Capítulo 15 - Bruno

10.9K 876 17
                                    

Buzinei em frente a sua casa exatamente às 19 horas. Espero que ela esteja pronta e que goste da surpresa. Minutos depois ela desceu com um vestido preto com uma fenda em um dos lados que ia até a sua coxa, seu cabelo preso em um coque mal feito e ela estava sem maquiagem e conseguia ficar mais linda ainda.
-Está linda, Alice!- falei e ela me olhou sem graça.
-Obrigada, Sr. Bruno. Você também está.
-Obrigado, mas não me chame de Sr.
-Tudo bem, Bruno. - suspirei. - Fora da empresa eu não vou te chamar de Sr.
-Ótimo, já é um grande começo. - dei partida com o carro e segui para o local. Fizemos a viagem em silêncio e aquilo não me incomodava. Por incrível que pareça, aquilo estava me deixando bem.
-Chegamos!- falei estacionando o carro.
-O que nós vamos fazer? - perguntou curiosa.
-Surpresa. - sai do carro e abri a porta pra ela descer. - Pedi para montarem um lugar bem legal pra gente poder jantar e se conhecer melhor.
-Ok. Onde? - olhou em volta e eu tirei a gravata do meu bolso.
-Preciso vendar os seus olhos.
-Nem pense em fazer isso.
-Anda, não estraga a surpresa. - ela bufou e virou. Vendei seus olhos e a ajudei chegar no local planejado.
-Agora sim, chegamos mesmo.
-Tenho até medo de saber aonde estou. - falou e eu ri. - Posso tirar essa gravata dos meus olhos?
-Pode. - respondi e ela tirou. Vi seus olhos brilharem. - Gostou?
-Se eu gostei? Eu adorei. - deu um sorriso. O local era lindo, era na praia.
-Mas se é só pra gente, pra que tanta almofada?- eu ri com a pergunta. Pedi pra colocarem várias almofadas em volta da mesa.
-Pra gente ficar bem a vontade.
-Entendi.
-Vem, vamos sentar. - nos acomodamos um de cada lado.
-Eu escolhi o que nós íamos comer, espero que não se importe. O garçom vai trazer daqui a pouco.
-Tudo bem, mas da onde vai vir a comida? - perguntou curiosa.
-Tá vendo aquela casa no mar? - apontei para o local.
-Sim.
-Lá é um restaurante, eu sou um cliente antigo e queria que tivéssemos um pouco mais de privacidade. Conversei com o dono e pedi pra ele organizar algo especial e ele fez.
-Nossa! Eu adorei! - eu dei um sorriso e respirei fundo.
-Então, me conte sobre você. - pedi e ela respirou fundo antes de começar.
-Meu nome é Alice Castro, tenho 25 anos. Meus pais moram em Santa Catarina, num chalé. Eu cresci e fui criada lá.
-Seus pais fazem o quê? Conte sobre eles. - pedi e vi seus olhos perderem um pouco a cor.
-Meu pai é dono de uma lanchonete e minha mãe fica em casa.
-O nome deles?
-Ricardo e Vera.
-Legal. Você não gosta de falar deles?
-Não é isso, deixa pra lá. Me conte sobre você.
-Sou Bruno Mendes, tenho 30 anos. Sou filho único. Meus pais moram no Rio e só.
-Me fale sobre os seus pais também.
-Meu pai se chama Nelson, ele é dentista. Minha mãe se chama Grace, ela é professora numa faculdade.
-Que legal.
-É sim.
-Vocês são grudados então?
-Não, eu me afastei da minha família há um tempo. A única família que eu tenho agora são os meus amigos.
-Sua família é grande então. - me deu um sorriso.
-Só meus amigos, e os filhos deles. Mas das crianças eu sou mais ligado na Bia, afinal, ela é minha afilhada.
-Uhum. Eu vi algumas fotos dela na sua sala.
-Ela é incrível. - dei um sorriso ao lembrar da minha ursinha. Eu amava aquela menina como se fosse minha. Ela vai ser a filha que eu nunca vou ter.
-Parece ser sim. - me deu um sorriso, mas ele morreu alguns segundos depois. Um garçom chegou com a nossa refeição e nos serviu. Fizemos a refeição em silêncio. Ela parecia estar nervosa.
-O que você tem, Alice?
-Nada. - suspirou e me olhou. Aqueles olhos tinham uma intensidade que eu nunca tinha visto. Eu me perdia naquele olhar. - O que foi?
-Você tem um olhar muito intenso. - respondi meio perdido. Eu estava estranho, estava sentindo algo forte no peito. Será que eu estou morrendo? Ou é... Prefiro nem terminar a frase.
-Bruno, o que você quer com isso tudo?
-Não sei, estou confuso.
-Eu também estou. Você me trata mal e de uma hora pra outra resolve que vai me tratar bem. O que você quer com isso?
-Eu tenho pensado muito em você. - soltei e ela me encarou com os olhos arregalados.
-O que foi que disse?
-Eu penso em você todos os dias. Do momento em que eu acordo até a hora em que vou dormir. E às vezes, até nos meus sonhos você aparece. - passei a mão por meus cabelos. - Nem na hora que eu estou com outra, você some da minha cabeça. - acrescentei
-Isso é muito confuso! - falou abaixando a cabeça.
-Eu sei e pode acreditar eu estou mais confuso que você.
-O que você quer de mim, Bruno?
-Você. - respondi.
-Eu não sou um brinquedo que você pode pegar e brincar quando quiser.
-Porra, eu sei que não é. Você é uma mulher linda e que me deixa totalmente... - procurei a palavra certa pra usar nesse momento. - Perdido.
-Eu quero ir embora!- falou e eu fiquei sem entender.
-Eu vou te levar em casa então. - levantei irritado e ela veio atrás.
Fizemos a viagem inteira em silêncio e aquilo estava me deixando irritado dessa vez. Porra! Eu tentei fazer isso ser diferente e ela mesmo estava estragando tudo. Parei o carro em frente ao seu prédio e olhei pra frente, não queria olhar nos olhos dela.
-Eu não quero ser mais uma na lista interminável de mulheres de alguém, quero ser a única na vida dessa pessoa. - falou e eu olhei pra ela. Será que eu era capaz de ficar com uma mulher só? Depois de tudo o que me aconteceu, ficar com uma mulher só seria difícil, mas eu poderia tentar.
-Eu posso tentar. - falei.
-Não quero tentativas, imagina um dia eu chegar no escritório e te encontrar com outra? Acabaria comigo, outra traição eu não suportaria.
-Eu não faria...
-Você não sabe, você já namorou alguma vez?
-Já.
-E não deu certo, porque se não estaria com ela.
-É, não deu certo. - apoiei a cabeça no volante triste ao lembrar da Laura.
-E você acha que daria certo comigo? Sinceramente, eu não acho que faça o estilo das mulheres que você sai.
-Eu quero tentar com você. E não se menospreze, você tem algo que elas não tem.
-O quê?
-Você tem conteúdo, as mulheres com quem eu saio são fúteis. - falei e ela me deu um sorriso de lado.
-Obrigada. - dei um sorriso pra ela.
-Agora, você aceita tentar?- perguntei e ela suspirou.
-Não sei.
-Pensa e me dê uma resposta amanhã.
-Ok. - falou e abriu a porta do carro. Desci e fui ao seu encontro.
-Espero que a resposta seja sim. - passei a mão no seu queixo.
-Uhum. Obrigada pela noite, foi... - parou de falar e me olhou nos olhos. Toda vez que ela me olhava dessa forma eu quase morria. Parecia querer me dizer tanta coisa e me escondia por medo. - Legal. - completou e eu sorri.
-Foi legal sim. - ela me deu um sorriso e fez menção de ir embora, mas eu a puxei e segurei perto do meu corpo. Olhei fixamente nos seus olhos e a beijei, um beijo calmo e parecia repleto de sentimentos. Quando nos separamos ela me deu um sorriso e se soltou.
-Boa noite, Bruno.
-Boa noite, Alice. - foi em direção ao seu apartamento. Eu entrei no carro de novo e segui pra minha casa.
Eu estava confuso e com medo de tudo isso. Mas vamos ver aonde isso vai dar.

Aprendendo A RecomeçarOnde histórias criam vida. Descubra agora