Capítulo 29

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~MELANIE

— Não vai me convidar pra entrar? — pergunto num acesso de coragem.

Felipe olha meio perdido pra mim, como se não acreditasse que eu estava mesmo à sua frente. E eu o entendo, porque ainda não caiu a ficha de que é ele tão perto de mim.

Tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe.

— O que está fazendo aqui? — a indagação não sai rude, mas sim incrédula.

Inspiro profundamente antes de responder.

— Precisamos conversar.

— Mel... não acho que há algo para conversar — fala, um pouco cabisbaixo.

Piso forte no piso e cruzo meus braços, inflando levemente a bochecha.

— Você não tem que achar nada! — retruco. — Estou dizendo que precisamos conversar, então nós iremos conversar. Deixe-me passar!

— Não — ele imita meu gesto, cruzando os braços fortes.

Seria tudo mais fácil se ele não estivesse semi-nu. Não evito meus olhos de passarem por seu corpo másculo e levemente bronzeado, apenas passo a língua nos lábios, umedecendo-os, uma vez que minha boca secou com a visão maravilhosa.

Droga, Mel.

Concentre-se.

— Tem como você colocar a droga de uma roupa? — exalto-me.

Um sorrisinho malicioso se abre na face dele e Felipe descruza os braços, exibindo o corpo...

Espera aí! Por que ele parece tão mais magro?

— Você emagreceu — constato num murmuro, analisando bem seu corpo, ainda forte, mas com certeza mais magro e com menos músculos.

— Qual o problema? Não gosta mais do meu corpo?

— Eu disse que nós precisamos conversar — mudo de assunto, pois não é uma boa hora para começar a falar sobre perda de peso, porque certamente ele mencionaria a minha.

— Melanie...

— É sobre a empresa — interrompo, por fim o fazendo abrir espaço para mim.

O apartamento não mudou nada desde a última vez que estive aqui. Quando olho para a cozinha, que é separada da sala apenas pelo balcão, lembro-me no mesmo instante da manhã de domingo em que eu e Felipe estávamos bem. O mesmo dia em que tudo ruiu e eu fui sequestrada.

— Sente-se — ouço sua voz, apenas alta o suficiente para eu ouvir.

Faço o que ele pede e me encolho no lugar, antes de criar coragem para falar sobre a merda que deu na empresa dele por causa do nosso término.

— Então... fiquei sabendo que a empresa foi prejudicada, não é? Pelo fim do nosso relacionamento, se é que podemos chamá-lo assim.

— Pois é. Parece que as pessoas não confiam num cara que pede alguém em casamento que nunca foi apresentada para a mídia e logo depois de poucos dias o relacionamento termina. E também parece que não confiam em alguém que supostamente agride a noiva — dá de ombros, como se não fosse muita coisa. — Mas o que você faz aqui, sobre o que quer conversar?

Proposta TentadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora