Capítulo 34 - Alice

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Entrei em casa e meu pai estava encostado na bancada e parecia triste. Resolvi sentar ao seu lado.
-Algum problema, pai?- ele me olhou e negou com a cabeça. - Olha o meu bebê! - mostrei Thor pra ele e vi seus olhos brilharem.
-Ele é uma graçinha. - vi um machucado no braço do meu pai.
-O que foi isso?- perguntei preocupada.
-Nada.
-Fala a verdade.
-Sua mãe estava um pouco agressiva hoje e machucou sem querer.
-Isso acontece com frequência?
-Às vezes. - suspirou. - Quem era a pessoa do carro?
-Bruno.
-Vocês voltaram?
-Não sei. Estou confusa.
-Você o ama?
-Mais do que você possa imaginar.
-Então não desperdice a chance de ser feliz com ele.
-Ele quer conhecer vocês, vai vir aqui amanhã.
-Tudo bem. Querida, vamos almoçar no lago amanhã?
-Vamos, vai ser legal. - respondi. - Agora deixa eu fazer um curativo no seu braço! - levantei e peguei a caixinha de primeiros socorros. Voltei e meu pai continuava no mesmo lugar brincando com Thor.
-Alice, não precisa.
-Claro que precisa. - fiz um curativo nele rapidinho e depois ficamos conversando por um tempo.
-Vou dormir, o dia hoje foi intenso. - dei um beijo na sua testa e peguei o Thor. Levei ele para o meu quarto e depois de ter tomado banho, deitei pra dormir. Thor deitou ao meu lado e apoiou a cabeça na minha barriga. Fiquei fazendo carinho na sua cabecinha e pensando na loucura de Bruno.
Casar? Isso era tudo o que eu queria, ainda mais com o Bruno, mas ele estava só com medo de perder a cópia da Laura. E se um dia ele se cansasse de mim? E se ele me traísse? Eu preferia nem pensar nisso. Eu gosto tanto dele, mas sei que ele nunca vai querer formar uma família comigo, ele não quer filhos e isso é algo que eu quero. Sempre quis formar uma família. Só de imaginar eu, Bruno, Thor e um menino igual ao Bruno correndo, me deixa com um coração transbordando alegria.
Melhor eu dormir agora. Não posso ficar sonhando com uma coisa que talvez nunca aconteça.

[...]

Estava sentada no banquinho da mesa com o papai do outro lado. Estávamos almoçando e senti ele triste.
-O que foi?
-Eu sinto que sua mãe vai nos deixar. - falou e eu engoli em seco. Aquilo era muito triste.
-Claro que não.
-Filha, eu não queria ser negativo. Mas é o que eu sinto.
-Vamos mudar de assunto? Falar disso me dói, ela é minha mãe.
-E o amor da minha vida. - suspirou. -Você acha que não me dói, Alice? Mas eu vejo o quanto ela sofre e quanto o nós sofremos. Não é justo com a gente.
-Eu sei. - falei triste. - Ela lembra de mim?
-Raramente, mas sempre fala daquela caixa que ela começou a escrever assim que descobriu a doença?
-O que tem naquela caixa?
-Ela escreveu bilhetes, frases. Disse que iria te ajudar quando precisasse dela.
-Ela falou pra ler quando sentisse saudade.
-Sua mãe sempre amou muito você, quando descobrimos que você estava vindo, eu enlouqueci de felicidade. E sua mãe? Ela comemorou a cada segundo. Acredita que na hora do parto, sua mãe estava sorrindo?
-Sério?
-Sim, eu estava nervoso demais e sua mãe sorria. O tempo inteiro.
-Vocês foram felizes?
-Sim, fomos muito felizes. Assim como você vai ser com o seu grande amor, princesa.
-Eu espero que sim.
-Ele gosta muito de você.
-Como sabe?
-Se ele realmente não gostasse, não teria vindo até aqui apenas pra pedir desculpa.
-É, ele não largaria a vida dele e a empresa pra lá por nada. - olhei para o lago.
-Não pense muito, sua felicidade pode estar batendo a porta e você não quer atender por medo ou insegurança.
-Eu o amo tanto. Ele é a pessoa que meu coração escolheu pra formar uma família, mas eu tenho muito medo.
-Medo de que?
-De não ser o suficiente pra ele.
-Ele vai ser um burro se não te achar suficiente.
-Mas...
-Se eu fosse você...
-Faria o que?
-Me acertaria com esse rapaz, voltaria pra casa e tentaria mais uma vez. Se não der certo, você volta e fica de vez.
-Obrigada.
-Estou aqui pra isso, converse com ele e seja feliz. - ele levantou e foi em direção ao chalé.
-Seu pai é um homem sábio. - Bruno falou me assustando. Olhei pra trás e vi ele andar na minha direção.
-Está aqui a quanto tempo?
-Tempo suficiente.
-É feio ficar ouvindo conversa das outras pessoas. - ele soltou uma risada e sentou ao meu lado.
-É feio deixar o amor da sua vida esperando uma resposta.
-Resposta de que?
-Sobre o meu pedido de ontem.
-Bruno, eu não sei.
-Você me ama?
-Muito.
-Eu te amo muito também, nós temos uma vida de casado no Rio. Por que não oficializar isso?
-Por medo de...
-Não ser suficiente. - completou a minha frase. - Eu não sou o Tadeu e nem muito menos a Luisa, eu não vou te trair. E acho difícil não achar você o suficiente pra mim, quando eu acho que você é muito pra mim.
-Você tá sendo romântico?
-Acho que sim. - ele coçou a cabeça e eu ri. - Tá funcionando?
-Sim.
-Eu quero você como a Sra. Mendes.
-Você acha que combina comigo?
-Acho que foi feito especialmente pra você. - ele alisou meu rosto e deu um beijo na minha testa. - E sobre formar uma família, eu..
-Sei que não quer filhos, Bruno.
-Por enquanto não, você é nova também. Temos que nos conhecer melhor, curtir muito um ao outro. E daqui a alguns anos, podemos ter um filho, se assim quiser. - ele falou e eu fiquei surpresa.
-Sério?
-Sim, eu estou colocando meu mundo aos seus pés. Se você quer ter um filho, no futuro, eu te dou esse filho. Se quer morar em outra casa, eu te dou outra casa. Se quer outro carro, eu te dou outro carro. Me peça qualquer coisa, e eu te darei com todo o amor do mundo. Mas não fica longe de mim, eu passei um inferno esses quatro dias longe de você.
-Sim. - falei simplesmente.
-Sim o quê?- perguntou confuso.
-Eu aceito casar com você, e eu não quero nada se eu tiver você perto de mim. - ele estava sério, mas aos poucos foi abrindo um sorriso e me abraçou.
-Eu te amo muito, princesa Alice. - me deu um beijo intenso e eu começei a aprofundar. - Calma! - parou o beijo. - Quero falar com os seus pais, mas antes quero te dar isso. Ele tirou uma caixinha de veludo do bolso e abriu. Foi quando eu vi o anel mais perfeito do mundo.
-Você gostou?
-Amei. - dei um beijo nele e depois ele colocou o anel.
-Vamos conhecer os sogros agora!- levantou e nós seguimos para casa do meu pai.

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