Aprendendo A Recomeçar

Capítulo 42 - Bruno

-Esse é o melhor quarto que vocês tem? - perguntei para uma enfermeira.
-Sim, o melhor.
-Será que vai demorar pra ela acordar?
-Eu espero que não, mas que tal você conversar com ela? Dizem que ajuda e que a pessoa escuta. - me deu um sorriso tranquilizante e saiu do quarto. Sentei ao lado da cama em que minha pérola estava e peguei sua mão. Dei um beijo alí e depois outro na testa. Seu rosto estava machucado devido ao vidro que se quebrou.
-Eu vou descobrir quem foi o desgraçado que fez isso com você ou eu não me chamo Bruno Mendes. - falei irritado e sentei ao seu lado.
Ouvi uma leve batida na porta do quarto e logo depois Alex e Clara entraram.
-O médico liberou a nossa entrada só agora. - Clara falou com os olhos cheios de lágrimas.
-Que bom que estão aqui.
-Amigo, vai pra casa. Toma um banho e volta depois. Eu e a Clara ficamos aqui.
-Eu não vou ficar um segundo longe dela. - afirmei e ele deu de ombros.
-O que o médico disse?
-Que ela teve um traumatismo e foi preciso colocar em coma induzido para ver como os sinais vitais vão funcionar. Quando eles verem que está tudo certo, eles vão tirar a medicação e esperar pra ela acordar por conta própria. O que pode acontecer em dias, semanas, meses ou anos. - falei observando o corpo da Alice.
-Vai dar tudo certo, é só ter fé. - Clara me deu um abraço.
-Avisou aos pais dela?
-Sim, já avisei aos pais.
-Será que vocês podem avisar a Talita e a Cléo.
-Cléo já está a caminho. E a Talita eu aviso agora.
-Nós não podemos ficar aqui dentro por muito tempo, vamos ficar lá fora. Se precisar de alguma coisa.
-Só preciso que ela acorde. - abaixei a cabeça e ouvi um suspiro forte. Logo depois eles saíram do quarto.

[...]

Uma semana depois

Já tinha dois dias que os médicos tiraram a medicação e agora era só esperar ela acordar. Meu Deus! Que isso não demore a acontecer.
Eu e Ricardo ficávamos dentro desse quarto o tempo inteiro. Eu saía rápido só pra ir em casa alimentar o Thor e tomar banho. E depois ficava no hospital. Eu só queria que ela acordasse logo. Eu não aguentava mais.
-Meu filho, vou na cantina. Quer alguma coisa?
-Não, obrigado. - ele acenou com a cabeça e saiu do quarto.
Peguei a mão da Alice e beijei.
-Quando você acordar, nós vamos começar a planejar o nosso casamento. - falei. - Quero que você nunca esqueça esse dia. Vai ser o casamento mais lindo que você já foi. Podíamos casar no lago? Aquele que eu te pedi em casamento e você aceitou. Lá seria um lugar especial para gente casar. Onde praticamente tudo voltou ao normal. - dei um sorriso de lado. - Amor, eu preciso que você acorde logo. Precisamos começar a planejar o nosso bebê. Sim, eu quero um bebê. Tomara que ele puxe você, os olhos verdes, os longos cabelos loiros. Imagina uma menininha parecida com você correndo pela nossa nova casa? Seria a coisa mais linda do mundo, mas ela só vai namorar aos 35 anos. Até imagino você falando agora "Ai Bruno! Você é exagerado". - dei um sorriso. Só em imaginar aquela cena meu coração fica cheio de alegria. - Você ainda não sabe sobre a nossa nova casa, né? É uma surpresa! Assim que você se recuperar e nós casarmos, vamos morar lá. Vai ter mais espaço para o Thor correr e a gente vai poder ter quantos filhos você quiser. Deus! Estou entregando minha vida a você meu anjo. - beijei sua bochecha. - Eu sei o quanto você vai ficar triste em saber que o nosso bebezinho não está mais aqui. - botei a mão na sua barriga. - Eu fiquei também e sei que a culpa é minha. Se eu tivesse reagido melhor a tudo isso, nada disso teria acontecido. Eu estava assustado e com tanto medo. - senti um leve movimento na minha mão. Olhei assustado, mas tudo estava normal. Será que eu estava delirando? É melhor falar com o médico. Levantei e apertei a campainha que tinha no nosso quarto. Segundos depois, uma enfermeira entrou no quarto.
-Aconteceu alguma coisa?
-Eu estava conversando com ela quando senti um movimento.
-Aonde?
-Parece que ela tentou apertar a minha mão.
-Isso é um bom sinal.
-É mesmo? - perguntei animado.
-Sim, ela está reagindo. E pode acordar em breve.
-Isso é uma boa notícia. - dei um sorriso.
-Eu vou avisar ao médico que cuida dela. - falou e saiu do quarto.
-Meu amor, você vai acordar logo! - dei um beijo suave na sua boca e sentei ao seu lado.
Agora era só esperar e tudo vai voltar ao normal.

[...]

Estava na cantina quando vi um homem vir na minha direção.
-Bruno Mendes?
-Sim, o senhor quem é? - perguntei curioso.
-Sou o delegado Gomes, vim aqui falar sobre o acidente da sua noiva.
-Sim, sente-se por favor. - apontei a cadeira a minha frente e ele se sentou.
-Obrigado.
-O senhor descobriu alguma coisa?
-Achamos o carro que provocou o acidente. Existiam várias fotos de vocês dentro do local.
-Chegamos a receber umas fotos no nosso apartamento. Achamos que fosse alguma brincadeira.
-Preciso dessas fotos depois, porém uma coisa me intrigou muito. - falou o delegado. - A pessoa, que achamos ser uma mulher, deixou um pertence junto com as fotos.
-O que seria?
-Uma calcinha branca.
-Alice chegou a achar uma calcinha da mesma cor na minha sala.
-Essa pessoa conhece bem vocês dois e eu acho melhor tomar cuidado.
-Eu tenho uma suspeita delegado. O nome dela é Bianca Goulart, ela andou me perseguindo e chegamos a discutir.
-Irei falar com ela e investigar onde esteve no horário do acidente.
-O Sr. já olhou alguma filmagem que possa ajudar nas investigações?
-Sim. Conseguimos de uma câmera de uma loja, mas não deu pra identificar bem.
-Entendo. Quero ser informado sobre tudo.
-Sim, irei lhe informar. Mas peço que tenha paciência, nós temos outros casos pra resolver.
-Irei contratar um detetive pra ajudar no caso, se o Sr. não se opor.
-Não atrapalhando o meu serviço, está ótimo.
-Então otimo.
-Preciso ir agora, espero que sua noiva se recupe logo. - trocamos um aperto de mão.
-Eu também, delegado. - ele me deu um sorriso de lado e foi embora.
Resolvi ir para o quarto ficar perto da Alice.

[...]

Hoje fazia um mês que a minha pérola estava em coma. Ela reagia a algumas coisas, mas nunca acordava. E isso me deixava agoniado. O delegado ainda estava investigando o caso e aquilo estava me deixando mais agoniado ainda, eu sou capaz de matar quem fez isso.
-Ricardo, eu vou precisar ir na empresa hoje. - falei triste.
-Pode ir tranquilo, Bruno.
-Me ligue se acontecer qualquer coisa. - dei um beijo na testa dela. - Te amo, pérola. - olhei ela de relance e saí.

[...]

Cheguei na empresa em cima da hora pra reunião.
-Achei que não iria vir. - Alex me olhou com aquele olhar de pena.
-Eu sei que esse contrato é importante para a empresa. - falei pra Alex e nós seguimos pra reunião. Todos me olharam surpresos e Alex começou a reunião.
Sabia que iria perder horas aqui e aquilo já estava me matando. Eu só queria ficar perto da minha pérola.