Capítulo 31 - Bruno

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O dia estava amanhecendo, e eu não tinha dormido nada. Fiquei abraçado a noite toda no travesseiro que a Alice dormia tentando sentir a mesma sensação que sentia com ela, mas foi em vão. Nada iria substituir seu cheiro e o seu corpo aqui.

[...]

Levantei e observei o tempo lá fora, chovendo. Detesto tempo assim.
Porém, ele reflete exatamente o que eu sinto hoje.
-Alice, eu só preciso de você de volta! - apoiei minha cabeça na janela e suspirei. Ouvi o latido do Thor e fui botar a ração dele.
Até queria ir atrás de alguém pra conversar, mas eu não estava afim de ouvir um "eu te avisei Bruno", era tudo que eu menos precisava.
Fui até minha garrafa de whisky e virei sem me dar ao trabalho de pegar um copo. Ouvi a campainha tocar e corri na esperança de ser a Alice.
-Alice? - abri a porta e vi Alex.
-Fala cara, já to sabendo do que aconteceu. - entrou sem eu convidar.
-Como soube?
-Alice dormiu na minha casa essa noite, ela me contou por alto. Você contou pra ela?
-Contei, houve um rolo na empresa e eu precisei contar logo. Achei que ela iria me entender e iria ficar comigo, fiz isso para não perder ela e no final foi o que aconteceu. - bebi mais um gole. - Quer? - ofereci.
-Não, obrigado. Você não deveria estar bebendo a essa hora.
-Ah Alex, me deixa em paz. Você tem sua vida perfeita, eu acabei de destruir o pouco que eu tinha.
-Ela pediu demissão. - falou e eu olhei pra ele na mesma hora.
-O que foi que disse?
-Ela estava saindo da minha casa quando eu vim pra cá, ela está indo embora. - eu queria morrer, mas não queria ouvir isso.
-Embora pra onde?
-Pra casa dos pais, eu achei melhor vim te avisar.
-Ela não vai me perdoar. - passei a mão pelos cabelos desesperado. Andava de um lado para o outro e Alex me observava com uma expressão triste.
-Vai para o aeroporto, pelo menos você vai tentar. - corri para o meu quarto e botei uma roupa rápido. Peguei minha carteira e a chave do meu carro. Thor veio junto e eu resolvi levar ele comigo. Peguei ele no colo.
-Que cachorro é esse? - Alex perguntou confuso.
-Meu e da Alice. - dei de ombros e saí do meu apartamento. Alex saiu junto comigo.
-Você vai levar ele?
-Vou. - Thor parecia animado com a saída. - Vamos pegar a nossa pérola, né Thor?- fiz carinho na sua cabeça e recebi um latido como resposta.
-Só espero que a Bia não me invente de querer um cachorro igual do padrinho. - comentou e eu dei um sorriso fraco.
Chegamos na garagem e eu corri em direção ao meu carro.
-Boa sorte, me dê notícias. - Alex falou e eu concordei com a cabeça.

[...]

Cheguei no aeroporto e corri por todo o local, procurei por ela em cada canto. Fui até uma mulher qualquer e implorei para ela me ajudar. Liguei pra ela e nada dela me atender. Depois de muito insistir, consegui achar o avião dela que estava saindo em 2 minutos. Comprei uma passagem e corri muito, mas quando cheguei já era tarde demais. O avião estava decolando. Merda! Soquei uma parede e vi que várias pessoas me olhavam assustadas. Resolvi seguir pra casa.
Entrei no carro e apoiei a cabeça no volante. Algumas lágrimas caíram e eu as limpei logo. Peguei meu celular e disquei o número do Alex.
-Conseguiu, Bruno?
-Não. Já era tarde demais.
-Eu sinto muito.
-Eu também, sinto muito mesmo.
-O que você vai fazer agora?
-Não sei, acho que vou dar um tempo pra ela e pensar em um jeito de ter ela de volta.
-Estarei te apoiando em qualquer decisão, o que precisar estarei aqui.
-Valeu, vou dirigir agora. Tchau. - desliguei antes dele responder e segui para casa. O tempo estava ruim, mas eu precisava sair pra correr, queria espairecer.
Cheguei em casa, briquei um pouquinho com Thor pra tentar distrair e foi em vão. Botei uma roupa, botei uma música no último volume e saí pra correr.
O que eu posso fazer pra voltar pra Alice? E se nesse tempo que ela for pra casa, ela conhecer outro cara? Melhor não pensar nisso. Ela te ama e vai te perdoar. Corri com aquela chuva forte caindo em mim, e parecia estar sendo limpo. Finalmente, tirei um peso das costas. Contar pra Alice foi algo que eu precisava, porém me fez perder tudo. Merda! Eu só precisava dela e eu iria arrumar um jeito de fazer isso. Precisava da ajuda do Alex.

[...]

Cheguei em casa, tomei um banho e resolvi ligar para Alex.
-Oi, Bruno. - era a Clara.
-Oi, posso falar com o Alex?
-Sim, só um minuto.
-Oi, Bruno.
-Alex, será que podemos nos encontrar em um bar pra conversar? Preciso da sua ajuda!
-Claro, que horas?
-Umas 20 horas, pode ser?
-Sim, no bar de sempre?
-Uhum. Te vejo lá.
-Tchau. - encerrei a chamada e deitei. Acho melhor eu descansar um pouco.

[...]

Entrei no bar e Alex já me esperava.
-Uma cerveja pra aquela mesa, por favor. - falei com um garçom e segui para mesa.
-E aí. - sentei na cadeira que tinha a sua frente e ele me analisou.
-Sabe, depois que eu casei, achei que as mulheres não iriam me olhar muito, mas parece que ver uma aliança no dedo de um cara chama mais atenção delas. - Alex comentou e eu acabei rindo. - Do que você está rindo? - perguntou enquanto o garçom entregava a minha cerveja.
-As mulheres gostam do perigo. - dei de ombros e ele riu.
-Pelo visto. Mas fala aí em que eu posso te ajudar?
-Quero a Alice de volta e preciso de uma forma pra fazer isso. E quero que me ajude, não sei o que eu posso fazer.
-Entendo. Vamos pensar em alguma coisa então. - ficou em silêncio por uns minutos. - Já pensou em ir atrás dela?
-Na casa dos pais dela?
-Sim.
-É uma boa ideia, mas vou chegar lá e fazer o que?
-Pede perdão, pede pra ela voltar pra você. Sei lá cara, pede até ela em casamento. Só da um jeito de voltar pra ela. - quando ele falou a palavra casamento, eu engasguei. Ele caiu na gargalhada.
-Do que está rindo? - perguntei irritado.
-Casamento te dá medo?
-Não, mas acho que é cedo.
-Bruno, vocês já vivem em um casamento. - falou sério. - Vocês dormem junto, moram juntos, saem juntos e são fiéis um ao outro. Isso é um casamento. Por que não oficializar isso?
-Primeiro eu tenho que conseguir o perdão dela e depois eu penso nisso.
-Você quem sabe. - ele olhou para o copo de bebida. - Já pensou se ela conhece ou reencontra alguém lá?
-Eu não quero nem pensar nisso, acho que eu mato um cara desses. - respondi nervoso.
-Calma. - riu e olhou para uma mulher no bar. - Tem uma mulher olhando pra cá já tem um tempo.
-Deixa Clara sonhar com isso. - dei um sorriso e olhei pra trás. A mulher era bonita e percebendo nossos olhares, deu um sorriso.
-Acho melhor a gente ir embora. - comentei.
-É, vamos. - paguei a conta e saí do bar. Alex veio atrás. - Quando você vai atrás dela?
-Daqui a 2 dias, vou dar um espaço pra ela.
-É, deixa ela organizar os pensamentos.
-Eu também preciso organizar os meus.
-Imagino. - olhou no celular. - Preciso ir pra casa. Se precisar de alguma coisa, me ligue.
-Obrigado por ter vindo.
-Estou aqui pra isso. - seguiu para o carro dele e fui em direção ao meu.

[...]

Estava olhando para o teto tentando dormir.
Eu estava com algumas ideias para reconquistar ela, espero que uma delas dê certo.
-Só mais dois dias e ela vai estar nos meus braços.

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