Capítulo 7 - Caos

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"Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações estarão em angústia e perplexidade com o bramido e a agitação do mar. Os homens desmaiarão de terror, apreensivos com o que estará sobrevindo ao mundo; e os poderes celestes serão abalados. " – Lucas 21:25-26

Sob a luz das velas, a igreja mergulhava-se no silêncio. Sentados e com as cabeças abaixadas, os fiéis escutavam as palavras do padre. Era um dia festivo e alegre, mas repugnado pela igreja. Estava claro nas palavras do líder religioso quando anunciava o dia das bruxas como seita do Diabo.


Em meados do século XV e XVII, na Europa Medieval, a igreja vestiu uma missão: caça às bruxas. Toda pessoa que fosse praticante de ciência ou duvidasse da Palavra de Deus era conhecido como praticante de satanismo. Com a evolução da história e do conhecimento, a ciência promoveu grandes descobertas e discussões. Ameaçados de fraude e em queda de popularidade, a Igreja se viu no abismo para o fim. Revoltados, decidiram caçar todo aquele que praticasse a ciência ou duvidasse da palavra de Deus e foram descritos como praticantes de satanismo e que usufruíam de entidades paranormais. Em 1484, o Papa Inocêncio VIII emitiu a Summis Desiderantes Affectibus, que era um documento papal que reconhecia as atividades das bruxas e apoiava sua caça. Vários grandes cientistas estiveram na lista de caça da Igreja, entre eles Galileu Galilei que provou que a Terra girava ao redor do Sol, sendo oposto à Igreja que dizia que a Terra era o centro do universo, onde o céu fica em cima e o inferno abaixo. Executados em praça pública, a sociedade sucumbiu-se ao poder da Igreja e a ciência teve sua derrota. Os cientistas tiveram que se esconder, formando uma sociedade secreta e o conhecimento parou no tempo. Algumas dezenas de anos depois, a Igreja passou por problemas sociais e na busca pelo conhecimento e evolução do homem, a ciência retomou sua força e prevaleceu na sociedade. Mesmo, depois de tantos séculos passados, a batalha entre a Igreja e a Ciência continua, dividindo as opiniões da sociedade.


Padre Hank se colocou de pé e entoou um cântico. O coral tomou suas palavras e a Igreja seguiu a canção. As vozes, cantadas pelos fiéis, ecoaram pelo grande salão da Old Saint Mary's Catedral. A igreja foi construída em um belo estilo arquitetônico, em meados de 1850, e se tornou a primeira catedral de San Francisco.


As portas se escancaram e surgiu um homem, com suas vestes rasgadas e a mão esquerda suja de sangue. Seus olhos enegrecidos causavam um espanto à quem vesse, porém, não foi percebido pelas pessoas, que estavam concentradas no cântico.


- Olha aquele homem – apontou Kitty.


- Deve ser um mendigo, Kitty – disse sua mãe Zoe – Atente-se à missa.


Kitty obedeceu sua mãe e voltou à cantar. O homem continuou caminhando pelo corredor central da igreja e não distraiu-se com as pessoas que cantavam ao lado. O homem apenas seguiu até o altar, onde o padre estava em frente cantando.


Uma mulher, negra e magra, que cantava no coral, observou um movimento vindo de fora da igreja. A porta que estava entreaberta, mostrava, em meio à escuridão externa, vultos em ação. Os orfeões, ao lado, focaram-se no homem que aproximava-se do padre.


Um casal, parecidos com o primeiro homem, passaram pela porta e fizeram o mesmo trajeto, com um andar arrastado, meio caído. Kitty, percebendo o problema que entrava na igreja, puxou o braço da mãe, aflita.

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