Capítulo 6

1.3K 103 12
                                    

Capítulo 6 - reencontros e incertezas

Melanie

Assim que chego a minha casa, uma hora depois, Estela espera por mim, com um sorriso no rosto. Mas seu sorriso é hesitante.

— O que houve? — indago, deixando a mochila no sofá.

— Você tem visita — responde, ainda hesitante.

— E quem é?

— Sou eu, anjo.

Congelo ao ouvir sua voz. Mas que merda é essa? Viro em direção a voz e fico estatelada, encarando meu ex-namorado, Guilherme, me fitando.

Olho bem para ele. Os cabelos loiros-avermelhados estão despenteados (como sempre), os olhos verde-folha me encaram intensamente, a boca carnuda está numa linha fina - nervosismo, com certeza. Guilherme é alto, ele me disse certa vez que sua altura era 1,87, além de musculoso. Sua pele dourada me diz que meu ex aproveitou bem no tempo que estava viajando.

— O que você está fazendo aqui, Guilherme? — pergunto, fria.

Eu tenho namorado - namorado de mentira -, lembro pra mim mesma. Não posso - nem quero - pular para os braços dele, até porque, eu já não sou mais apaixonada pelo meu ex.

— Senti sua falta, anjo — sua cara meio sofrida me machuca, mas ele sabia que já não tínhamos nada um com o outro.

— Não somos mais namorados — devolvo.

Me parecia errado uma aproximação com o Gui, e eu não entendia o porquê.

— Mel... somos amigos — ele faz uma pausa. — E eu queria te ver. Não vai me dar nem um abraço? — Guilherme fez uma cara de mágoa.

— Não, vai embora.

— Anjo, não faz isso, por favor. Vamos conversar.

Gui e eu tínhamos terminado numa boa, ficou uma amizade, mas aí ele foi embora, e eu fiquei muito abalada, sentindo muito a falta dele. E agora ele estava aqui, na minha frente. O motivo de muitas risadas minhas.

Mas principalmente, o motivo de muito choro também. Lágrimas involuntárias caíram dos meus olhos e eu me apressei a limpá-las.

— Eu vou lá dentro, vocês precisam conversar — Estela avisou.

Não fiz nenhuma objeção, nem Guilherme, então ela sumiu no corredor que levava ao meu quarto. Continuei calada, com os olhos fixos no chão. Quando ousei levantar a cabeça, encontrei meu ex me olhando.

— E então? — perguntei, vagamente.

Como se saísse de um transe, Guilherme caminha lentamente até mim, mas eu fico parada, não me movo um centímetro.

Antigamente, sua aproximação me causava arrepios, deixava minhas mãos trêmulas e meu coração parecendo bateria de escola de samba. Agora, no entanto, eu não sentia absolutamente nada.

Mas era Guilherme, meu amigo, meu companheiro de muito tempo. Então, quando ele estava me alcançando eu pulei - literalmente - nele. Meus braços rodearam seu pescoço e minhas pernas abraçaram sua cintura.

— Anjo... — Gui sussurrou no meu ouvido e me apertou contra seu corpo. — Senti tanto sua falta.

Fiz um movimento para me afastar para que eu pudesse fitá-lo nos olhos. Ele parece ter entendido isso, pois logo me colocou no chão com delicadeza.

— Eu também senti a sua. Muita — admito.

Guilherme levanta as mãos e seca o pouco de lágrimas que ousaram cair de meus olhos. Nesse momento, a campainha toca. Franzo o cenho. Quem diabos é?

Proposta TentadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora