Capítulo 15 - Geary Boulevard

1.9K 214 74
                                    

A lua estava tão bonita para uma noite tão cruel.

Dentro do carro, John e Albert aguardavam, impacientes, o descongestionamento do trânsito. Albert não parava de olhar para os retrovisores e se demonstrava bastante tenso.

- Está acontecendo alguma coisa? – perguntou John.

- Ainda não, por que? – respondeu Albert.

- Não para de olhar nos retrovisores, parece muito preocupado... sei lá.

- Estou tentando entender este congestionamento. Nunca, em toda a minha vida, vi a Geary Boulevard congestionada.

- E o que me diz do meu bairro?

- Laurel Heights também. Sempre foi um bairro calmo e de repente, em uma noite em que todos deveriam estar comemorando, acontece tantas tragédias.

- Eu já odiava halloween, depois desta noite, ficará totalmente fora do meu calendário.

Caracterizado por casas de dois andares, no estilo Eduardiano e Victoriano, Laurel Heights é um dos bairros mais populares do distrito ocidental em San Francisco. Tranquilo e belo, se torna um bairro bastante desejado por famílias. É conectado ao centro comercial da cidade pela rua Geary Boulevard, que por sua vez, é uma comprida rua de duas pistas separadas por um estreito canteiro. Como em toda a cidade, a Geary Boulevard tem uma leve inclinação de morro. Confusão não combinava com este lugar da cidade.

Ao início da rua, Albert notava uma grande movimentação. Com todos postes desligados e a rua iluminada apenas pelos faróis acesos dos carros, era difícil interpretar o que estava acontecendo lá. Além do mais, a Rua Anza – onde eles estavam – não permitia muita visão. Albert abriu o vidro do seu carro e colocou a cabeça para fora. O barulho era tomado por buzinas contínuas altas, mas ao fundo, Albert podia ouvir um outro som perturbador, gritos.

- Não é só Laurel Heights que tem problemas – comentou Albert abrindo a porta e saindo do carro.

- Aonde vai? – perguntou John.

- Fique no carro – respondeu Albert fechando a porta – Eu volto logo.

John obedeceu a ordem do xerife e ficou dentro do carro aguardando-a. Enfiou sua mão no bolso da calça e pegou seu celular. Procurou nos contatos por Abbie e ligou, mas seu celular estava sem sinal. Estressado com os sequentes problemas, atirou seu celular para fora do carro. Apoiou sua mão na testa e viu que ainda sangrava.

Com uma lanterna em mãos, Albert caminhou cuidadosamente entre os carros. Não havia espaço nem sobre as calçadas, pois também haviam sido tomadas por veículos menores. Quando mais se afastava de seu carro, maior era o barulho vindo do centro. Virou-se na primeira esquina e correu para a Geary Boulevard. A rua que ligava Anza à Geary Boulevard não era curta, aproximadamente 100 metros, e também estava bastante congestionada. Mas nada se comparava à Geary Boulevard.

Parado ao lado de um posto de abastecimento, Albert se mantinha perplexo pelo que via. Iluminada pelos faróis dos carros, a grande rua parecia um depósito de carros apreendidos. A grande fila se estendia até o centro, acompanhada de uma ópera de buzinas. A situação piorou desde quando Albert passou por aquela rua com John, há alguns minutos.

Uma mulher começou a gritar e, em seguida, os vidros da porta de uma loja de conveniência, ao fundo do posto de abastecimento, se estilhaçaram. Com o pedido de ajuda da mulher, Albert passou por entre os carros e correu para o posto. Uma mulher ruiva e gorda, desesperada, veio ao encontro de Albert percebendo que iria ajuda-la.

- Salve a minha filha, senhor – suplicou a mulher.

- O que aconteceu com ela? – perguntou Albert.

Zombie World - A Origem (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora