Capítulo 18

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Capítulo 18 - sequestro e criancices

MELANIE

— Não existe a menor possibilidade de ela sair com vida daqui — ouço a voz masculina falar enquanto eu escuto por trás da porta.

— Como assim? — uma segunda voz, também de homem, rebate.

— É surdo, cacete? Depois que pegarmos a grana, a gente mata ela. Talvez mataremos o próprio Felipe, também.

Meu coração dispara em meu peito. As esperanças que eu tinha sumiram assim que ouvi as palavras.

Eu não posso deixar que Felipe venha em meu resgate. Senão eles o matarão.

Mesmo eu tentando evitar, as lágrimas rolam sem parar por minhas bochechas.

Quando eu acordei, ontem de tarde, eles disseram que não me machucariam, então eu fiquei tranquila, sem fazer escândalo. Mas agora é diferente.

Não há a menor chance de eu sair viva daqui. Eles vão pegar uma grande quantia de dinheiro e me matar logo depois, com o grande talvez de tirar a vida de Felipe também.

Ouço passos vindo para o quarto em que estou, portanto eu me apresso para sentar no chão e fazer cara de paisagem.

Um homem adentra ao quarto com um celular na mão. A touca preta cobre todo o rosto, então não sei dizer a aparência dele, apenas que tem dois estranhos olhos vermelhos, o que presumo ser lente.

— Seu noivinho quer falar com você.

— Mel? Mel, eu vou te tirar daí — Felipe grita, com a voz cansada e ofegante.

— Felipe? Presta atenção no que eu vou dizer — fecho os olhos, criando coragem para falar o que preciso com o sequestrador aqui do lado. — Eles vão me matar de qualquer jeito, não venha e não traga dinheiro nenh...

Sinto um tapa forte no meu rosto e não tenho a chance de terminar minha fala. Caio para o lado com um gemido doloroso, o impacto faz uma dor aguda se espalhar por meu corpo. Não tenho tempo de me recuperar, pois um chute forte vem certeiro no meu estômago, fazendo-me vomitar o café da manhã — o pão com queijo e água que eles me deram — junto com sangue.

— Mel! — ouço Felipe gritar, mas estou tossindo demais para responder alguma coisa. — Melanie!

— Pensei que a colmeia era quieta e boazinha — o estranho debocha enquanto luto para me manter sentada.

— Não toque nela! — ouço Lipe esbravejar através do aparelho. — Não ouse encostar em um fio de cabelo dela, seu porco!

Continuo tossindo, sentindo o péssimo gosto do vômito na minha garganta.

— Ela tinha razão — o sequestrador revela, abaixando-se para ficar na minha altura e olhando com nojo para o vômito ao nosso lado. — Eu não pretendia devolvê-la com vida.

Sons de exclamação e indignação soam pelo celular — meu celular — que me levam a seguinte conclusão:

Felipe não fica sozinho enquanto conversa com o filho da puta que me sequestrou.

Será que meus pais sabem? Quer dizer, é para eles saberem. Não que eu os queira preocupar. Longe disso, mas eles precisam saber que a única filha deles está correndo risco de vida.

— Mas — o sequestrador acrescentou — como sou legal, a devolverei vivíssima da Silva. Só tem um porém, Guettman. Quer saber qual é?

— Diga. Estou ouvindo.

Proposta TentadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora