Capítulo 28 - Alice

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Estava na empresa analisando um papel quando senti aquele perfume enjoativo. Olhei pra cima e dei de cara com a Bianca.
-Bom dia, Alice. - falou.
-Bom dia, o que deseja?
-Marcar uma reunião com o Bruninho na semana que vem. - peguei a agenda dele e comecei a procurar um horário disponível. -Tem como ser na quinta de tarde? - perguntou e eu olhei para a agenda.
-Tem sim.
-Ótimo, reserve a tarde inteira. O que temos que fazer vai demorar. - me deu um sorriso e saiu. Respirei fundo e levantei. Segui para a sala de Bruno e entrei.
-Sr. Bruno? - ele olhou na minha direção confuso.
-Eu achei que fosse outra pessoa. Alice, eu sou seu namorado, não me chame de Sr. - falou sério e eu suspirei.
-Sua próxima reunião é em 5 minutos. - falei e ele concordou com a cabeça. Levantou e veio na minha direção.
-Você está linda.
-Você já disse isso hoje.
-Nunca vou cansar de dizer. - beijou meu pescoço e minhas pernas bambearam. - Esse seu cheiro é meu vício! - subiu os beijos até chegar nos meus lábios. Quando veio me beijar, eu desviei o rosto. Um beijo nunca é apenas um beijo para ele.
-Sua reunião vai começar!- sai da sala rápido. Minutos depois ele saiu com uma cara nada boa. E foi pra reunião.
Estava distraída olhando um projeto pelo computador quando Bruno voltou, estava nervoso.
-Cancele minha agenda no período da tarde.
-Sim Sr. - respondi e recebi um olhar mortal. Era força do abito chamar ele assim. - Desculpa?
-Tá.
-Deseja mais alguma coisa?
-Alex pediu pra você acompanhar a Giovana numa reunião fora da empresa, pode ir e quando voltar nós iremos embora.
-Ok. - arrumei minhas coisas e segui atrás da Giovana.

[...]

Já eram quase 17 horas quando eu cheguei na empresa de novo. Fiquei a tarde toda naquela reunião. Fui direto para a sala do Bruno. Bati três vezes e entrei quando ele permitiu.
-Oi. - falei e ele levantou a cabeça pra me observar.
-Demorou. - comentou e eu fechei a porta.
-É, um pouco.
-Como foi na reunião?
-Foi tranquilo e cansativo.
-Imagino.
-O que você fez enquanto eu estive fora?
-Fiquei na sala do Alex arrumando um projeto. Por que?
-Nada. - respondi e ele começou a tentar guardar os papéis. - Deixa que eu faço isso. - levantei e comecei a arrumar os papéis.
-Vou no banheiro rápido! - falou e eu concordei com a cabeça.
Estava organizando os papéis até que algo me chamou a atenção.
Tinha uma calcinha fio dental branca no chão. Ah, não! Peguei aquela calcinha e fiquei observando por um tempo. Ouvi os passos dele vindo na minha direção.
-Que foi, Alice?- perguntou e eu estiquei a calcinha pra ele. - Quer que eu veja se eu gosto? - perguntou com um sorriso atrevido. Respirei fundo e fechei os olhos por um momento. Quando abri ele me olhava com a testa franzida.
-De quem é isso, Bruno?- perguntei calmamente.
-Sua?
-Não, essa calcinha não é minha!
-Se não é sua, então eu não sei. Aonde achou isso?
-Jogada aqui no chão.
-Jogada aqui? - perguntou sem entender. - Impossível. - ele pegou a calcinha da minha mão e avaliou. - Tem certeza que não é sua?
-Absoluta, Bruno. Eu conheço as minhas calcinhas. - falei irritada.
-Sinceramente, eu não sei de quem é essa calcinha. - me entregou de novo e foi lavar a mão. Depois voltou a guardar uns papéis na sua pasta. As lágrimas apertaram e eu respirei fundo tomando coragem pra fazer aquela pergunta. Eu não suportaria se tivesse realmente acontecido.
-Você me traiu?- perguntei e ele parou o que estava fazendo. Me olhou e pareceu estar irritado.
-Claro que não, que insegurança que você tem.
-Bruno, sinceramente, achar uma calcinha dentro da sala do seu namorado é normal?
-Não, mas eu não sei de quem é essa calcinha. Que saco!- falou irritado. - Se é tão difícil acreditar em mim, porque está namorando comigo?
-Porque eu gosto de você!- falei e ele paralisou. Ele não aceitava muito o que eu sentia.
-Eu não mereço que você sinta nada por mim. - passou a mão pelos cabelos. - Sabe, eu deveria te deixar livre pra conhecer um cara perfeito. Aquele que te acordaria de manhã com um buquê de rosas e dissesse a cada segundo o quanto você é perfeita. Mas eu sou egoísta de mais pra isso, imaginar outro cara encostando em você me mata por dentro. Só de pensar que outro cara pode receber o seu carinho, ou ouvir aquela sua risada gostosa me destrói. Eu quero você só pra mim e não iria cometer uma loucura pra te perder. Por favor, não sou tão louco assim. - deu um sorriso fraco e suspirou. - Agora se quiser acreditar que eu te traí tudo bem, não posso fazer nada.
-Você disse que ficou na sala do Alex, né?
-Fiquei, logo depois do almoço eu fiquei lá. Pode conferir com ele, se quiser.
-Vou confiar em você.
-Fico feliz, a base de qualquer relacionamento é a confiança.
-Eu sei, mas é que...
-Eu não sou igual a ele, nem igual a sua amiga.
-Eu sei, eu sei. - me joguei na sua cadeira e abaixei a cabeça.
-Ei, olha pra mim. - pegou meu queixo e puxou pra cima. - Eu não vou fazer isso com você, Alice! Pode ter certeza! - me deu um beijo suave.
-Será que a pessoa que fez isso é a mesma que deixou aquele envelope no apartamento?
-Talvez... Eu fico me perguntando, quem está fazendo isso?
-É, eu também.
-Vamos deixar isso pra lá, que tal irmos para casa?
-Acho uma ótima ideia. - ele me deu a mão e nós saímos do prédio. Seguindo para o apartamento.
Chegamos e eu fui fazer alguma coisa pra gente comer. Depois de comermos, eu fui tomar banho. Resolvi deitar antes do Bruno, ele estava vendo jogo ainda. Eu estava com a história da calcinha na minha cabeça e não conseguia tirar.
Estava fazendo um carinho no Thor quando meu celular tocou. Era meu pai!
-Oi, pai.
-Princesinha, como você está?
-Estou bem e o senhor?
-Bem, princesa.
-E a minha mãe?
-Está bem, meu amor.
-Aconteceu alguma coisa? Você me ligando a essa hora.
-Só tive tempo agora, tem algum problema?
-Não, só fiquei preocupada mesmo.
-Não precisa. E como anda a sua vida com esse namorado?
-Estamos bem.
-Fico feliz. Quando irei conhecer ele?
-Em breve Quais são as novidades?
-Luisa me ligou esses dias.
-Pra que?
-Pra conversar, parece estar arrependida pelo o que fez.
-Na hora de dormir com ele, ela não pensou nisso.
-Foi exatamente o que falei pra ela.
-E ela?
-Só chorou. Mas depois se acalmou pelo bebê.
-Entendi.
-E você? Quando vai me dar um neto?
-Pai, ainda é cedo pra isso.
-Alice, você viu aonde está o controle?- Bruno entrou no quarto e eu fiz sinal pra ele esperar.
-Pai, só um minuto. - tirei o celular do ouvido e pensei antes de responder. - Viu se você não deixou cair embaixo do sofá?
-Não, eu vou dar uma olhada. Já venho dormir.
-Tudo bem. - botei o celular no ouvido de novo. - Pronto, pai.
-Filha, vocês vivem como marido e mulher. Acho que só falta um bebê. Quero poder curtir meu netinho. Daqui a pouco, eu vou morrer e não irei conhecer ele.
-Pai, vira essa boca pra lá. - tremi só de pensar na possibilidade de ficar sem meu pai. - Eu ainda sou nova pra isso. E você, ainda vai ter tempo pra curtir seu neto. - falei enquanto Bruno entrava no quarto. Ele me olhou nervoso e passou para o banheiro.
-Assim espero, mas agora eu vou desligar. Preciso dormir.
-Tá bom, fica com Deus. Dá um beijo na minha mãe. Te amo.
-Te amo, querida. Beijos.
-Beijos. - desliguei. Botei meu celular de lado e Bruno saiu apenas de cueca.
-O que seu pai queria?
-Matar a saudade.
-E o que ele estava falando sobre netos? - perguntou e deitou ao meu lado.
-Ele quer um neto. - falei e revirei os olhos. Peguei Thor e levei até a caminha dele. Botei ele lá e deitei ao lado do Bruno novamente.
-Você respondeu o que?
-Que ainda é cedo pra pensar nisso.
-Alice, você sabe que eu não quero filhos né?- aquilo me doeu. Eu queria formar uma família e queria formar com o Bruno.
-É, eu sei. Mas e se caso acontecesse?
-Nem brinca com isso. - falou e me encarou.
-Você deveria pensar melhor, gosta tanto de crianças. Vejo como fica com o filho dos seus amigos e o carinho que trata a Bia.
-Podemos trocar de assunto?- pediu e eu respirei pesadamente.
-Eu vou dormir. - virei para o lado contrário ao dele.
-Tudo bem. - ele ficou em silêncio por alguns minutos até que me virou. - Alice, ficou chateada?
-Não. - menti.
-Eu não quero ter filhos.
-Já entendi.
-Não por você, mas sim pelas minhas lembranças.
-Que lembranças, Bruno?
-Eu não posso contar, não agora.
-Tudo bem. - me virei para o lado novamente. Ele me puxou de novo e eu bufei. - Eu quero dormir.
-Não quero dormir brigado com você.
-Precisa confiar em mim. - falei.
-Eu confio em você, mas não to preparado pra dividir isso.
-Tudo bem.
-Alice, eu gosto de você!- era a primeira vez que ele falava isso.
-Eu sei, eu também gosto de você.
-Não quero que fique chateada comigo.
-Não estou. - fui sincera.
-Então tá. - me deu um beijo e foi aprofundando. Eu sabia que ele precisava disso para saber que tudo estava bem entre a gente. E se era isso que ele precisava, era isso que eu daria a ele.

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