pelos resultados.

Os três se sentaram ao lado das macas e aguardaram os longos minutos finais do teste.

- O que vai acontecer depois? - indagou Tom. Os dois olharam confusos para ele - Depois do teste. Se o vírus conseguir o propósito, o que farão com ele?

Daisy sabia pouco sobre o projeto Genesis, então olhou também curiosa para o outro homem, Rey.

- Por que estão olhando pra mim? - perguntou Rey.

- Talvez porque você seja o único aqui, que participa das reuniões particulares com a presença de Thanos - respondeu Daisy.

- O que acontece depois é problema da GNOS. Nem vocês, nem eu precisa de mais informações. O nosso trabalho é concluir esta pesquisa. O que vem depois não é da nossa conta - retrucou Rey.

Tom já estava pronto para rebater Rey quando Daisy se levantou assustada.

- Conseguimos - disse ela.

Todos corpos, exceto o homem de meia-idade, estavam se mexendo com movimentos rápidos e estranhos. Parecia que estavam entrando em convulsão, mas como se estavam mortos há alguns minutos atrás? O que estava acontecendo na frente dos três parecia algo surreal, algo assustador. 

Daisy se aproximou da garota, a que mais chamou sua atenção. A garota se movimentava mais lenta, parecia robótica. Seus olhos estavam muito avermelhados e manchas escuras apareciam em sua pele. A garota movimentava sua boca em gestos de mordida e grunhia um barulho assustador. 

O homem da maca ao lado, saltou-se tentando se desprender das cintas e correntes. Daisy soltou um grito de susto ao vê-lo. O vírus conseguira o resultado com sucesso. Agora todos corpos se movimentavam. Pareciam criaturas irracionais que contemplavam algo que elas não compreendiam. A mulher olhava fixamente para Tom e movia sua mãos em sua direção. 

- Meu Deus, o que está acontecendo aqui? - perguntou Tom indignado.

- O futuro - respondeu Rey - nós estamos presenciando o futuro.

- Parecem... - pensou Daisy, antes de responder - zumbis.

Tom olhou assustado para ela.

- Zumbis? Tipo aqueles de filmes? - indagou Tom espantado.

- Sim, são zumbis, seu gordo idiota - respondeu Rey num tom agressivo.

- Por que está falando assim com ele, Rey?

- Por que eu tenho autoridade aqui, sua ruiva metida.

- Calma aí, seu estúpido - retrucou Daisy - Você não tem autoridade nenhuma aqui, muito menos em nos ofender.

- A questão aqui é poder. E tenho poder sobre vocês. Tenho que agradecê-los pelo esforço e ajuda na pesquisa, mas sinto muito em lhes informar, que o trabalho de vocês termina aqui.

- Do que você está ...

Um tiro. 

Daisy gritou ao ver Tom caído no chão com a testa perfurada por um bala. Rey estava segurando um revólver e agora apontava para ela.

- O que você fez? Por que? - perguntou Daisy aflita diante à cena presente.

- Não posso responder mais perguntas. Foi muito bom trabalhar com você, madame - concluiu Tom com um tiro que derruba Daisy ao lado de Tom.

Rey guardou seu revólver dentro da calça e pegou um walkie-talkie preso ao cinto de sua calça. 

- A pesquisa foi concluída. Os elementos reagiram ao vírus e os agentes foram excluídos. Aqui é Rey Fernandes deixando sua mensagem final. O vírus está pronto. O projeto Genesis começa aqui.

Assim que terminou sua mensagem, Rey guardou o walkie-talkie. O homem fechou a maleta de Daisy e a levou consigo. Ele passou pela porta deixando a sala. O silêncio do corredor novamente foi quebrado pelos grunhidos vindos da sala.

O reino da vida treme à ressurreição da morte.

Os mortos hão de se levantar.





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