Proposta Tentadora

Capítulo 35

MELANIE

Felipe e eu caímos na cama dele — nossa cama —, deitados, depois da mudança.

Não foi cansativo, pois eu não tive muito o que trazer além de roupas e objetos pessoais, pois os móveis ficaram por lá mesmo, não tenho motivo nenhum para trazê-los. Além do mais, Estela está morando lá.

— Você está com fome? — ele questiona, então, virando-se para mim.

Um dos bons lados de Felipe é que ele não é um obcecado por trabalho. Por isso, não houve nenhum escândalo da parte do meu namorado nem de ninguém próximo quando souberam que tanto eu quanto ele iríamos faltar no trabalho por motivos de força maior.

E com "força maior" eu quero dizer a mudança.

Eu vou, realmente, viver com Felipe no apartamento dele. Nós dois vamos acordar juntos, tomar café da manhã juntos e tantas outras coisas que fazem meu coração martelar ansioso no peito só de pensar.

— Sim, já tá na hora do almoço mesmo — respondo.

— Quer alguma coisa especial? — ele mexe no meu cabelo delicadamente, como se estivesse tocando uma coisa preciosa que, sem cuidado necessário, acabaria quebrando.

— Eu estou com vontade de comer comida japonesa — confesso, sorrindo um pouco. — Eu realmente estou com muita muita muita vontade — reforço, já sentindo o gosto dos sushis na minha boca.

— Tudo bem, então. Já que a senhorita está com toda essa vontade, eu vou pedir a comida. Ou você prefere sair pra comer?

— Pedir, por favor, estou com preguiça de sair daqui — faço um bico, tentando convencê-lo a me deixar aqui deitada, sem fazer nada por algum tempo.

Ele ri da minha resposta preguiçosa e se levanta, saindo do quarto. Quando retorna, eu ainda estou na mesma posição, deitada enquanto ouço a melodia do aparelho de som que reverbera pela casa toda.

— Vai chegar a qualquer momento, quer comer aqui ou na sala?

— Aqui, ainda estou com preguiça — respondo, quase travessa. — Sabe o que eu estava pensando? Eu também estou morrendo de vontade de comer brownie com sorvete.

Ao contrário do que eu esperava, ele não riu nem se disponibilizou a comprar, apenas fez uma cara meio assustada e meio atenta, como se estivesse confirmando a si mesmo que minhas vontades repentinas não eram nada demais.

Estranhei completamente a atitude dele, mas não acrescentei nada, apenas esperei Felipe se pronunciar.

— Nossa, quanta vontade você está tendo, né? — comenta, quase sem jeito e talvez tentando arrancar algum motivo para meus desejos repentinos.

Ah, qual é! Não se pode mais ter vontade de comer algumas coisas?

— Algum problema? Você nunca teve vontade de comer alguma coisa também? — franzo a sobrancelha, confusa. 

— Claro que sim, mas... deixe quieto — a relutância dele me deixa extremamente curiosa, porém não faço comentário nenhum, apenas aceno com a cabeça.

— Tudo bem. E como está Theodor?

— O que quer dizer?