Capítulo 27 - O caos termina. O pesadelo começa.

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O vento frio assobiava sob as copas das árvores da calçada, produzindo uma canção sinistra com os grunhidos dos mortos-vivos. Em frente ao departamento policial, dezenas de zumbis vagueavam pela rua e cercavam a entrada do prédio. Feixes luminosos desenhavam as sombras dos sobreviventes que ali se homiziavam, além do ribombar de gritos angustiantes de um possível infectado.

- Isto não vai adiantar – explanou o policial Ralph – Ele está infectado.

- Não sabemos ainda, Ralph – respondeu Albert que segurava a cabeça do policial Emmanuel enquanto era curado pelos outros policiais – Precisamos controlar a sua hemorragia.

- Xerife – chamou Rachel, uma jovem policial negra, olhando para os olhos de Albert – Ralph tem razão, não tem como ajudar o Emmanuel.

- Rachel, por favor...

- Não, xerife. Nesta noite, enquanto estava em patrulha no bairro Japantown, vi várias pessoas que foram mordidas e retornaram como aqueles monstros lá fora. Não podemos ajuda-lo, mas precisamos isolá-lo para evitar novas vítimas.

- Você não pode dar ordens aqui.

- E não posso mesmo, mas você pode! Deixe de agir com o coração e concentre-se na defesa de sua cidade. Não se pode salvar o que está perdido, mas o que deve ser ajudado.

Albert olhou piedoso para Emmanuel, que agoniava deitado no chão, enquanto recebia curativos de seus colegas de trabalho. Sua camisa estava aberta, expondo um largo ferimento que cortava todo o seu peito, além de seu ombro que havia sido mordido. No ferimento, havia pus nas bordas da pele rasgada, e pela carne apareciam veias enegrecidas. O rosto do jovem policial estava mais branco do que o normal e suava muito. Albert não havia examinado sua temperatura, mas tinha a certeza de que ele estava com muita febre. Independente se Emmanuel houvesse sido infectado enquanto lhe salvava, Albert não poderia arriscar a segurança dos outros policiais por comiseração. Rachel tinha a razão de que Emmanuel era uma ameaça, e que Albert deveria agir com prudência.

- Coloquem-no em uma cela – ordenou Albert.

- Por favor, xerife – suplicou Emmanuel aos prantos – Não me abandone. Por favor, me ajude... por favor.

- Sinto muito, Emmanuel – lamentou Albert desviando seus olhos do policial.

- Por favor, nãoooo...

Enquanto Emmanuel suplicava com gritos por ajuda e era levado pelos outros policiais até uma cela, Albert se dirigia para Ralph e Rachel, que estavam à postos próximos da porta.

- Não podemos salvar o que está perdido, mas o que deve ser ajudado – Albert repetiu as palavras de Rachel – Quero que se comunique com os demais policiais que estão em patrulha, e obtenha o máximo de informações possíveis sobre a situação da cidade.

- Sim, xerife – aceitou Rachel – Com licença.

Albert consentiu-se para Rachel e deu uma nova ordem para Ralph:

- Vá até a garagem e verifique a segurança do local. Contabilize o número de caminhantes que conseguir ver e me retorne com as informações.

- Pode deixar, xerife – assentiu Ralph se afastando de Albert.

- Ralph – chamou Albert – Tome cuidado.


***


No escritório de Albert, John tratava do ferimento de Francesca, que parecia ter piorado ainda mais. A mexicana estava sentada sobre a mesa, enquanto John enrolava uma atadura branca em sua perna. Ela também havia notado que o corte na cabeça de John estava sangrando, e que o mesmo também deveria ser tratado.

Zombie World - A Origem (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora