Capítulo 14

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Capítulo 14 - mas eu me mordo de ciúmes

MELANIE

Bem, eu acho que a divindade lá em cima esqueceu que eu era voluntária num orfanato e resolveu ferrar minha vida.

É o primeiro pensamento que tenho ao ver Victor e Alexandre interagindo.

Os dois param o que estão fazendo e olham para mim. E eu permaneço paralisada, sem saber o que fazer.

Alexandre é o primeiro a quebrar o silêncio.

— Mel, este é Vic...

— Nós já nos conhecemos — Victor interrompe, olhando quase debochado para mim.

Filho da puta.

Saio de meu transe e repito:

— Sim, já nos conhecemos.

Alexandre parece lembrar de alguma coisa, que eu suponho ser do jantar duas noites atrás. Mais precisamente, no momento em que Victor apareceu na nossa mesa e eu saí com ele para conversar.

— Se conhecem de onde? — meu chefe questiona, com uma leve carranca no rosto.

— Fomos namorados e agora ela está noiva do melhor amigo dela na época em que namorava comigo. Curioso, não?

Filho da puta: parte 2.

— O que você está fazendo aqui, para começo de conversa?! — pergunto, ignorando completamente a expressão de choque no rosto de Alex.

— Melzinha, você esquece muito fácil que eu faço parte disso.

— Disso o quê? — franzo o cenho.

— O incrível mundo dos negócios — sorri sem mostrar os dentes, abrindo levemente os braços, como se estivesse exatamente ali o tal mundo.

Eu sei que ele faz parte disso, eu só não quero ele perto de mim nem de alguém próximo a mim.

Nós não tivemos um bom término. Nossa separação não foi boa. Houve palavrões, gritos, coisas quebradas. O motivo? Ciúmes. De ambas as partes. Foi pesado e o mais irônico: Victor tinha ciúmes de Felipe, meu atual noivo e futuro marido.

Obrigada pela ironia, universo!

— Eu vou me retirar para que vocês conversem, então — digo, já virando para sair da sala.

— Não precisa, já terminamos aqui — Alexandre intervém e o agradeço profundamente por isso.

Meu ex revira os olhos e caminha graciosamente até mim. Antes de atravessar a porta, o infeliz deixa, repentinamente, um beijo no canto da minha boca, sem me dar chance de desviar.

E finalmente temos o fim da trilogia, estrelada por Victor Bettencour:

Filho da puta: parte 3.

Solto o ar que prendi, amaldiçoando-me mentalmente por ter ficado afetada pelo simples toque dele. Olho para Alexandre, que está me encarando com as sobrancelhas arqueadas.

Enquanto caminho até a mesma cadeira estofada de couro que Victor estava, questiono:

— O que foi?

— Que droga foi essa? Seu ex tem o costume de te beijar assim?

— Não — limito-me a responder, sentando na cadeira de frente para ele.

— Então o quê?

— Ele é um filho da p... — me calo quando percebo que estou falando palavrão para meu chefe. — Um filho da mãe. Isso que ele é.

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