Capítulo 51 - Bruno

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Hoje era o meu casamento. Eu estava muito nervoso, com muito medo e inseguro. Merda! Nunca fui assim...
Cheguei na casa do Alex cedo, deixei Alice dormindo com o coração apertado, mas sabia que era por um bom motivo.
-Bom dia. - falei entrando, Alex estava sentado tomando café.
-Fala, quer café?
-Sem fome. - sentei em uma cadeira ao seu lado.
-Nervoso?
-Muito.
-Eu também estaria se minha noiva não soubesse. Vai que ela desiste.
-Você não está ajudando. - falei sério e ele caiu na gargalhada.
-Alice te ama cara, não desistiu de você até hoje não vai ser agora que vai desistir. - falou e eu concordei com a cabeça. Ouvimos um barulho e logo depois Clara apareceu com uma caixa branca enorme.
-Bom dia, Bruno. - falou animada.
-Oi, Clara. - dei um sorriso fraco. - O que tem nessa caixa?
-O vestido da Alice.
-Deixa eu ver. - levantei e fui na sua direção.
-Está louco? O noivo não pode ver o vestido da noiva.
-Por que não?
-Dá azar.
-Bobeira. - revirei os olhos, mas desisti de ver.
-Como foi a noite ontem? - perguntei curioso. Ontem as meninas saíram para uma boate, era a despedida de solteira da Alice, mas sem ela saber.
-Maravilhosa. - Clara me deu um sorriso e eu olhei para Alex de rabo de olho. Ela saiu da sala rápido quando percebeu a cara do Alex.
-O que aconteceu?
-Que horas Alice chegou? - Alex perguntou.
-Nem lembro, estava dormindo. Só senti ela me beijando e eu voltei a dormir. Por que? Que horas a Clara chegou?
-Quase 4 da manhã. - fez uma carranca e eu ri disfarçadamente.
-Confio na Alice.
-Eu confio na Clara, mas custava a noite delas ser igual a nossa? - bufou e eu concordei com a cabeça. Tínhamos ido em um bar e ficamos vendo jogo e bebendo até umas 22 horas.
-Poderia mesmo, mas deixa isso pra lá.
-Eu não esqueci isso não, já declarei guerra dentro dessa casa.
-E eu já declarei greve, se continuar com essa palhaçada. - Clara entrou irritada falando. - Estou indo para o seu apartamento, chegando lá tenho que mostrar alguma coisa?
-Não, eu vou ligar pra ela agora e ela vai achar o bilhete. Esse bilhete já vai esclarecer tudo. Quando chegar lá, provavelmente ela já estará nervosa e pronta pra ir atrás de mim. O resto você já sabe.
-Os pais dela vão pra lá, certo?
-Sim, eles vão pra lá. Eu vou me arrumar na igreja.
-Ok, eu vou me arrumar por lá com o resto das meninas.
-Tudo bem.
-Alex, não esquece de ajudar a Ana a arrumar as crianças. - falou indo dar um selinho no Alex, que desviou o rosto. - Cresce, Alex. - saiu bufando.
-Você vai mesmo ficar zangado por isso?
-Cara, eu amo brigar com a Clara. Já posso imaginar como vamos nos acertar quando chegarmos em casa.
-Só pensa em sexo. - falei lembrando da Alice.
-Claro que não, penso em várias outras coisas. Mas sexo com a minha esposa é sempre melhor.
-O que é sexo, papai? - Beatriz entrou na sala perguntando.
-Agora você se deu mal. - falei rindo.
-Filha, sexo é algo que você só vai fazer depois dos 35 ok?
-Tá. - sentou no meu colo. - Oi, dindo.
-Oi, princesa. - peguei meu celular e digitei o número da Alice.
-Alô? - aquela voz rouca era a minha perdição.
-Bom dia, pérola.
-Aonde você está? - perguntou enquanto eu levantava e ia para fora da casa.
-Alice, sem perguntas. Você ainda está deitada?
-Sim.
-Senta na cama. - pedi.
-Estou sentada.
-Tem um cartão do seu lado direito, pega ele.
-Peguei.
-Ótimo, você vai saber o que fazer a partir daí.
-O que quer dizer com isso?
-Te amo e até mais tarde. - encerrei a chamada e entrei.
-Ligou pra ela?
-Sim.
-Princesa, vai tomar banho que nós temos que nos arrumar. Eu vou acordar o Pedro. - Alex levantou e levou Bia até o quarto dela.
Comecei a me organizar e resolvi tomar um banho antes de ir na casa da Alice pegar sua mala, quer dizer, arrumar. Peguei o Thor e coloquei uma gravata nele.
-Tá lindo garotão, agora não tira pra não estragar a surpresa, ok? - ele latiu como se tivesse me respondendo. Ri e fui fazer minhas coisas, o dia seria longo.

[...]

Eu estava tentando ajeitar minha gravata quando alguém bateu na porta do local em que eu estava.
-Entra. - falei e fiquei surpreso ao ver meu pai.
-Oi, Bruno. - eu fiquei em silêncio. Achei que eles não iriam vir. - Fiquei surpreso em saber que me convidou para o seu casamento. Você está muito diferente.
-Isso é bom? - consegui perguntar.
-Depende. - entrou na sala e fechou a porta. - Quer ajuda com a gravata?
-Por favor. - ele chegou perto de mim e começou a ajeitar minha gravata.
-Sua mãe está toda boba porque o menininho dela vai casar.
-Me perdoa? - ele parou de arrumar minha gravata e me olhou confuso.
-Perdoar pelo o que?
-Eu afastei vocês da minha vida.
-Eu entendo, passou por um momento difícil. - me deu um sorriso fraco. - Mas nunca é tarde pra recomeçar. - acrescentou e eu dei um abraço no meu pai. - Esperei tanto por esse abraço, meu filho. - ele me apertou forte.
-Estou perdoado?
-Sim, você está.
-Obrigado por ter vindo e por ter me perdoado.
-Todos merecem uma segunda chance. E você está tendo a sua, só quero que aproveite bastante essa sua nova chance.
-Irei aproveitar.
-Muito bem. - ele olhou no relógio. - Agora é melhor você terminar e esperar a sua noiva lá embaixo. - ele foi em direção a porta novamente.
-Será que ela vem?
-Me diz você, será que ela vem? - fiquei em silêncio. - Se você fez um casamento surpresa pra ela, tinha certeza desde do início que ela viria. Não fique com dúvidas, só curta esse momento novo na sua vida. - saiu me deixando um pouco mais aliviado.
Eu acho que minha vida estava entrando no rumo certo pela primeira vez na vida.
Terminei de botar o terno e desci, falei com alguns convidados e de longe vi minha mãe me mandar um beijo. Mandei outro pra ela e fiz sinal para ela ficar ao meu lado no altar. Nunca vi um sorriso tão grande como o dela, que veio correndo na mesma hora.
-Obrigada, meu filho.
-Te amo, mãe. - falei e vi ela chorar delicadamente. Limpei algumas lágrimas que molharam seu rosto delicado e ela me deu um sorriso. Ficou parada no altar com meu pai ao lado.
Agora era só esperar Alice chegar, se ela vier.

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