Capítulo 2 - Bruno

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Alex só pode estar querendo me ferrar. Eu implorei pra ele não botar essa tal de Alice como minha secretária. Apesar de não ter falado o real motivo por não querer isso.

Essa Alice era a cara da Laura, poderia dizer que é a própria Laura de tão parecida que é. E merda, eu não queria ficar olhando para uma garota que me lembrava o meu único amor.


[...]


Agora eu estava aqui transando com essa tal de Amanda no meu escritório pra tentar esquecer a merda da Alice. Essa garota vai ter meu pior tratamento. Ela que me aguarde, os dias dela aqui dentro estão contados. Vou fazer ela se arrepender de ter pensando em trabalhar aqui.
-Bruno?- ouvi aquela voz e olhei na direção. Só agora me lembrei que estou com a tal Amanda aqui.
-

Sim. - olhei sério pra ela.
-Quando podemos nos encontrar em outro lugar que não seja aqui?
-Amanda, desde do começo você sabia que eu não queria nada além daqui. E nada além de sexo.
-É, eu sei. Mas quem sabe nós...
-Acho melhor você ir embora, está tarde já!- cortei ela que encolheu os ombros e pegou o resto das coisas que estavam no chão.
-Boa noite.
-Boa noite. - respondi e ela saiu do meu escritório.
Peguei a foto de Laura que ficava dentro da gaveta e suspirei pesadamente quando vi aquele sorriso perfeito e que poucos tiveram o privilégio de ver. Eu acho que devo ter feito algo muito grave pra ter recebido esse castigo.
-Você se foi e levou tudo que eu tinha. Você levou minha vida, minha felicidade, meu filho e a cor de tudo. Eu não sei mais o que é azul, nem verde, nem vermelho, tudo é cinza. Minha vida ficou cinza desde do dia em que você se foi. - agora eu estava ficando maluco, falando com uma foto. Guardei a foto e resolvi ir pra casa. Precisava dormir e amanhã seria outra pessoa. É sempre assim, um dia triste e no outro eu recomeço. Meus amigos me acham o cara mais feliz do mundo, a pessoa que nunca tem problemas. Aquele que está sempre de bem com a vida. É tudo uma máscara. Ninguém sabe o que eu realmente sinto. Ninguém realmente me conhece.

[...]

Cheguei no escritório com um humor péssimo. Não consegui dormir a noite e estava acabado.
-Bom dia, Sr. Bruno. - até a voz dessa garota consegue ser doce, que inferno! Dei um olhar mortal pra ela.
-Só se for pra você. - bati a porta da minha sala.
Sentei na minha cadeira e fiquei pensando o que eu tinha de importante pra fazer. Ouvi leves batidas na porta. Deve ser aquele ser.
-Entra. - falei e ela entrou logo depois.
-O Sr. quer um café? - perguntou e eu concordei com a cabeça. - Já trago.
-Alice, antes preciso saber dos meus compromissos importantes de hoje.
-Uma videoconferência às 10 horas e só por hoje, Sr.
-Agora pegue meu café. - falei e ela saiu da sala. Entrou minutos depois carregando uma bandeja. Ela estava nervosa, a bandeja tremia na sua mão. Aquilo me divertiu um pouco. Sinal de que eu intimidava ela. Isso era bom pra os meus planos.
-Está tremendo porque?
-Nada, Sr. - ela começou a servir a xícara e eu respirei bem perto do braço dela. Seu corpo arrepiou inteiro. Sorri com aquilo. Antes dela pedir demissão, quem sabe eu não me divirta um pouco. Até que ela tinha um corpo bonito. Porra! O corpo dela é lindo, na verdade. A pele suave e o cheiro de jasmim! Meu Deus! Ela lembra muito a Laura.

Eu estava ficando louco em comparar as duas mas elas tinham o mesmo jeito de ser. Sorri com a lembrança. Minha Laura faz falta, depois dela eu nunca mais fui o mesmo. Trato as mulheres como uma qualquer. Nunca consegui valorizar nenhuma e todas sabem disso. Mas eu vejo os meus amigos casando e percebo que uma hora eu vou ter que encontrar alguém assim. Estou com 30 anos, acho que já passou da hora.

Mas eu também acredito que nós só encontramos o amor uma vez na vida e eu já encontrei o meu e infelizmente ela morreu. Não sei se estou preparado para botar outra no lugar dela. O lugar da Laura sempre vai ser da Laura. Vejo Alex tão feliz com a Clara e com os filhos e imagino que a minha vida seria assim também. Eu ia ter um filho e teria a Laura pra sempre, se não fosse aquele carro maldito que tirou a vida da minha violeta. Resolvi deixar esses pensamentos de lado e começar o meu serviço.

-Deixa que eu me viro. - falei e ela saiu meio desnorteada da sala.
Fiquei observando uma papelada e o cheiro dela continuou na sala. Essa garota ia ser problema na minha vida. Resolvi me desligar disso e me concentrar no meu serviço que era melhor. Essa garota não iria me levar a lugar nenhum.

Aprendendo A RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora