Capítulo 30

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~MELANIE

Acabamos ficando em silêncio por um bom tempo, apenas ouvindo a respiração um do outro e às vezes nos fitando.

Apesar de tudo, eu estou feliz, porque nós ainda nos sentimos iguais. Ele ainda me ama, percebi isso quando as palavras sinceras escaparam de sua boca. E isso é ótimo, pois eu também o amo.

Felipe havia nos coberto há pouco tempo, mesmo não estando frio, mas sei que foi para manter nossos corpos escondidos, como se soubesse que nos deixaríamos levar novamente pela luxúria se víssemos o corpo um do outro nu.

— Está com fome? — ele quebra o silêncio, não tenho certeza quantos minutos depois.

Eu não havia comido nada antes de vir até aqui, então obviamente eu estava com fome, além do mais nós havíamos gastado muita energia fazendo vocês-sabem-o-quê.

— Sim — respondo, olhando-o diretamente nos olhos.

— Eu vou preparar nosso café, então. Depois nós conversamos sobre a empresa — avisa, como se soubesse que era exatamente isso que eu iria cobrar.

Ele senta na cama, de costas para mim, e eu não me proíbo de olhar o corpo maravilhoso e esculpido dele, porque parece uma obra de arte e, sinceramente, obras de arte estão aí para serem admiradas.

Felipe veste a boxer e se levanta da cama, indo direto para a porta que leva ao corredor, sem deixar nenhuma olhadinha na minha direção.

Ok, então.

Permito-me ficar na cama por mais alguns poucos minutos, mas logo levanto e visto minha roupa íntima junto a uma camisa que peguei no armário e que para na metade da minha coxa.

Saio de seu quarto e vou em direção à cozinha, já sentindo o cheiro gostoso e nostálgico de panquecas.

Apoio-me no balcão que separa a cozinha da sala e fico parada observando Felipe preparando nosso café da manhã.

Eu até tentei, mas é impossível olhar para o corpo maravilhoso dele e não recordar dos momentos de mais cedo, em que nos entregamos sem pudores e sem arrependimentos. Além disso, foi como se não existisse mais nada, nenhum problema com complôs contra nós, e nem o famoso mundo dos negócios afundado por nossa culpa.

E, na verdade, é exatamente esse o motivo pelo qual eu vim até aqui.

Pelo menos, é isso que Christofer e Estela acham que eu vim fazer aqui.

A verdade é que é um ótimo motivo para desenvolver e reatar nosso namoro, e é por isso que essa ideia foi tão bem vinda para mim, pois, só de pensar que vou poder vê-lo e beijá-lo todos os dias, é revigorante e enche meu peito de alegria.

Porque, caramba, eu o amo tanto.

— Que susto, Mel — Felipe reclama quando me vê.

Mas, apesar da surpresa por me ver assim tão repentinamente, ele ainda leva um tempo me olhando quando percebe que estou com uma camisa sua. Ao contrário do olhar malicioso e cheio de desejo que eu esperava, Lipe me fita com carinho e até um pouco de tristeza.

Não entendo o porquê da última, mas a incerteza não impede meu coração de acelerar com a possibilidade dele achar uma desculpa para não voltarmos.

— Desculpa — peço, caminhando lentamente até ele.

— Eu ia levar o café pra cama — faz um bico que, meu Deus, a vontade que tenho de morder é enorme.

— Não precisa, vamos comer aqui — sugiro, então, sentando em um dos bancos.

Observo Felipe fazer todo o processo de arrumar a mesa e sorrio quando vejo que ele quase derruba uma panqueca.

— Merda — reclama, com o semblante totalmente concentrado em ajeitar tudo sem fazer bagunça. Até que, momentos depois, está tudo em perfeito estado. — Pronto. Vai querer suco?

— Sim, por favor — aceito, já colocando uma panqueca no meu prato, juntamente à calda de chocolate, a qual espalho exageradamente em cima da massa.

Felipe volta com o suco cítrico e, diferente da outra vez, ele acaba por escolhê-lo para si também.

Nós não falamos muita coisa enquanto desfrutávamos do nosso café da manhã, e o silêncio era um pouco desconfortável e inédito para nós dois.

Eu me pergunto o que teria acontecido se, ao invés de fazer a proposta para mim meses atrás, Lipe tivesse apenas falado comigo sobre seus sentimentos platônicos.

Será que estaríamos namorando ou relacionados?

Como eu reagiria?

Eu teria dado uma chance para ele?

Teria desfeito a amizade ou falado que seus sentimentos estão apenas confusos e que uma hora passaria?

Nem uma única vez eu havia pensado nele em um contexto romântico, pois, quando nos conhecemos, quando eu tinha apenas 18 anos e Felipe prestes a fazer 23, eu tinha uma paixão por Victor. Então, mesmo que Felipe tenha demonstrado interesse antes, eu não tinha percebido, pois tudo que eu queria na época era Victor, com quem comecei a sair e depois de alguns meses namorar.

Meu namoro com Victor acabou quando eu tinha recém feito meus 20 anos. E, depois disso, veio o incrível desfecho sobre Guilherme.

Então não, eu nunca prestei atenção nos sentimentos do meu melhor amigo antes do lance da proposta.

— Quer mais uma? — Felipe oferece, quase colocando a panqueca em meu prato.

No entanto, antes que ele obtenha êxito, eu afasto sua mão, cobrindo-a com a minha. Só que, em vez de soltá-la, eu permaneço segurando-a forte entre meus dedos, tomando coragem necessária para perguntar:

— Por que nunca me disse o que sentia por mim antes da proposta?

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Proposta TentadoraOnde histórias criam vida. Descubra agora