Capítulo 13 - O hospital (Parte 2)

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A porta se abriu e um raio de luz iluminou o interior de um cômodo escuro. Lucy tateou a parede perto da porta e encontrou um disjuntor desligado. Apertou para baixo e duas lâmpadas fluorescentes se acenderam.

Era um pequeno cômodo cheio de prateleiras com peças de roupas. Era incrível como havia tanta roupa perdida, tantas pessoas que as esqueceram. Devia ter peças de décadas atrás, de gerações passadas. Não havia organização nas prateleiras, as peças de roupas estavam jogadas e misturadas.

Lucy caminhou pelo estreito corredor entre as prateleiras e verificou se havia alguma peça de roupa, mais atual e jovem, que caberia nela. Como Lunna já tinha dito, não seria muito difícil encontrar uma roupa que lhe serviria, pois Lucy era magra, mas em meio à grande desorganização daquelas prateleiras, seria difícil encontrar alguma.

Parou diante de uma alta prateleira com muitas peças de roupas femininas. Lucy teve a chance de se divertir por um momento olhando aquelas roupas. Havia uma camiseta branca, tamanho GG, com o rosto de Madonna, uma regata branca suja de sangue, uma calça jeans fedendo urina, uma camisola grande azul, uma calça tão larga que caberia três Lucy nela, uma camiseta escrita "Delícia da vovó", uma blusa da Hannah Montana, uma jaqueta da banda The Rolling Stones, uma calcinha bege tamanho grande – como alguém esquecia uma calcinha no hospital – um vestido florido, uma camiseta infantil dos Backyardigans e outras peças que faziam Lucy gargalhar ao imaginá-la usando-as.

Desistiu da prateleira das bizarrices e foi para outra, onde encontrou peças mais interessantes. Logo sobre o monte de roupas, havia uma blusa branca de alça que parecia ser o tamanho que Lucy usava. Estava limpa e não cheirava mal. No mesmo monte, encontrou uma jaqueta jeans simples, com apenas um furo na manga, mas que servia para vestir. Faltava a calça. Lucy continuou caminhando pelo corredor até chegar à uma mesa oval com várias calças jeans expostas sobre ela. Pegou uma calça escura de tamanho médio. Em baixo da mesa, haviam vários pares de sapatos, quase todos formais. Agachou-se para ver melhor e pegou um par de tênis All-star azul.

Voltou para perto da porta e verificou se ela estava trancada. Despiu-se de sua fantasia de princesa Lea e vestiu as peças de roupas que pegou. Colocou a jaqueta cuidadosamente evitando que o linho se agarrasse aos pontos de seu ferimento. Ao terminar de se vestir, colocou-se em frente à um espelho que ficava escondido atrás da porta. Mesmo que a roupa não fosse sua, ficou perfeitamente bem em Lucy.

Agarrou sua fantasia no chão e jogou-a em uma prateleira mais próxima. Amarrou os cadarços de seu novo tênis, arrumou seu cabelo e abriu a porta.

Precisava voltar para o lugar que marcou de esperar Nick. A situação no primeiro andar era parecida com os outros andares – quartos ocupados e corredores lotados de pessoas gravemente feridas. Ver aquelas imagens causava um desconforto em Lucy, que tinha hematofobia - medo de sangue. E para piorar, não conseguia esquecer Allan. O jovem rapaz que tinha uma longa vida pela frente foi atropelado por um ônibus desgovernado no caótico centro de San Francisco. Se não bastasse perder um amigo, Lucy também não conseguia entrar em contato com seus avós. Como morava na mesma rua que Nick, talvez conseguisse informações com ele sobre a situação do bairro.

Quando chegou às escadas para subir até o segundo andar, Lucy notou um caso diferente no hospital. Ao final do corredor, em um trecho isolado e escuro, haviam dois seguranças armados vigiando uma grande porta dupla. Mas por que eles estavam lá? Mesmo curiosa em descobrir, Lucy subiu as escadas para procurar por Nick.


                                                                                   ***

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