Capítulo 44 - Alice

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Dois meses depois

Minha vida estava uma loucura. Tinha três meses desde do acidente e ainda não conseguiram descobrir quem foi o culpado. Eu já disse ao detetive e ao delegado, que eu acho que tem dedo da Diana ou da Bianca nessa história, mas eles não conseguiram pistas e provas para poder acusar.
Desde que eu pedi demissão da empresa, eu resolvi abrir meu próprio negócio. E consegui. Abri uma confeitaria e com um mês aberto fez sucesso e rendeu frutos. Eu sempre gostei de cozinhar, mas fazer doces sempre foi um amor.
E sobre o Bruno? Sinto falta dele a cada segundo do meu dia. Ele vem mandando mensagens querendo saber como eu estou e diz sentir minha falta. Eu sempre respondo que estou bem e que também sinto sua falta, mas que devemos nos afastar um pouco. É necessário! Eu sei que isso dói em nós dois e como dói.

[...]

-Alice? - olhei para Mariana, a menina que me ajuda na confeitaria. Eu estava na cozinha ajudando o Rony a fazer um doce.
-Sim.
-Será que pode me ajudar lá na frente? Está uma loucura hoje.
-Claro. - sai da cozinha e vi a loucura que estava. Atendi algumas pessoas e depois fiquei no caixa.
-Boa tarde. - ouvi uma voz forte e olhei na direção. Nossa! Que homem!
-Boa tarde. - dei um sorriso e ele me analisou por um tempo.
-Aqui. - me entregou uma notinha e o dinheiro. Estava pegando o troco quando ele me parou. - Você não deveria ter uma plaquinha com o seu nome para eu saber? - perguntou e eu dei um sorriso de lado.
-Alice.
-Nome encantador, como você. O meu é Pablo.
-Prazer.
-Todo meu. - entreguei o troco a ele e depois recebi um cartão. - Me ligue para gente tomar um café.
-Ah claro. - óbvio que eu não iria ligar. Que oferecido. Ele saiu e me deu um sorriso antes de partir.
-Menina do céu, que homem é aquele? Gente, será que é solteiro? Estou apaixonado! - sorri do jeito do Rony, ele era um gay assumido, mas era preservado. Desde que o conheci na entrevista, me encantei. E contratei na hora.
-Se quiser o número. - entreguei o cartão a ele e fui arrumar umas coisas.
-Sua safada, você que tem que ligar.
-Eu não quero me envolver com ninguém.
-Você não precisa se envolver, é só uma transa e tchau. - ele olhou mais uma vez o cartão. - Com um homem desse, eu sinceramente não iria me importar de ter um envolvimento.
-Eu ainda amo o Bruno e sempre vou amar.
-Então volte pra ele ou uma hora ele vai cansar de correr atrás. - falou sério e saiu. Respirei fundo e fechei meus olhos por um segundo.
-Alice, é você? - olhei em direção a voz e me surpreendi ao ver Luisa. - Nossa! Você está tão diferente! - falou, mas eu não prestei muita a atenção. Meus olhos foram direto para a sua barriga, estava bem grande e uma tristeza enorme se infiltrou em mim. Ela não merecia esse bebê.
-O que está fazendo aqui?
-Estava passando por aqui quando vi um pedaço de torta, fiquei com vontade. Entrei pra comprar. - me mostrou a torta e eu concordei com a cabeça. - Você saiu da empresa. Está trabalhando aqui agora?
-Na verdade, eu sou a dona daqui. Mas isso não te interessa. - eu não conseguia desviar os olhos da sua barriga.
-É uma menina. - passou a mão e as lágrimas apertaram.
-Parabéns. - falei com a voz embargada. - Mariana, atenda essa moça aqui, por favor. Eu preciso de um minuto. - falei e corri para o meu escritório. Deixei as lágrimas caírem.
Luisa conseguiu ter a vida que eu sempre quis. Merda! Eu só não tenho essa vida porque eu não quero. Peguei meu celular e disquei o número do Bruno.
-Alô? - era a voz de uma mulher. Ele está com outra? - Alô? Quem deseja?
-O Bruno está?
-Ele está ocupado agora. Quer deixar um recado?
-Não. Obrigada.
-De nada. - estava apertando o botão de desligar quando a voz dele apareceu.
-Quem era?
-Não se identificou.
-Entendi, podemos continuar? - aquilo me deu um nó na garganta e eu desliguei rápido.
Perdi o Bruno de vez e aquilo me matou aos poucos.

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