Capítulo 9 - A realidade se torna surreal

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Albert era delegado há uma década, mas exercia a profissão de policial há mais de 20 anos e nunca presenciou em sua carreira algo tão incompreensível que acontecera nesta noite. Já era madrugada e os problemas só aumentavam. Primeiro o pagão, depois a explosão e agora os corpos.

Estirados em frente ao mercado do senhor Dogson, estavam dois corpos, ambos com a barriga aberta. Os órgãos estavam expostos e sangue escorria de um furo no centro da testa de cada um. "Um tiro?", imaginou Albert ao avaliar a cena do crime. Mas e os órgãos expostos? Por que alguém abriria a barriga de uma pessoa daquela forma, se já estavam mortas?

Uma mulher chegou até Albert e entregou dois lençóis brancos limpos. Com a ajuda do Senhor Dogson, que encontrou os corpos após fechar seu mercado, estenderam os lençóis para cobrirem corpos.

- Aqui é o xerife Albert – disse em seu walkie-talkie – Preciso de uma equipe de análise urgente. Câmbio.

Houve um estalo na frequência, mas não recebeu resposta.

- Aqui é o xerife Albert. Preciso de uma equipe de análise. Câmbio.

Um novo estalo seguido do silêncio.

- Aqui é o xerife...

- Recebemos seu pedido, xerife. – respondeu uma voz masculina – Mas nossas equipes já estão trabalhando em outros casos na cidade, câmbio.

- Mas tenho dois cadáveres aqui, câmbio.

- Sinto muito, xerife, mas também recebemos outros casos piores na cidade, câmbio.

- Pode me informar sobre estes casos? Câmbio.

- Há incêndios, acidentes e ataques de zumbis, câmbio.

- Zumbis? Isso é uma piada?

A transmissão do walkie-talkie chiou e Albert não obteve mais resposta. Sua frequência havia sido cortada. A palavra "zumbis" soou à ele como uma brincadeira. Albert não acreditava em zumbis, fantasmas, monstros e outras criaturas da ficção. Resolveu acreditar que o policial que respondeu à seu chamado estivesse usando esta palavra para descrever algum ataque de ladrões. Em uma cidade grande, é comum assaltos e assassinatos quando a cidade mergulha na escuridão.

- Daniel, você está me escutando? Câmbio.

- Sim, xerife. Estou na escuta.

- Preciso que venha até o mercado do senhor Dogson e vigie a cena do crime até que a equipe de análise chegue. Câmbio.

- Já estou à caminho, xerife. Câmbio.

Albert guardou seu walkie-talkie no bolso e dirigiu-se para Dogson que aguardava paciente desde que encontrou os corpos.

- Senhor Dogson – chamou Albert – Será que você poderia ficar aqui vigiando até o Daniel chegar?

- Posso sim, xerife Albert – respondeu Dogson.

- Excelente. Cuide que ninguém mexa nos corpos. Qualquer detalhe em uma cena de crime pode ser valiosa.

- Pode deixar comigo.

- Muito obrigado, Dogson.

Após agradecer ao velho comerciante, Albert se retirou do local e seguiu de volta para o incêndio. Precisava ajudar John e Suzanne à combater o fogo e procurar por sobreviventes. Sua cabeça parecia que iria explodir. Uma dor o incomodava e o cansaço o atrapalhava. Também estava preocupado com sua filha, que havia chegado da França há poucos dias. Tentou ligar para ela, mas o celular estava sem sinal. Sua filha já tinha 23 anos, mas ao ver todos estes acidentes em uma noite só, foi algo à se preocupar.

Zombie World - A Origem (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora