Quatro meses depois
-Bruno, você não vai esquecer que a consulta é às 15:30?
-Não vou esquecer. - revirei os olhos. Era a centésima vez que ela falava isso desde que a gente saiu de casa.
-Eu sei que vai esquecer. - fungou e eu olhei na sua direção. Sabia que agora iria vir uma crise de choro. Ela estava muito sensível, qualquer coisa chorava.
-Pérola, para de chorar. - falei calmamente. Parei o carro em frente a confeitaria. Ela ainda chorava. - Amor, por favor, para de chorar. Eu não vou esquecer. - peguei sua mão e dei um beijo.
-Promete? - perguntou e eu respirei fundo.
-Prometo. - dei um beijo na sua testa. - Hoje vai ser um dia muito importante, vamos ter a certeza de que Benjamin está a caminho.
-E se for uma menina?
-Deixarei você escolher um nome, mas eu tenho certeza que é um menino.
-Como tem tanta certeza?
-Simples, eu sonhei com o nosso menininho antes mesmo de você engravidar. Ele era lindo e parecia com nós dois.
-Isso é tão lindo. - falou tentando prender o choro. As lágrimas começaram a descer e eu respirei fundo. Tem hora que eu fico cansado disso. Desci do carro e dei a volta pra abrir pra ela. Abri a porta e a ajudei a descer.
-Você fica tão sexy com esse terno. - falou e eu ri.
-É mesmo? - segurei na sua cintura que agora estava maior. - E você fica sexy o tempo inteiro. - beijei seu pescoço e senti seu corpo arrepiar.
-Bruno, estamos no meio da rua. - sussurrou.
-Eu sei. - dei um beijo meio desesperado nela. - Te vejo às 15:30 na consulta. - falei enquanto ela caminhava em direção a confeitaria.
-Tchau. - me deu um sorriso e entrou.
Entrei no carro novamente e segui para empresa perdido em pensamentos.
Alice estava bem grandinha para o quinto mês de gestação, mas conseguia ficar ainda mais linda. Os três primeiros meses foram difíceis, eu tinha medo dela sair de casa e acontecer alguma coisa como da outra vez. Deus! Não quero nem pensar em uma coisa dessa, se algo acontecer com eles, eu não vou suportar.
Cheguei na empresa e fui para minha sala. Quando entrei e vi minha mesa cheia de papéis, minha vontade foi de voltar correndo para casa. Mas entrei e me afundei em papéis.[...]
Estava numa reunião e toda hora olhava no relógio, ela estava longe de terminar e eu ia sair antes que acabasse. Tinha que estar na consulta ou Alice iria me matar. Peguei meu celular e mandei uma mensagem para Alex.
"Preciso ir. Consulta da Alice."
"Ok, mande beijos para ela."Saí rápido da sala e fui em direção ao consultório. Cheguei cinco minutos antes do horário e quando entrei fiquei assustado. Alice estava chorando e uma mulher a consolava.
-Amor, o que aconteceu? - abaixei na sua frente e ela se acalmou.
-Você não tinha chegado ainda. - falou entre as lágrimas. Dei um sorriso.
-Alice, eu disse que viria.
-Mas eu achei que você ia esquecer.
-Alice Mendes. - uma moça a chamou e nós a seguimos. Terminando aquele assunto.
A Dra. fez várias perguntas e eu fiquei em silêncio. Ainda estava pensando na crise de choro de Alice, isso não é normal.
-Alguma pergunta? - a Dra perguntou.
-Eu tenho. - falei e elas me olharam. - É normal as constantes crises de choro que a minha esposa vem tendo?
-Isso é normal, ela está com os hormônios alterados.
-Isso fica até o final da gestação?
-Sim. - eu olhei para ela assustado. Ainda tenho quatro meses de choro pela frente.
-Isso te atrapalha? - Alice perguntou.
-Não, mas é que às vezes os motivos são tão bobos que eu não vejo necessidade de chororô. - falei como se fosse óbvio e me arrependi no momento em que olhei para Alice, ela estava com os olhos cheios de lágrimas novamente.
-Eu sou uma dramática! - colocou o rosto entre as mãos e começou a chorar. Eu olhei para Dra. e ela deu de ombros.
-Alice, não falei por mal. Me desculpa? - beijei seu rosto e ela me olhou limpando as lágrimas.
-Que tal agora nós vermos o bebê? - a Dra. perguntou.
-Seria uma ótima ideia. - respondi.
-Alice, coloque aquela roupinha que você já sabe. - Alice levantou e foi para uma sala.
-Sr. Bruno, a sua esposa está sensível. Qualquer coisa pode fazer ela chorar, como já percebeu. Isso é normal, e o Sr. vai ter que ser compreensível com ela.
-Dra., eu estou tentando.
-Eu sei que é difícil, mas você consegue. E no final, valerá a pena.
-Tudo bem.
-Estou pronta. - Alice apareceu e nós seguimos para a sala de ultrassom.
Enquanto a Dra. passava o gel na barriga da minha pérola, eu acariciava sua mão e seu rosto. O coração do meu bebê inundou a sala e vi lágrimas desceram do rosto da Alice. Eu segurei as minhas, porque toda vez que ouvia tinha vontade de chorar. Era uma vida, e pela primeira vez na minha vida tinha feito algo bom.
-O neném está em uma ótima posição. Vamos ver o sexo dele agora. - ficou em silêncio por alguns minutos. - É um menino, parabéns.
-Eu sabia. - olhei para Alice e dei um sorriso. - Meu Benjamin está a caminho.
-Nosso. - me corrigiu e eu revirei os olhos.
-Eu já volto. - a Dra. saiu e eu beijei Alice.
-Obrigado. - ela me deu um beijo intenso e sorriu logo depois. - Agora vamos para casa comemorar.
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Aprendendo A Recomeçar
Любовные романыComo todo mundo, eu tenho um passado. E como poucos, ele era triste e doloroso! Eu era sócio e melhor amigo do Alex, sempre resolvemos tudo junto. Até que um dia, Alex contratou uma secretária que me abalaria de uma forma que eu nunca vi. Fisicamen...