Capítulo 32 - O primeiro sol de novembro

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Faltava pouco mais de uma hora para a evacuação da cidade. A fila de pessoas que queriam entrar no estádio para serem resgatadas aumentava a cada minuto, e os policiais já não conseguiam mais controlar a entrada e separar os infectados dos não-infectados. Do outro lado da barreira que cercava o estádio, o caos era ainda maior. Pessoas desesperadas gritavam por ajuda e empurravam seus filhos por cima do muro para serem salvos. Dan, o policial encarregado de gerenciar a evacuação até que o xerife retornasse, estava desinquieto e os gritos dos desesperados lhe atormentava. Queria ajudar, salvaria todos se possível, mas não podia arriscar as milhares de vidas que estavam ali.

No estádio, a situação era mais calma. As pessoas estavam mais tranquilas e descansavam sentadas na arquibancada. Haviam mais de cinquenta mil pessoas, e mesmo com o sol quente e a pressão psicológica, tudo parecia controlado.

Sentado em uma poltrona no canto mais isolado do estádio, Hank passava suas mãos em seu rosto, refletindo a longa e assustadora noite de halloween, e procurando, por entre aqueles milhares de rostos, alguém conhecido. Sua esposa poderia estar viva, ainda havia uma chance para isto, mesmo que ela estivesse na casa de sua irmã no centro da cidade. Já tinha perdido seu melhor amigo, a casa de seus pais estava em chamas e seu cachorro virara comida daquelas criaturas nojentas e canibais. Se fosse para morrer, que estivesse ao lado de quem amava.

- Hank? – chamou uma voz suave.

Ele conhecia aquela voz. Estava louco para escutar outra vez.

- Oh, meu Deus! – gloriou a bela moça de cabelos loiros lisos enquanto corria para abraçar o jovem rapaz que vestia um uniforme ensanguentado – Pensei que tinha perdido você.

Aos prantos de emoção, Hank abraçou sua esposa e a levantou no ar, como já fizera em seu casamento. Sempre se apresentou como um homem sério e de sentimentos escondidos, mas não conseguiu segurar a ansiedade, o medo e a felicidade que explodiam em sua cabeça.

- Promete que nunca me deixará?

- Eu prometo – respondeu Hank com o mesmo medo.

***

O almoço preparado por Zoe, Abbie e Will satisfez a fome que todos sentiam naquela manhã. A cultura nova-iorquina de Zoe, a herança sul-americana de Will e o sabor caseiro de Abbie tornaram aquele almoço memorável.

No quarto, John e Oliver enchiam algumas mochilas e malas de roupas, o mesmo fazia Nick e Bruce na casa deles. Independente se seriam resgatados ou não, deveriam estar preparados para o que viesse. Ann, Dogson e Suzanne procuravam por facas, machados ou possíveis armas de fogo escondidas nas casas vizinhas. Na casa dos Houston, a sorte estava ao lado deles. O velho Houston era caçador e guardava diversas armas de fogo com munição em sua casa. Os olhos de Ann brilharam quando voltou a segurar uma nova sniper.

- Me dê esta sniper – ordenou Suzanne preocupada com Ann a segurando.

- Ficarei com ela – respondeu Ann.

- Nada disso, garota. É uma arma perigosa e importante... quando nas mãos certas.

- Ela está em mãos certas – comentou Dogson ao ouvir a ordem de Suzanne.

- Prove?

- Ela explodiu meu mercado.

Mais surpresa que a resposta de Dogson, foi uma forte buzina na rua. Suzanne puxou a cortina da janela para espiar e viu um ônibus escolar amarelo parado em frente à casa dos Thomson.

- Albert.

A porta se abriu e Alice saiu correndo da casa em direção ao ônibus gritando por seu pai. O xerife se emocionou ao abraça-la e reencontra-la salva. Junior saiu logo atrás dela e caminhou até Albert para cumprimenta-lo. Albert queria aproveitar o momento de paz com sua família e amigos, mas sabia que estavam atrasados para a evacuação.

Zombie World - A Origem (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora