Capítulo 43

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Hermione experimentava o verdadeiro sentido da palavra "tédio", sentada naquela cadeira e ouvindo Harry e Rony repassarem o plano pela centésima vez. Eles não sabiam que ela podia simplesmente entrar pela porta da frente do Gringotes e pedir para entrar no cofre da família Black, então ela tinha que aturá-los falando e falando sem parar. Regulus já cochilava no seu canto, mas Harry e Ron estavam tão absortos em seu plano que nem notaram. Ela poderia fazer o mesmo, sim, mas eles olhavam para ela de dois em dois segundos para verificar se ela compreendera ou tinha alguma mudança para fazer.

E ela tinha. O plano era, para ser direta, horrível. Não que a qualidade do plano fosse alterar no sucesso da missão, de modo algum! Hermione poderia entrar no Gringotes cheio de duendes e Comensais com uma placa de néon na cabeça dizendo: "EU VOU ROUBAR UMA HORCRUX DE LORD VOLDEMORT PARA DESTUÍ-LO" e todos iam agir como se fosse a coisa mais normal do mundo.

–Não acham que seria melhor eu simplesmente entrar, com vocês cobertos pela capa e com o Regulus usando um feitiço para mudar a aparência? Seria mais simples.

–Não, Hermione, é muito arriscado – Ron respondeu sem tirar os olhos do mapa do Gringotes que eles tinham feito. –Além do mais, alguém poderia reconhecer Regulus.

–Todos pensam que ele está morto. E eu acho que é muito bom. Simples e objetivo. Entramos, pegamos e saímos antes que alguém se dê conta – ela concluiu prendendo o cabelo. – Além do mais...

–O que é isso roxo no seu pescoço? – Harry perguntou assim que Hermione terminou de prender os cabelos.

A mão de Hermione foi automaticamente para onde Harry olhava. Ela não sentiu nada, mas mesmo assim fez uma leve careta de dor.

–Pensei ter ouvido um barulho durante a noite, pesadelos, sabem? Então eu me levantei no escuro e acabei batendo na quina de uma prateleira. Não foi nada de mais – ela os assegurou.

Pensar naquela marca em seu pescoço a lembrou da noite passada com Tom e um leve sorriso apareceu em seus lábios. Ela tinha passado a noite fora, escondida como uma adolescente, e tinha se sentido completa de novo quando ela e Tom se amaram depois de semanas.

–Mas voltando ao assunto – continuou -, eu ainda acho melhor entrar pela porta da frente com vocês invisíveis e Regulus disfarçado. Qualquer coisa vocês podem lançar um Imperio em quem quer que esteja causando problemas. Somos bruxos, afinal.

.

Ela sentia os olhares dos duendes e de alguns Comensais em suas costas e ouvia os passos de Harry coberto pela capa da invisibilidade, ao seu lado, Regulus, loiro e bronzeado, olhava para todos e tudo com fascínio. Às vezes ela esquecia que ele realmente se fez de morto por vários anos e, embora tivesse uma certa liberdade, não podia sair andando pelas ruas e lojas. Pensou em como se sentiria no lugar dele.

Mas logo deixou de pensar nisso. Tinha uma missão e deveria se concentrar inteiramente nela naquele momento. Aprumou-se em um dos infinitos vestidos verdes de Walburga e dirigiu-se até um duende com Regulus a seguindo e os meninos ao seu lado; ela podia ouvir a respiração descompassada de Harry.

Ron tinha ficado na casa dos Black, guardando o forte e servindo de possível reforço externo caso fosse necessário. Ele não ficou muito feliz com a ideia, mas ao longo das duas semanas que tinham passado aperfeiçoando o plano e criando problemas e como resolvê-los, todos viram que a capa não seria o suficiente para cobrir Harry e Ron de modo seguro, sem o risco de alguém ver os pés deles ou algo assim.

–Eu desejo entrar no cofre de minha família – ela disse petulante, com todo o desdém que podia. – Certamente sabe quem eu sou, espero.

O duende tomou um susto quando se deparou com ela ao levantar a cabeça. Eles a esperavam, mas mesmo assim era uma surpresa ver a Lady das Trevas em pessoa, mesmo que no momento ela ainda empenhasse o papel de amiguinha do Potter.

A Verdade Sobre HermioneOnde histórias criam vida. Descubra agora