Capítulo 16 - Bem-vindo à noite das procuras

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Caminhando sob à copa das escuras árvores que detalhavam a rua, Will pensava em tudo o que tinha passado pela vida. O farfalhar das folhas permitia o momento das lembranças e reflexões do passado sobre o presente.

Nascido em Drancy, França, Will Agron cresceu com as dificuldades sofridas por toda a população na crise pós-segunda Guerra Mundial. Com as revoltas e greves, Will perdeu sua mãe que manifestava pelos direitos estudantis e teve que sobreviver à esta sociedade sem a ajuda do papai, um bebum. Crescido nas ruas francesas, aceitou trabalhar para uma família de classe alta, mas foi abandonado quando completou quatorze anos. Em uma era migratória, embarcou em um navio pirata chegando à Nova Iorque. Com um período de ideologias fascistas, os imigrantes sofreram com a marginalização social, em xenofobia, e decaíram-se no abismo da miséria. Will, com sua vida crítica, se envolveu com uma atraente canadense, Lindy, que o levou para trabalhar em Vancouver, na oficina de seu pai. Recebido pela família, Will continuou o trabalho do pai de Lindy, depois que este morreu com tuberculose, e se casou com Lindy. Terminou seus estudos, estudou teologia e mudou-se com sua esposa para San Francisco, onde tiveram dois filhos, Ann e Alex. O nascimento do segundo filho despedaçou o mundo que Will lutou para construir, com a morte de sua esposa, e sentiu a depressão controlar sua vida. Impulsionado pelos amigos e fortalecidos pelo amor de seus filhos, Will relutou-se contra a depressão e manteve a promessa que fez a esposa, antes da morte, de nunca deixar que seus filhos passassem pelo mesmo que passou na infância, de torna-los pessoas de sucesso e prontas para enfrentar o mundo.

Mesmo após uma vida tão problemática, Will nunca sentiu medo como nesta noite, quando se perdeu dos filhos. Ainda que já tivesse abraçado eles, desejava chegar logo em casa e preparar tacos de peixe, o prato favorito de Alex e Ann, para se juntarem na mesa em um momento-família. Já era madrugada, mas sabia que os dois ainda estariam acordados esperando que ele chegasse, e também deveriam estar com muita fome.

Sua casa estava perto, mas parecia demorar para chegar até lá, ou talvez, Will estivesse sentindo isso. Duas mãos agarraram sua jaqueta e o puxou para trás, caindo sobre as raízes de uma árvore. Não conseguia reconhecer a pessoa, nem mesmo se era um homem ou mulher, mas sentiu seu pescoço sendo unhado e um corpo se colocando sobre ele.


                                                                                               ***


- Por que foi à casa dos Thomson? – perguntou Suzanne – Pensei que não gostasse deles.

- Não gosto do John, somente ele – respondeu Bruce – E além do mais, fui um idiota em toda minha vida guardando rancor sobre motivos bestas.

- Está se redimindo? Não parece o mesmo que conheci na festa.

- Aquela festa me fez enxergar os absurdos que fiz pela vida. Acreditei em quem não merecia e neguei aos que precisava.

- E isso foi suficiente para acabar com a festa, matar zumbis e salvar a família do inimigo?

- Ainda não – disse Bruce pensativo – Mas foi o suficiente para tentar um suicídio.

- O que? – indagou Suzanne parando na calçada – Suicídio é uma grande estupidez.

- Não parecia quando tentei.

- Minha tia tinha câncer e não desistiu até o último dia de sua vida. Meu pai matou minha mãe e foi preso, e hoje sou uma policial – contou Suzanne tocando sua mão no braço de Bruce – Por mais difícil que pareçam as coisas, nunca desista.

Zombie World - A Origem (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora