Capítulo 4

1.6K 107 6
                                    

Capítulo 4 - não passe do limite!

Felipe

Foi um alívio e tanto Mel ter aceitado a proposta de noivado. Confesso que fiquei muito apreensivo quanto a ela recusar a ideia. Ela foi a primeira pessoa que me veio à mente quando pensei nesse negócio de casamento falso. Não que a gente irá casar, o trato é apenas noivar e ficaremos assim por seis meses. A menos que...

Na realidade, eu não sei se teremos que casar. Talvez sim, talvez não. Eu não queria fazer isso com ela, colocá-la nessa situação. Mas eu me lembrei de quando Mel começou a desabafar comigo sobre os pais não lhe apoiarem na carreira que ela escolheu, e que não a ajudavam a pagar os estudos, e, disse-me também, que ela não durava muito nos empregos, mesmo se esforçando para tal. Chegava a sair lágrimas dos olhos dela quando ela contava tudo para mim. Então juntei a minha necessidade de arranjar uma noiva com a dela de pagar as dívidas da faculdade e as próximas. Foi um bom acordo, sem contar que eu nutro por ela uma paixão meio louca, porque ela é minha amiga de tempos. Eu até cheguei a pensar que estava confundindo o afeto de amigo por algo romântico.

Mas não. Defenitivamente não. Entre conhecê-la e o momento atual, eu acabei apaixonado. E qual a razão de eu nunca ter falado isso para ela? Medo de perder sua companhia e amizade, até porque ela já me apresentou dois namorados. O primeiro, Victor, ela não demostrava estar apaixonada, digamos que não se via paixão nos olhares dela para ele e vice-versa. Porém ele era rico. E seus pais, gananciosos como sempre, todo o tempo em que Mel e Victor estiveram juntos, insinuavam um futuro entre eles dois. Eu só me corroía por dentro, sem poder fazer nada. Eu odiava Victor.

E, então, terminaram e um tempo depois começou a se enrolar em um caso com Guilherme. Era perceptível o fato dos dois estarem apaixonados e se amarem. Gostei menos ainda desse. Ele foi para Europa pouco depois, mas não me importei. Só tive que aguentar Melanie chorando por alguns dias - ou meses. O que, de certa forma, me deixou mal.

Hoje, no jantar com os meus pais, eu percebi que ela voltou tensa depois da ida ao banheiro. E, coincidentemente, Christofer não estava conosco, estava no segundo andar. Eu sei o quanto meu irmão é provocador, tenho certeza que fez algo para atormentar Mel no andar de cima da casa.

Agora, estou aqui com ela no carro, e Melanie continua tensa, nervosa e aflita. Isso só está me dando mais certeza de que ele fez algo que a deixou assim.

— Pode falar, o que meu irmão te fez? —  e para não deixar dúvidas sobre quem falo, emendo: — Estou me referindo ao Chris.

Percebo ela puxar uma respiração. Fica por algum tempo em silêncio, e eu, não aguentando mais isso, levo minha mão para sua coxa nua e sinto um choque percorrer meu corpo com a sensação de sua pele sob a minha. Mas ela não percebeu isso. Para ela, foi um inocente toque de amigo, apenas me oferece um sorriso amarelo e retiro minha mão rapidamente da sua pele lisa e macia.

— Ele... eu não quero te colocar contra seu irmão, mas... — ela puxa o ar e o solta lenta e delicadamente. — Ele tent... Tentou me assediar — aperto o volante com mais força e sinto meus nervos ferverem ao ouvir isso, uma raiva descomunal tomando conta de meu corpo. — Me perguntou se eu não queria ser a secretária dele por uns instantes.

A face dela está amedrontada, e percebo os olhos cor de mel dela começando a encher de água.

— Ele o quê? — indago, persistente.

— Pois é, foi o que ouviu. Me senti um lixo e, apesar de eu ter que vê-lo frequentemente, eu não conseguirei me sentir bem na presença dele, entende? — uma lágrima cai de seus olhos e ela se apressa em limpar. — E, poxa, ele não poderia fazer o que fez comigo. Não é justo. A começar que você é "meu namorado" — faz aspas com os dedos —.  e, em segundo, ele não deveria tratar uma mulher desse jeito. Tenho dó da futura esposa dele.

Proposta TentadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora