Zombie World - A Origem (Livro 1)

Capítulo 22 - Revelações

- Nick... Kitty... vocês estão nos escutando? Câmbio – perguntou Bin tenso enquanto segurava o walkie-talkie. Zoe, Lance e Lucy estavam sentados ao lado, na expectativa de reconectarem com os dois. O walkie-talkie chiou e manteve sem contato – Droga – murmurou Bin desalento.

- Tenta de novo – pediu Zoe angustiada.

- Não adianta – retrucou Lance – Já faz mais de cinco minutos que perdemos o contato com eles. Aconteceu alguma coisa.

- Doutor Lance, se não quer ajudar, podia calar a boca? – indagou Lucy estressada – Não podemos desistir deles, ou esqueceu que estão lá fora por nós?

- Eu não vou me rebaixar à tua arrogância, garota – respondeu Lance calmo – Já me causaram problemas demais hoje.

- Nós causamos problemas? Você que esconde pessoas infectadas e mente para todos os familiares, e vem reclamar de termos entrado na quarentena?

- E como acha que eu deveria lidar com os parentes daquelas pessoas que foram mordidas? – perguntou Lance indignado – Queria que eu os colocasse no quarto juntos e aumentasse o número de infectados? Vocês são tão ignorantes que não percebem o quão difícil é ser um diretor de um grande hospital.

- Acha mesmo que somos ignorantes? – perguntou Abbie irritada.

- Vocês pensam que tem como sair deste hospital? Acho que já respondi sua pergunta.

As palavras de Lance para Abbie surtiram uma atmosfera ainda mais tensa dentro da sala de controle. Abbie, parada à sua frente, olhava para Lance com uma expressão de decepção. Atrás dela, todos na sala estavam com as cabeças abaixadas refletindo suas indignações. Lance era médico-diretor do hospital, e conhecia qualquer ponto do hospital. Seu pessimismo sobre o plano irritava todos, mesmo percebendo que também estava irritado com toda a responsabilidade incumbida sobre ele.

- Vocês podem tentar, podem errar, podem persistir – comentou Lance quebrando o silêncio – Mas acreditar no impossível é ignorância.

***

Os grunhidos pareciam vir de longe, mas aos poucos que acordava, percebia que estavam próximos. Uma densa poeira branca volitava sobre si, encobrindo sua visão. Sentia dores em todo o seu corpo, sangue manava em seu ombro através de um corte. Uma voz masculina ressurgia entre os grunhidos, e irrompia sobre sua forte dor de cabeça.

- Kitty... – gritava uma voz – Kitty, acorda.

A voz não lhe era estranha, mas possuía temor, pressa... Kitty precisava se levantar, entender o que estava acontecendo, mas parecia presa em um pesadelo. Não conseguia mover seus braços, suas pernas, mas sentia a dor que latejava sobre seus membros. Um tiro estralou perto de seus ouvidos e sua consciência retomou-se junto ao disparo. Abriu seus olhos e encarou o pesadelo real.

- Kitty – continuava gritando por ela – Precisamos sair daqui.

Com a visão conturbada, Kitty viu os reflexos de um jovem rapaz segurando o revólver e mirando em outros corpos estranhos que se locomoviam até ele. Perto de seus pés, havia uma tubulação inclinada do teto ao chão, com a lata toda retorcida. Tubulação? Por alguns segundos, Kitty havia perdido a memória sobre tudo o que havia acontecido, mas a imagem da tubulação destruída reconstruiu suas lembranças.

Há algum tempo, Nick pediu para que ficasse parada, pois ouviam-se estranhos ruídos metálicos. Após um novo ruído, todo o sistema de tubulação que suportava os dois se rompeu e desmoronou-se no chão. A partir deste momento, Kitty lembrava apenas que sentiu uma forte dor na cabeça quando caiu no chão e as imagens do hospital, por mais escuras que já tivessem, se apagaram de vez.