Capítulo 39 - Bruno

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Merda! Merda! Merda! Como ela engravidou? Que pergunta idiota! Porra! Eu não posso ser pai, não agora! Saí em direção a qualquer lugar. Eu só precisava andar e ficar longe do meu apartamento.
Cheguei em um bar e sentei em um daqueles banquinhos. Fiquei observando uma garçonete atender um jovem e quando se virou pra mim, ela estava grávida. Era só o que me faltava!
-O que deseja?- perguntou com um sorriso e passou a mão na barriga.
-Que a minha namorada realmente não esteja grávida. - falei e ela me olhou assustada.
-Por que?- limpou o balcão.
-Eu não posso ser pai.
-Como assim?
-Não sirvo pra cuidar de uma criança, é muita responsabilidade.
-É, meu ex disse a mesma coisa.
-Você é casada?- perguntei enquanto ela me oferecia uma cerveja.
-Não, sou sozinha.
-Você está grávida de quantos meses?
-7 meses, é uma menina. - respondeu com um sorriso.
-Parabéns.
-Obrigada, sua namorada está com quantos meses?
-Não sei. - desviei o olhar do dela e bebi um gole da cerveja. - Quando ela me contou, nós brigamos. E eu saí de casa.
-Coitada!
-O que disse?
-Coitada dela, você descobrir que está grávida é um grande susto e saber que o namorado não aceita a criança é horrível, sabia? Falo isso por experiência própria.
-Então eu deveria voltar pra casa e tentar me resolver com ela?- perguntei.
-Vocês moram juntos?
-Uhum, tem uns meses.
-Quanto tempo estão juntos?
-Alguns meses. - respondi e olhei pra ela. - Será que ela queria me dar um golpe? - perguntei olhando pra ela. Não queria pensar nisso.
-Eu não conheço a sua namorada, mas qual foi a reação dela quando brigaram?
-Ela chorou e ficou assustada. Disse que iria assumir sozinha a criança, que eu não era a obrigado a nada.
-Então não acho que ela esteja dando um golpe da barriga. Se realmente quisesse, ela iria te obrigar a assumir ou ia falar que queria pensão.
-Verdade. - suspirei e apoiei minha cabeça na bancada do bar. Já era um certo alívio.
-O que está esperando pra ir pra casa e tentar se acertar com a sua namorada?
-Preciso de coragem. - bebi mais um gole da minha cerveja e entreguei a garrafa vazia pra ela. - Qual o seu nome?
-Rachel e o seu?
-Bruno.
-Então Rachel, obrigado. Se precisar de alguma coisa, é só me procurar. - entreguei um cartão pra ela.
-Obrigada. - tirei algumas notas do bolso e entreguei a ela. - E traga a sua namorada aqui.
-Se tudo estiver bem, trago sim. - sai do bar e voltei andando para o meu apartamento.
Minha atitude foi horrível com ela. Meu Deus! Ela deve estar arrasada! Eu não quero ir pra casa, preciso de coragem pra enfrentar isso tudo. Entrei em outro bar e bebi a noite inteira. Era umas 3 horas da manhã quando cheguei em casa. Fui direto para cama e apaguei. Alice não estava aqui. Cadê Alice? Olhei em volta e nada. Deitei a cabeça no travesseiro e apaguei novamente.

[...]

Acordei com uma dor forte na cabeça. Olhei para o lado e estava sozinho. Cadê a Alice? Levantei em um pulo procurei pela casa inteira.
-Thor? - chamei e ouvi seu latido no quarto de hóspedes. Segundos depois a porta foi aberta e Alice saiu com a cara triste. - Alice, precisamos conversar! - falei e fui totalmente ignorado. Ela seguiu para o quarto e eu fui atrás. Entrou no banheiro e eu fui atrás.
-Fala comigo.
-O que você quer?
-Me desculpa por ontem?
-Não. - isso seria difícil. - Cansei disso tudo! - entrou para o banho e eu fiquei observando. Depois ela saiu e foi para o closet, fui atrás.
-Eu errei, tá bom? Mas pelo menos estou reconhecendo. Você errou também e eu não estou falando nada.
-Eu errei?
-Sim, deveria saber que o remédio não faz efeito. - falei como se fosse óbvio. Só vi um negócio vir na minha direção. Desviei rápido e o vaso caiu no chão se quebrando inteiro.
-Não seja ridículo. - ela estava totalmente fria. Terminou de se secar e botou a lingerie. Chegou em frente ao espelho e alisou a barriga. Respirei fundo e desviei o olhar, aquilo era difícil pra mim. Botou uma roupa e saiu do quarto.
-Aonde você vai?- perguntei e ela ignorou. Pegou a bolsa e a chave do carro e saiu do apartamento. Merda! Soquei a parede e resolvi ir para empresa. Me arrumei e segui pra lá. Assim que cheguei ela estava sentada na sua mesa com uns papéis na mão.
-Alice?
-Sim, Sr.
-Eu sou seu noivo, não me chame de Sr. - falei irritado.
-Sr. Bruno, a partir do momento em que você rejeita a sua noiva grávida, não acho que seja mais o noivo dela.
-Quer dizer que acabou?
-Quer dizer que eu estou muito ocupada, tenho que trabalhar pra criar o MEU filho. - falou dando ênfase no meu. Respirei fundo e segui para minha sala. Depois de alguns minutos, fui pra sala de reunião. Alice veio logo depois e fez questão de sentar bem distante de mim. Isso vai ser difícil.

[...]

Quando a reunião acabou, percebi que o tempo tinha fechado totalmente.
-Vai chover. - falei sozinho e fui analisar uns papéis. Passei a tarde inteira alí e nem percebi que já tinha anoitecido, quando me dei conta resolvi ir pra casa.
Achei estranho ao chegar e não ver Alice. Será que ela me deixou? Corri pra o closet e suas roupas estavam lá. Thor também estava em casa.
Só me resta esperar agora.

Aprendendo A RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora