Capítulo 25

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~MELANIE

Não consigo reagir ao ver Felipe sentado na cadeira que fica ao lado da minha, apenas continuo em pé estática, observando-o na pouquíssima luz que o ambiente permite.

Quando ele finalmente me olha, a surpresa em seus olhos me garantem que Alexandre não abriu a boca para falar que eu estava no shopping também.

— Mel, senta logo, o filme vai começar! — Estela pede, sem perceber que é Felipe quem tirou toda minha concentração do filme que estamos esperando há tanto tempo.

O contato visual entre nós dois é desfeito por mim, ao me acomodar na poltrona. Já menos surpresa com a situação, eu sinto perfeitamente as batidas aceleradas e estúpidas do meu coração, além do leve suor que sai das minhas mãos, o qual limpo ao passá-las nas minhas pernas.

É oficial: nem mais três meses ou três anos serão suficientes para eu superar Felipe. E é aí também que mora o problema: eu descobri não quero superar, porque amar e ser amada por ele, foi a melhor coisa que aconteceu comigo.

Mesmo com o começo do filme mais esperado por mim, eu ainda não consigo focar cem porcento da minha atenção nele. O que é horrível, porque eu sei que terei que vir assistir de novo.

Após o término do filme, e com toda a agitação das pessoas, Estela diz pra mim:

— Melhor esperarmos... — ela se cala quando percebe Lipe do meu lado. — Felipe?

Por mais que eu queira vê-lo, eu não tenho coragem de levar meu olhar para a mesma direção que o de Estela está, então apenas permaneço encolhida no meu canto, com medo de qualquer movimentação.

— Oi — murmura baixo.

O som delicioso de sua voz faz um arrepio perpassar por minha espinha.

— Vamos, Lipe — ouço a voz de Alexandre chamar. — Mel? Estela?

Mesmo com seu chamado, eu não ergo meu rosto, permaneço com ele abaixado, com medo de fazer algo estúpido como, por exemplo, me jogar nos braços de Felipe assim que eu puser meus olhos nele.

Que situação, meu Deus.

— Vamos, Felipe — Alexandre insiste, com certeza querendo acabar com o constrangimento da situação.

Mas seu apelo é o suficiente para fazê-lo levantar, murmurar um baixo 'tchau' e começar a sair da fileira no sentido direito.

— Felipe, espera — em um ato completamente impensado, eu me levanto e o chamo, sem saber exatamente o que eu quero com isso.

Vejo seu corpo tensionar, mas ele não se vira pra mim. Sua postura defensiva me faz encolher os ombros, já arrependida de tê-lo chamado.

— Sim? — a voz carrega um pouco de tensão e me sinto péssima no instante seguinte.

— Nada não — respondo à contra gosto e me viro para sair da fila na direção oposta da dele, pela esquerda.

•••

Minhas mãos ainda tremem um pouco quando chegamos em casa. Tornou-se oficial: eu não conseguirei esquecê-lo. Esses sentimentos e reações do meu corpo perante ele são insuportáveis quando não estamos juntos.

Solto uma respiração quando me jogo, ao lado de Estela, no sofá confortável de nossa casa.

E é nessa hora que meu celular vibra, indicando uma ligação. Quando checo o ecrã, vejo que é um número desconhecido.

Não tenho nenhuma vontade de atender, mas o faço do mesmo jeito quando deslizo o dedo pela tela, pois pode ser importante.

— Alô — resmungo sem empolgação alguma.

Proposta TentadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora